Nunca se falou e precisou tanto de saúde em todo o planeta. É neste contexto que o Dia Mundial da Saúde será comemorado, em meio à proliferação do novo coronavírus em todo o mundo.

Neste momento, a saúde pública enfrenta uma crise sem previsão para seu fim e coloca à prova o trabalho de médicos e enfermeiros, que atuam na linha de frente do atendimento e combate à doença. E, é por isso que serão eles os homenageados, neste ano, pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 


Prescrito no artigo 196, da Constituição Federal, a saúde é um direito de todos e dever do Estado, sendo este o responsável por garantir, mediante políticas públicas sociais e econômicas, a redução do risco de doença e de outros agravos, bem como o acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. 


Dessa forma, a saúde se trata de um direito pessoal que, para Ricardo Cabral, médico e gestor de saúde, tem impacto direto no bem-estar coletivo. “As escolhas feitas em situações que comprometem a saúde afetam, de forma direta, a vida das pessoas e não só de si próprio.” 


Em tempos de COVID-19, Cabral alerta que isso se torna ainda mais evidente. “Precisa-se ter responsabilidade social e saber que cada decisão tomada entre ficar em casa ou sair, entre ter um maior ou menor isolamento, tem impacto na vida de todos”, pontua. 


Além disso, o gestor em saúde afirma que o contexto atual da saúde pública mundial levou a saúde a um debate, no âmbito econômico, que jamais havia sido feito com tanto vigor. A saúde agora tem sido analisada pelos ministérios da Economia e, também, pelos Bancos Centrais do mundo inteiro, o que nunca tinha acontecido.

Antes, a saúde era apenas mais uma linha de custo, hoje é um investimento necessário para a sobrevivência humana "Isso mostra que os investimentos tinham sido mal aplicados e agora precisam ser repensados para que, a longo prazo, os frutos sejam colhidos pelo sistema. E, assim, deixem de enfrentar a saúde como apenas um gasto e passem a vê-la como necessária para que toda a sociedade, do ponto de vista industrial e logístico, funcione.” 


Cabral ressalta, também, que a educação pode ser uma boa ferramenta para evitar custos financeiros exorbitantes e desnecessários. “Acredito que a saúde não será transformada pelos meios tradicionais, mas sim por meio da educação pessoal. A mudança de comportamento de cada um gera um melhor aproveitamento do sistema, visto que os atendimentos tradicionais são muito caros", afirma.


Segundo ele, com as pessoas assumindo um comportamento em busca de entender a hora certa de procurar o serviço de saúde, isso ajuda a frear o alto valor a ser empregado neste serviço em momentos inoportunos. "E, tendo em vista o atual cenário, isso se faz ainda mais necessário.” 
 
EuSaúde
 
Com o intuito de oferecer a todos meios de promoção do bem-estar pessoal e coletivo, o projeto EuSaúde, coordenado por Ricardo Cabral e viabilizado pelo Grupo Rede de Cuidados em Saúde (RCS), tem uma plataforma de educação e saúde que integra conteúdos informativos, formulários para o estímulo do autocuidado e programas de acompanhamento e orientação médica.

Dessa forma, atualmente o programa, a fim de ajudar no combate ao novo coronavírus, realiza consultas à distância, a telemedicina, permitida pelo Conselho Federal de Medicina excepcionalmente para triagem e monitoramento de casos suspeitos de COVID-19.

Além disso, por meio do site NovoCoronavírus.info, toda a população pode ter acesso a esclarecimentos e alguns serviços gratuitos no combate à pandemia. 


“Ao educarmos as pessoas para poder saber melhor a hora de procurar o posto de saúde, quais são os riscos, tratamentos e como se cuidar em casa, sem ter que procurar a unidade, diminuímos a exposição social, visto que em meio à situação atual, o convívio com outras pessoas e a presença na rua agrava o risco de contaminação. Então, é essa a base do projeto, transformar a saúde por meio da educação”, diz. 


Homenagem
 
Cabral relata que, para ele, o Dia Mundial da Ssaúde não deveria existir, pois acredita que essa deveria ser uma lembrança cotidiana. “Deveríamos, a cada escolha, lembrar que a saúde existe e que ela depende de nossas decisões. No entanto, tal data é uma celebração e este é o momento oportuno para valorizar a importância dos profissionais de saúde."


Então, "que a data se transforme em um momento de homenagem a essas pessoas, mas que o cidadão entenda que esse direito não deve ser celebrado em apenas um dia, mas sim em todos os outros”. 


E é justamente essa a escolha feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Atuando na linha de frente do atendimento médico e hospitalar, os profissionais de saúde são essenciais para a evolução e melhoria das condições de bem-estar, e são eles os condecorados deste ano. “Homenagear essas pessoas é uma forma muito aguda de dizer obrigado neste momento de alta dor. Mas a maior forma de demonstrar admiração e retribuir tanto cuidado é saber fazer escolhas para que, ao longo do tempo, esses profissionais lidem cada vez mais com saúde e menos com doença e dor humana”, completa.

* Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram