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Em menos de seis meses, o Brasil atingiu a marca de 100 mil mortos por coronavírus. O país contabilizou neste sábado à tarde (8), um total de 100.240 mortes, segundo dados do levantamento realizado pelo "Estadão", G1, "O Globo", "Extra", "Folha" e Uol com as secretarias estaduais de Saúde. Se o país fizesse 1 minuto de silêncio em homenagem a cada vítima, teria de passar 70 dias calado. O número impressiona. É o equivalente a cair quase cinco aviões A320 lotados todos os dias, contando do primeiro óbito, em março, até este sábado. Ou à capacidade de público de um estádio e meio do Morumbi, o maior de São Paulo.
O levantamento indicou 538 novos registros de mortes nas últimas 24 horas. O número de casos registrados, por sua vez, beira os 3 milhões, com 21.732 novas notificações e um total de 2.988.796 pessoas que tiveram a infecção confirmada, mas é provável haver subnotificação. Com isso, o Brasil tem hoje cerca de 6,5% dos casos mundiais e 7,2% dos mortos pela doença no mundo, embora o país abrigue apenas 2,7% da população do planeta.
Com novos casos se alastrando pelo interior, duas a cada três cidades brasileiras já perderam alguém para a Covid-19. Médicos e cientistas de diferentes regiões do País afirmam ao Estadão que, para conter o avanço da doença, é preciso que as ações tenham como base um tripé: identificação e monitoramento precoce dos casos; etiqueta respiratória e cuidados pessoais; isolamento social, ou até lockdown, principalmente nos locais com alta transmissão.
Enquanto não houver vacina ou remédio com eficácia cientificamente comprovada, os pesquisadores alertam que a única saída é tentar reduzir a propagação da Covid-19. Coautor do livro Viroses Emergentes no Brasil, o médico infectologista da Unicamp Rodrigo Angerami demonstra que, em tese, a lógica é simples. “Diminuindo a taxa de transmissão, haverá menor número de casos, menor número de casos potencialmente graves e, consequentemente, menor número absoluto de novos óbitos.”
Até o momento, o país atingiu o patamar de quase 3 milhões de diagnósticos confirmados de coronavírus. Para minimizar os riscos de contágio, o pesquisador cita a importância da proteção individual, como uso rotineiro de máscara e a higienização constante das mãos, além do distanciamento social. “É fundamental fortalecer as ações de educação em saúde destinadas à população, com informações corretas”, afirma. “As medidas de prevenção servem não apenas para proteção individual, mas para interromper cadeias de transmissão comunitária.”
Segundo Angerami, o combate à pandemia também deve focar em baixar a letalidade da doença. Esse índice varia de acordo com o Estado, chegando a 4% em São Paulo e 8% no Rio.“Para isso, é imprescindível que todo paciente seja identificado e investigado laboratorialmente de modo precoce, seja avaliado e monitorado clinicamente e, se necessário, encaminhado para serviços hospitalares.”
Plano nacional
O primeiro passo, contudo, deve ser implementar um plano nacional de enfrentamento para corrigir o que, na visão dos cientistas, seria a principal falha do Brasil até aqui: o vácuo de liderança no combate ao coronavírus. Para os especialistas, a falta de sintonia entre as ações do governo Jair Bolsonaro e as administrações municipais e estaduais é a origem de boa parte do mau resultado do País.
“Começamos bem, iniciamos a quarentena no momento certo, antes de termos muitos casos, mas tivemos um presidente da República jogando contra os Estados”, diz o professor de epidemiologia Paulo Lotufo, da Faculdade de Medicina da USP. “Em determinado momento, os governadores se sentiram pressionados e iniciaram a reabertura. Se tivéssemos feito um lockdown sério, mesmo que fosse por um período curto, de 10 ou 15 dias, teríamos tido uma redução expressiva de casos e entraríamos em outro patamar da pandemia.”
Coordenador do núcleo de epidemiologia e vigilância em saúde da Fiocruz Brasília, o médico sanitarista Claudio Maierovitch avalia que a falta de coordenação do governo federal também acabou confundindo a população. “Cinco meses depois, continuamos sem plano e sem liderança. Se tivéssemos isso, poderíamos ter bem definidas quais medidas devem ser recomendadas em cada estágio da pandemia, o que é importante se pensarmos que há situações diferentes de transmissão de acordo com a região do País.”
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O levantamento indicou 538 novos registros de mortes nas últimas 24 horas. O número de casos registrados, por sua vez, beira os 3 milhões, com 21.732 novas notificações e um total de 2.988.796 pessoas que tiveram a infecção confirmada, mas é provável haver subnotificação. Com isso, o Brasil tem hoje cerca de 6,5% dos casos mundiais e 7,2% dos mortos pela doença no mundo, embora o país abrigue apenas 2,7% da população do planeta.
Com novos casos se alastrando pelo interior, duas a cada três cidades brasileiras já perderam alguém para a Covid-19. Médicos e cientistas de diferentes regiões do País afirmam ao Estadão que, para conter o avanço da doença, é preciso que as ações tenham como base um tripé: identificação e monitoramento precoce dos casos; etiqueta respiratória e cuidados pessoais; isolamento social, ou até lockdown, principalmente nos locais com alta transmissão.
Enquanto não houver vacina ou remédio com eficácia cientificamente comprovada, os pesquisadores alertam que a única saída é tentar reduzir a propagação da Covid-19. Coautor do livro Viroses Emergentes no Brasil, o médico infectologista da Unicamp Rodrigo Angerami demonstra que, em tese, a lógica é simples. “Diminuindo a taxa de transmissão, haverá menor número de casos, menor número de casos potencialmente graves e, consequentemente, menor número absoluto de novos óbitos.”
Até o momento, o país atingiu o patamar de quase 3 milhões de diagnósticos confirmados de coronavírus. Para minimizar os riscos de contágio, o pesquisador cita a importância da proteção individual, como uso rotineiro de máscara e a higienização constante das mãos, além do distanciamento social. “É fundamental fortalecer as ações de educação em saúde destinadas à população, com informações corretas”, afirma. “As medidas de prevenção servem não apenas para proteção individual, mas para interromper cadeias de transmissão comunitária.”
Segundo Angerami, o combate à pandemia também deve focar em baixar a letalidade da doença. Esse índice varia de acordo com o Estado, chegando a 4% em São Paulo e 8% no Rio.“Para isso, é imprescindível que todo paciente seja identificado e investigado laboratorialmente de modo precoce, seja avaliado e monitorado clinicamente e, se necessário, encaminhado para serviços hospitalares.”
Plano nacional
O primeiro passo, contudo, deve ser implementar um plano nacional de enfrentamento para corrigir o que, na visão dos cientistas, seria a principal falha do Brasil até aqui: o vácuo de liderança no combate ao coronavírus. Para os especialistas, a falta de sintonia entre as ações do governo Jair Bolsonaro e as administrações municipais e estaduais é a origem de boa parte do mau resultado do País.
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Coordenador do núcleo de epidemiologia e vigilância em saúde da Fiocruz Brasília, o médico sanitarista Claudio Maierovitch avalia que a falta de coordenação do governo federal também acabou confundindo a população. “Cinco meses depois, continuamos sem plano e sem liderança. Se tivéssemos isso, poderíamos ter bem definidas quais medidas devem ser recomendadas em cada estágio da pandemia, o que é importante se pensarmos que há situações diferentes de transmissão de acordo com a região do País.”