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“O MAP corre o sério risco de ficar na mesma situação do Iate Tênis Clube, sem solução, quando, na verdade, houve compromisso da PBH com a Unesco para a restauração. Soltaram muitos fogos de artifício, mas sem efeito”, afirma especialista em patrimônio cultural ouvido pelo Estado de Minas, a respeito do clube particular também integrante do Conjunto Moderno. Só para lembrar, o Iate foi alvo de ação ajuizada pelo Ministério Público para demolição de um anexo considerado “corpo estranho” ao projeto do arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), da década de 1940. No caso específico do MAP não houve compromisso firmado, mas divulgada a proposta para restaurar.
Na época do fechamento foram alegados “problemas hidráulicos e elétricos”. Para o setor cultural, o MAP fechado, com a previsão de dois anos de obras, é estarrecedor. A artista plástica e galerista Beatriz Abi-Acl vê perda generalizada, já que é o único museu de arte moderna de BH. “O acervo é riquíssimo, pois muitos salões foram realizados lá. Eu mesma participei de vários”, afirma Beatriz, cobrando esclarecimento do poder público.
A artista plástica Yara Tupynambá diz que o fechamento amplia a discussão sobre a área cultural na cidade: “Precisamos lembrar quantos espaços perdemos nos últimos anos. E o MAP é reflexo da falta de políticas governamentais nas esferas federal, estadual e municipal”. Preparando-se para inaugurar exposição na Funarte – em 2 de abril, com 54 quadros sobre meio ambiente –, Yara acrescenta que há prejuízos para todos os públicos. “É fundamental haver um processo educativo incluindo o museu, dono de acervo ótimo, para que alunos e professores possam ter acesso às obras de arte.”
Em nota, a PBH, via Secretaria Municipal de Cultura e da FMC, informa que o MAP se encontra em fase de desmobilização para obras de restauro. O prazo de execução estimado é de dois anos, com previsão de abertura de licitação neste primeiro semestre. “O projeto e a planilha da obra estão sendo revistos, para licitação, pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap)”.
A nota diz ainda que, durante a obra, o museu continuará em atividade “ocupando outros equipamentos culturais e espaços da cidade”, sendo realizada exposição com o acervo artístico (do museu) e atividades educativas ao longo do ano.
Impossível não admirar o prédio do Museu de Arte da Pampulha, construído na década de 1940, e de onde se tem bela vista da lagoa e das construções reconhecidas, em 17 de julho de 2016, como Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Tem jardins projetados por Burle Marx (1909-1994), com conjunto arquitetônico projetado por Oscar Niemeyer (1907-2012).
Casa de jogos
Palco de história com um legado precioso dos anos dourados, o prédio do MAP funcionou como cassino de 1944 a 1946, quando o presidente Eurico Gaspar Dutra (1883-1974) proibiu a prática do jogo no país. Onze anos depois, foi reaberto como Museu de Arte, na administração do prefeito Celso Mello Azevedo (1915-2004). Apelidado de Palácio de Cristal, o museu teve projeto de restauro aprovado em 2014 pelo Iphan, Iepha-MG e Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de BH.
O antigo cassino, hoje Museu de Arte, ancorava todo o Conjunto Moderno da Pampulha, por ser o equipamento responsável pela atração do grande número de visitantes desejado pelo então prefeito de BH, Juscelino Kubitschek (1902-1976), na época do lançamento do projeto, em 1940. O edifício apresentava os princípios da arquitetura moderna formulados pelo franco-suíço Le Corbusier (1887-1965).
Segundo especialistas, a estrutura em concreto e a opção pelos planos envidraçados proporcionam a alta integração visual entre interior e exterior, um dos mais importantes pilares da arquitetura moderna, presente em todas as edificações do conjunto.
O prédio tem paredes revestidas de ônix e colunas cobertas de aço inoxidável, inovação para a época, além de espelhos de cristal belga. A esse volume se associa o corpo curvilíneo que abriga a pista de jogos e a boate. A solução invoca um efeito cênico comum à arquitetura barroca mineira.
