Cidade atingida pelo enorme desastre ocorrido em 25 de janeiro último quer virar a página e mostrar para o público que a maior parte de suas belezas naturais continua preservada e deve ser visitada por turistas do Brasil e do mundo.
Nunca um destino turístico esteve tanto na mídia, principalmente nos últimos 30 dias. Infelizmente os destaques foram negativos, com o anunciado desastre da barragem que se rompeu exatamente no último dia 25 de janeiro. Dor, perdas humanas e ambientais irreparáveis além de um sofrimento agudo principalmente por parte dos moradores locais.
A intenção desse artigo é mostrar que mesmo com essa enorme perda, Brumadinho e região continuam vivas e querem voltar a receber turistas para compartilhar as belezas de seus distritos, o aconchego de seu povo, as delícias gastronômicas de seus restaurantes, a tranquilidade de suas pousadas e principalmente as belezas naturais de seus riachos, cachoeiras, corredeiras, igrejas, o aconchego e acolhimento de seus habitantes e a beleza de seu artesanato.
Localizada a menos de 65 km de Belo Horizonte, a região foi rota de passagem de bandeirantes na era do ouro. Até mesmo por isso, povoados e arquitetura guardam traços da história de Minas Gerais. Soma-se a isso a beleza cênica natural – já que Brumadinho está rodeada pelas Serras da Moeda, da Calçada e do Rola Moça.
Se você pensa que o turismo local se resume apenas ao Instituto Inhotim, está totalmente enganado! Todos nós sabemos que Brumadinho abriga o maior museu de arte contemporânea a céu aberto do mundo, mas também uma infinidade de atrativos de valor histórico, cultural e gastronômico.
Por isso, depois desse gigantesco trauma ambiental, reforçamos o convite aos turistas de todo o Brasil para passar no mínimo duas noites na cidade, e aproveitar um fim de semana de paz e tranquilidade nos distritos rurais do município e conhecer as riquezas locais.
A extensão territorial de Brumadinho equivale a duas vezes a área metropolitana de Belo Horizonte. A maior parte dos atrativos ficam escondidos entre um distrito e outro e passam despercebidos pelos viajantes que resumem seus passeios à região central da cidade.
Confira seis destaques do que ver e fazer em Brumadinho:
Visitar as belezas da Serra da Moeda
O conjunto montanhoso é porta de entrada para quem opta chegar a Brumadinho pela BR 040. Não haveria forma melhor de ser recepcionado pelo município. Do alto da serra é possível ter uma visão de 360°, que contempla até mesmo a lagoa dos ingleses. Na Serra da Moeda também é possível fazer trilhas ecológicas, passeio de bike e até mesmo saltar de parapente, já que há um clube de voo livre no topo. Uma boa dica é programar-se para estar no alto da serra no horário do pôr do sol, quando estiver voltando do passeio. O visual é estonteante e as selfies e fotos ficam lindíssimas.
Visitar Piedade do Paraopeba
Localizado bem no sopé da Serra da Moeda, o distrito histórico nem parece estar a pouco mais de 30 km da capital mineira. Reserva o bucólico das pequenas cidades, preserva as tradições religiosas e gastronômicas do interior de Minas Gerais. A pequena vila é uma das mais antigas do estado. No entorno da Igreja Matriz Nossa Senhora da Piedade do Paraopeba, construída em 1729, casinhas antigas dividem espaço com vendinhas de quitutes e artesanato locais. Há ainda a capela dedicada a Nossa Senhora do Rosário – originada da confraria dos escravos. É em Piedade também que está um dos maiores grupos de congado da região. A Guarda de Moçambique se apresenta com frequência e leva suas crenças através da arte.
Cachoeira Encantada e o Forte de Brumadinho
De atrativos naturais, o destaque entre as opções fica com a caminhada que leva ao Forte de Brumadinho – ruínas de uma antiga casa de fundição que data de 1750. A trilha tem início na entrada da portaria do Retiro das Pedras e são 5 km até alcançar as muralhas de mais de 5 metros de altura. Parte do trecho é calçado, o que dá nome à serra onde está o forte, e repleto de mirantes. Mais 1,3 km de descida íngreme levam a dois poços, um deles da Cachoeira Encantada – uma das poucas da região próprias para banho. As águas são límpidas e geladas, dando ao turista a possibilidade de se refrescar depois de uma boa e leve caminhada.
Explorar o Distrito de Casa Branca e sua gastronomia
Vilarejo em meio às montanhas da Serra do Rola Moça, a gastronomia é o ponto forte no distrito de Casa Branca. Restaurantes, pizzarias e hamburguerias dividem espaço com atrações como espaços de aventura e até um centro budista. É lá também que se encontra o Parque Serra do Rola Moça – o terceiro maior parque urbano do país. Com fauna diferenciada, relevo pouco comum e rico em mananciais, é aberto à visitação gratuita. O caminho até Casa Branca é um passeio à parte. Quatro mirantes com belas vistas recepcionam os turistas.
Bebericar nos alambiques e conhecer a rota da cachaça
Nos vários distritos da encosta da Serra da Moeda encontra-se uma infinidade de alambiques artesanais, que permitem ao viajante, mais do que conhecer as etapas de produção e envelhecimento da cachaça artesanal, experimentar os sabores e prazeres proporcionados pela bebida. É possível até fazer um tour chamado Rota da Cachaça e conhecer rótulos locais e especiais – feitos com ingredientes como chocolate, açúcar mascavo, coentro, gengibre, raspas de laranja da terra e capim-limão. São mais de 60 produtores locais. Além das cachaçarias, Brumadinho ainda conta com uma cervejaria artesanal. A Casa Piacenza fica no distrito de Aranha e comercializa cinco tipos diferentes de cerveja. O estabelecimento também recebe músicos locais e serve comida italiana. Por entre os caminhos de estrada vicinais, restaurantes apostam no melhor da culinária mineira e é difícil escolher o mais aconchegante e gostoso!
Inhotim: a “cereja do bolo”
O Instituto Inhotim começou a ser idealizado pelo empresário mineiro Bernardo de Mello Paz a partir de meados da década de 1980. A propriedade privada se transformou com o tempo, tornando-se um lugar singular, com um dos mais relevantes acervos de arte contemporânea do mundo e uma coleção botânica que reúne espécies raras e de todos os continentes. Os acervos são mobilizados para o desenvolvimento de atividades educativas e sociais para públicos de faixas etárias distintas. O Inhotim tem ainda diversas áreas de interlocução com a comunidade de seu entorno. Com atuação multidisciplinar, é realmente o maior atrativo da região. Antes do desastre ambiental ocorrido em 25 de janeiro chegava a receber aos finais de semana aproximadamente 9.000 turistas. Atualmente esse número gira em torno de 1.000 pessoas. Mas continua sendo uma excepcional opção de turismo ecológico e cultural para quem visita Brumadinho. O maior museu de arte contemporânea a céu aberto do mundo é ainda a “cereja do bolo” do turismo local.
Como chegar e onde se hospedar em Brumadinho
Para quem vai ao Inhotim antes de conhecer os outros atrativos de Brumadinho, o melhor caminho é saída de Belo Horizonte com destino a Betim, pela BR-381 e MG-040. O museu está na sede do município e de lá até a área rural são 20 km. Já quem prefere começar ou conhecer apenas a área serrana, a melhor opção é a BR-040. A entrada para a Serra da Moeda está à direita logo após a saída para Ouro Preto.
As várias opções de hospedagem estão “perdidas” em meio à calmaria da natureza e entre os distritos. São pousadas rurais montadas pelos próprios moradores locais. No centro também há opções para todos os bolsos.