No início da quarentena, uma das preocupações de quem estava em isolamento social por causa do novo coronavírus era de que a nova rotina e a ansiedade resultassem em ganho de peso.

Mas um levantamento feito por um grupo de pesquisadores das áreas de endocrinologia, psicologia e patologia apontou que seis em cada dez brasileiros conseguiram manter o peso, mesmo com o aumento, de um modo geral, do consumo de pães e massas no período.Continua depois da publicidade


Manter hábitos alimentares saudáveis e praticar atividade física estão entre os segredos de quem está vivendo o período sem engordar nem emagrecer.

O levantamento foi feito por meio de um questionário online, que foi respondido por 1.470 pessoas e levou em consideração o Índice de Massa Corporal (IMC), tempo de isolamento e alimentação durante a quarentena. Ele também apontou que hábitos como prática de atividades físicas e consumo de álcool tiveram impacto na variação de peso da população.

Quase metade dos entrevistados (48,1%) afirmou sentir mais vontade de comer, mesmo quando não está com fome, mas 44% afirmaram que não mudaram os hábitos alimentares. Segundo a pesquisa, 23% dos entrevistados ganharam peso e 17% relataram que emagreceram. A variação de peso é considerada quando é superior a um quilo.

"Tem piada o tempo todo nas redes sociais sobre aumento de peso durante a pandemia. Preparamos esse formulário e 60% das pessoas não tiveram variação de peso", explica a endocrinologista Rosita Fontes, que é membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem) e uma das integrantes da equipe que fez o estudo.

De acordo com o levantamento, o ganho médio de peso foi de 2,8 kg, mas as pessoas engordaram entre 1,1 kg e 12 kg, este último número foi registrado entre participantes que estavam isolados há mais de 45 dias. Na outra ponta, a perda média de peso ficou em 2,6 kg. Os entrevistados informaram que perderam entre 1,1 kg e 8 kg - neste caso, entre isolados há mais de 30 dias.

Coronavírus

A preocupação dos pesquisadores em relação às variações de peso, principalmente no caso de engordar, diz respeito à relação entre obesidade e o novo coronavírus. Por causar um processo inflamatório, a obesidade dificulta a resposta imunológica do paciente ao vírus. "Alguns casos de jovens com casos graves de COVID-19 têm sido em obesos", diz Rosita. No Brasil, quase 20% da população é considerada obesa e mais da metade dos brasileiros está acima do peso.

A assistente de pessoal Daiane Meline Souza Gonçalves, de 34 anos, se encaixa no grupo dos que tiveram menos de 15 dias de isolamento e que só sai para atividades essenciais, como o trabalho e supermercado. Na pesquisa, esse perfil corresponde a 9% e 62,1% dos entrevistados, respectivamente.

Apesar da tensão do período, ela mantém a alimentação equilibrada. "Eu como tudo regrado. Normalmente, mantenho a alimentação saudável. No final de semana, me dou ao luxo de pedir pizza, hambúrguer, mas minha alimentação não mudou muito." A organização ajuda no processo. "Faço a comida da minha filha de 1 ano e 7 meses para congelar e já separo uma parte para mim."