Com acervo de 1,4 mil obras em reserva técnica, o MAP tem auditório com capacidade para 170 pessoas. Fazendo a caminhada matinal pela orla da Pampulha, uma mulher mostrou que está cansada de esperar, mudando um verso de O tempo não para, do compositor Cazuza (1958-1990). “Parece um 'museu sem grandes novidades, pois a 'grande novidade' nunca chega, que é o começo da obra. Aí a gente pergunta: “Por que parou? Parou por quê?”
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“O MAP corre o sério risco de ficar na mesma situação do Iate Tênis Clube, sem solução, quando, na verdade, houve compromisso da PBH com a Unesco para a restauração. Soltaram muitos fogos de artifício, mas sem efeito”, afirma especialista em patrimônio cultural ouvido pelo Estado de Minas, a respeito do clube particular também integrante do Conjunto Moderno. Só para lembrar, o Iate foi alvo de ação ajuizada pelo Ministério Público para demolição de um anexo considerado “corpo estranho” ao projeto do arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), da década de 1940. No caso específico do MAP não houve compromisso firmado, mas divulgada a proposta para restaurar.
Na época do fechamento foram alegados “problemas hidráulicos e elétricos”. Para o setor cultural, o MAP fechado, com a previsão de dois anos de obras, é estarrecedor. A artista plástica e galerista Beatriz Abi-Acl vê perda generalizada, já que é o único museu de arte moderna de BH. “O acervo é riquíssimo, pois muitos salões foram realizados lá. Eu mesma participei de vários”, afirma Beatriz, cobrando esclarecimento do poder público.
A artista plástica Yara Tupynambá diz que o fechamento amplia a discussão sobre a área cultural na cidade: “Precisamos lembrar quantos espaços perdemos nos últimos anos. E o MAP é reflexo da falta de políticas governamentais nas esferas federal, estadual e municipal”. Preparando-se para inaugurar exposição na Funarte – em 2 de abril, com 54 quadros sobre meio ambiente –, Yara acrescenta que há prejuízos para todos os públicos. “É fundamental haver um processo educativo incluindo o museu, dono de acervo ótimo, para que alunos e professores possam ter acesso às obras de arte.”
Em nota, a PBH, via Secretaria Municipal de Cultura e da FMC, informa que o MAP se encontra em fase de desmobilização para obras de restauro. O prazo de execução estimado é de dois anos, com previsão de abertura de licitação neste primeiro semestre. “O projeto e a planilha da obra estão sendo revistos, para licitação, pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap)”.
A nota diz ainda que, durante a obra, o museu continuará em atividade “ocupando outros equipamentos culturais e espaços da cidade”, sendo realizada exposição com o acervo artístico (do museu) e atividades educativas ao longo do ano.
Impossível não admirar o prédio do Museu de Arte da Pampulha, construído na década de 1940, e de onde se tem bela vista da lagoa e das construções reconhecidas, em 17 de julho de 2016, como Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Tem jardins projetados por Burle Marx (1909-1994), com conjunto arquitetônico projetado por Oscar Niemeyer (1907-2012).
Casa de jogos
Palco de história com um legado precioso dos anos dourados, o prédio do MAP funcionou como cassino de 1944 a 1946, quando o presidente Eurico Gaspar Dutra (1883-1974) proibiu a prática do jogo no país. Onze anos depois, foi reaberto como Museu de Arte, na administração do prefeito Celso Mello Azevedo (1915-2004). Apelidado de Palácio de Cristal, o museu teve projeto de restauro aprovado em 2014 pelo Iphan, Iepha-MG e Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de BH.
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O prédio tem paredes revestidas de ônix e colunas cobertas de aço inoxidável, inovação para a época, além de espelhos de cristal belga. A esse volume se associa o corpo curvilíneo que abriga a pista de jogos e a boate. A solução invoca um efeito cênico comum à arquitetura barroca mineira.
Com acervo de 1,4 mil obras em reserva técnica, o MAP tem auditório com capacidade para 170 pessoas. Fazendo a caminhada matinal pela orla da Pampulha, uma mulher mostrou que está cansada de esperar, mudando um verso de O tempo não para, do compositor Cazuza (1958-1990). “Parece um 'museu sem grandes novidades, pois a 'grande novidade' nunca chega, que é o começo da obra. Aí a gente pergunta: “Por que parou? Parou por quê?”