Andrea Beltrão define a sua personagem em “Verlust” como uma “mulher-trator”. Logo no início do filme, que está sendo lançado nas salas de cinemas já reabertas, acompanhamos uma empresária musical que, aparentemente, tem o controle de tudo ao redor, da casa à carreira da cantora Lenny, vivida por Marina Lima. A chegada de um estranho, porém, parece desencadear um lento processo de erosão.

“O texto já indicava muito quem ela era e o Esmir (Filho, diretor) sabia bastante o que queria. Eu entendi a Frederica, sei mais ou menos o que opera ali dentro. É muito comum a gente dizer que a personagem tem características semelhantes às nossas, mas isso é um pouco vago. Todas elas são pessoas e vamos sempre nos parecer em alguma coisa. O fato de ela ser controladora, nós trazemos isso, mais ou menos”, analisa a atriz.


Baseado em livro de Ismael Cannepelle, “Verlust” tem um estilo muito particular, extravagante para alguns e afetado para outros, nunca deixando o espectador confortável na cadeira. “Foi muito provocante poder fazer um filme com tempos estranhos, com muita suspensão nas ações e nos diálogos. Eu gosto muito deste tipo de cinema”, registra Andrea.

Para ela, “Verlust” trata de personalidades fortes, que assumiram um papel dentro do jogo de aparências da sociedade. “Não é uma questão de julgamentos de valores. No fim das contas, a Frederica consegue se reinventar. Se fosse possível a gente se reinventar dentro daquilo que não gostamos em nós, não importaria o tipo de família. A capacidade de transformação diante do outro, reconhecendo o desejo do outro, é muito bonito”, destaca.

Andrea pode ganhar um prêmio de melhor atriz no Emmy Internacional, que acontecerá no dia 23, em Nova York. Ela concorre por seu papel como a apresentadora Hebe Camargo na série “Hebe”, da Rede Globo. “É uma honra, uma nomeação importante, estando ao lado de Glenda Jackson e de outras atrizes imensas. Mas tento deixar a bola no chão, com cada uma de nós tendo 25% de chances”.

Nas próxima semanas, ela volta a gravar participação na novela “Um Lugar ao Sol”, de Lícia Manzo, interrompida devido à pandemia. E garante não ter nenhum receio. “Está sendo tudo feito de uma maneira transparente e rigorosa. Na verdade, estou louca para começar a trabalhar”, assinala.