Os 150 minutos semanais de atividade física recomendados por autoridades podem não ser suficientes


Fonte: EL PAÍS

Com exceção dos músculos dos dedos, fundamentais para digitar no computador, trocar mensagens no celular ou usar o controle remoto, passamos muitas horas por dia praticamente sem fazer movimento algum. Somos cada vez mais sedentários, e médicos e instituições de saúde já não sabem mais como dizê-lo: 60% da população mundial não pratica atividade física necessária, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e isso pode levar a sérios problemas de saúde, como a obesidade, o excesso de peso, o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes. E, gostemos ou não, a única maneira de evitar essas doenças é fazendo exercícios físicos.

Depois de avaliar 8.000 adultos de 45 anos ou mais, os pesquisadores observaram que, se levantarmos da cadeira por meia hora e usarmos esse tempo para fazer exercícios de baixa intensidade, os riscos de problemas de saúde são reduzidos em 17%. E se a atividade física for moderada ou vigorosa, os benefícios são ainda maiores: a redução pode chegar a 35%. Por outro lado, quanto mais tempo passamos sentados, maior é o risco de morte, segundo estudos anteriores realizados pela mesma equipe.

"Se você tem um emprego ou um estilo de vida que requer ficar muitas horas sentado, pode reduzir o risco de morrer cedo simplesmente movimentando-se com mais frequência, pelo tempo que quiser e que sua capacidade permita. Ou seja, valem tanto uma aula de spinning de alta intensidade quanto atividades de menor intensidade, como caminhar", diz Keith Diaz, professor associado da Universidade Columbia e autor da pesquisa.

O estudo não esclarece se a meia hora tem que ser contínua ou pode ser dividida ao longo do dia, mas outros estudos conduzidos por especialistas da Universidade McMaster (Canadá) sugerem que é possível fazer várias atividades curtas, chamadas pelos pesquisadores de snacks (lanches), ao longo do dia.

Para sua primeira pesquisa, avaliaram um grupo de mulheres sedentárias que receberam a recomendação de fazer séries de 20 segundos subindo escadas, descansando vários minutos antes de voltar a fazer o exercício. Cada sessão durava um total de 10 minutos. Após seis semanas, a capacidade física das mulheres estudadas melhorou em 12%.

Na segunda pesquisa, os especialistas estudaram um grupo de universitários com estilos de vida sedentários. Nessa ocasião, pediram que realizassem rotinas que incluíssem exercícios como polichinelo, agachamentos, estocadas e subir 60 degraus (cerca de três andares) o mais rápido que pudessem. Os participantes tinham que realizar essa rotina curta de exercício três vezes ao dia. Depois de seis semanas, haviam melhorado seu condicionamento físico em 5%. Esses estudos parecem indicar que dividir a atividade física também é uma opção para aqueles que não podem encaixar meia hora seguida de exercício em suas agendas. Em outras palavras, não é tão complicado encontrar o tempo necessário para fazer exercícios.