O Banco Central quer conhecer quais são os conhecimentos e hábitos financeiros dos brasileiros e conduzirá uma pesquisa nacional sobre o tema, inclusive em Belo Horizonte. Pesquisadores do Instituto CP2 Consultoria Pesquisa e Planejamento, que conduzirão o questionário, baterão às portas de cerca de 2.000 brasileiros de 16 a 79 de idade, entre fevereiro e março deste ano, com uma série de perguntas sobre temas como bem-estar com as finanças e letramento financeiro digital, importantes para definir políticas de educação financeira nos próximos anos. O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) é patrocinador da pesquisa.  

A pesquisa será aplicada entre os dias 28 de fevereiro e 27 de março, e a expectativa é que os resultados sejam divulgados no próximo ano (2024). Coordenadora de pesquisas do do Instituto CP2 Consultoria Pesquisa e Planejamento, Audrey Dias explica a relevância do levantamento para as políticas públicas no Brasil.

“O Banco Central quer que todos tenham uma vida financeira saudável. Para isso, a pessoa precisa compreender como a economia funciona e o que significam juros, por exemplo. A ideia da pesquisa é indicar ao Banco do Brasil, e para quem for fazer política pública, o que precisa ser feito, em termos de cursos e outras políticas para ajudar o cidadão brasileiro a compreender o universo que o rodeia”, detalha. 

A pesquisa terá perguntas sobre conhecimentos básicos de conceitos econômicos e sobre como a pessoa lida com suas finanças, por exemplo. “Ela é bem abrangente. Quer saber como o brasileiro trata o dinheiro, avaliar o nível de planejamento financeiro da população, se o brasileiro tem alguma rede de segurança, resiliência financeira, se consegue gerenciar seu orçamento e mensurar os produtos financeiros que ele conhece. A gente acha que todo mundo conhece tudo, mas há pessoas que não sabem o que é Bitcoin, por exemplo”, completa Audrey Dias, da CP2. 

A avaliação é baseada em uma ferramenta de pesquisa desenvolvida pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e utilizada desde 2010 ao redor do mundo. Os resultados permitirão comparar a realidade brasileira à de outros países, segundo o Banco Central. No Brasil, uma edição da pesquisa chegou a ser publicada em 2015. A edição atual é uma parceria com o Fundo Garantidor de Créditos (FGC). 

Com os dados em mãos, a Rede Internacional de Educação Financeira (Infe), da OCDE, avalia os resultados de todos os países participantes e, dessa forma, é possível comparar os resultados nacionais com os de outros países ao redor do mundo.

“A pesquisa é importante para entendermos o nível de letramento financeiro dos brasileiros e identificarmos suas necessidades. Pretendemos captar como o brasileiro lida com o seu dinheiro no dia a dia,  como se planeja para a aposentadoria, como forma poupança, quais são os produtos e serviços financeiros mais utilizados, se há importante utilização de linhas de crédito caros, com juros elevados, por exemplo”, afirma o Banco Central por meio de nota.

Segundo a autarquia, “num país tão extenso e diverso como o Brasil, torna-se ainda mais desafiadora a missão de levar a educação financeira para a população”. Atualmente, a autoridade monetária tem algumas ações importantes em andamento na dimensão Educação de sua agenda estratégica - chamada de Agenda BC#. É o caso do programa Aprender Valor, focado em estudantes, professores e gestores do Ensino Fundamental da rede pública. 

“Os resultados da pesquisa nos permitirão tanto aprimorar programas em andamento, quanto planejar novas iniciativas, focadas em segmentos específicos da população. Também fornecerão insumos para que outras instituições possam elaborar ações e políticas públicas focadas na educação financeira dos brasileiros”, explica o Banco Central.

Como identificar os pesquisadores 
A pesquisa é realizada presencialmente e os pesquisadores circulam pelas ruas inclusive aos finais de semana, geralmente das 7h às 19h. Eles utilizarão colete ou crachá com a identificação da CP2 e seus dados poderão ser conferidos em contato com a empresa. As informações são sigilosas e a escolha dos endereços visitados é decidida no sistema do levantamento.