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Em declarações feitas no mês passado, a OMS ressaltou que toda variante nova do coronavírus é preocupante, mas, ontem, o órgão reavaliou a posição, informando que apenas uma das cepas B.1.617 deve ser considerada como tal. “Tornou-se aparente que mais riscos para a saúde pública estão atualmente associados à B.1.617.2, enquanto taxas de transmissão mais baixas foram observadas com as outras linhagens”, informa a instituição internacional na mais recente atualização epidemiológica sobre a pandemia.
Os autores do relatório ressaltam que a cepa Delta tem se propagado com uma velocidade preocupante. “Continuamos a ver um aumento acentuado da transmissibilidade e um número crescente de países com surtos ligados a essa variante”, enfatizam. Por isso, consideram “prioritária” a realização de “novos estudos” sobre o impacto dessa variante. “Sabemos que a B.1.617.2 aumentou a transmissibilidade, o que significa que pode se espalhar mais facilmente entre as pessoas, e isso precisa ser avaliado”, justificam.
A OMS também reavaliou as condições das outras variações da B.1.617. Segundo os especialistas da agência, a B.1.617.1, denominada Kappa, foi rebaixada para a categoria de “variante de interesse”. Quanto à variante B.1.617.3, a OMS não a considera mais relevante e, por isso, não atribuiu uma letra grega a ela. A política de dar novos nomes às mutações do coronavírus foi anunciada na última segunda, como uma tentativa de facilitar as identificações e evitar o uso de termos que “estigmatizem e discriminem” locais em que as variações são inicialmente identificadas.
Letalidade
Com o comunicado da OMS, a B.1.617.2 se une a três outras variantes do vírus que também exigem preocupação: a B.1.1.7 (Alpha), previamente identificada no Reino Unido, a B.1.351 (Beta), vista pela primeira vez na África do Sul, e a P.1 (Gamma), detectada no Brasil. Segundo a instituição, o grupo é considerado mais perigoso do que a versão original do vírus Sars-CoV-2, por ser mais contagioso, letal ou porque as vacinas podem não proteger contra ele com a mesma eficácia que outras cepas.
Segundo José Eduardo Levi, virologista e pesquisador do grupo de hospitais e laboratórios Dasa, a definição de periculosidade feita pela OMS é um trabalho antigo e essencial para orientar os especialistas no combate a enfermidades. “A classificação é feita com esse acompanhamento constante, que avalia quais cepas estão sendo mais registradas no mundo e a velocidade disso. É um trabalho importante, pois é usado por uma série de especialistas. É o caso dos médicos, que acompanham os riscos gerados aos pacientes e precisam saber com o que estão lidando. Também o das autoridades, para se organizarem. E ainda quem atua com vacinas, que precisam ser atualizadas com base nesses dados”, detalha.
Para Levi, a identificação da variante Delta no Brasil merece a atenção das autoridades, mas ele acredita que a cepa não deverá ser predominante no país. “Posso até estar equivocado, mas creio que, mesmo com a presença dessa variante aqui, ela não consegue se espalhar. Isso porque a maioria dos nossos casos é da variante identificada primeiro no Brasil, a P1, que já tem uma força maior e já está estabelecida. A cepa vista na África do Sul também foi registrada aqui, mas não se tornou predominante possivelmente por conta disso”, justifica. “É importante frisar, nesse caso da variante com origem na Índia, que não foi só esse alto poder de transmissibilidade que gerou a explosão de casos lá. Houve outros fatores, como uma enorme população.”
O pesquisador brasileiro ressalta que, além de mais estudos sobre a variante Delta, o monitoramento genômico do coronavírus é um trabalho que precisa continuar no mundo inteiro, principalmente no Brasil. “Faço parte de uma iniciativa, chamada Genov, que trabalha justamente nesse monitoramento. É algo já feito também por outras instituições, como a Fiocruz. É essencial que esse trabalho cresça, pois o Brasil é um enorme território, o que torna a vigilância um trabalho difícil. Por mais que os casos diminuam no futuro com as vacinas, precisaremos manter as medidas de prevenção atualizadas, e isso é feito por meio dessas análises genômicas.”
Viagens internacionais
Em 20 de maio, a Secretaria Estadual do Maranhão informou que seis tripulantes do navio MV Shandong da Zhi, um cargueiro de bandeira de Hong Kong que estava ancorado no litoral do estado em quarentena, estavam infectados pela variante B.1.617.2. No total, 15 passageiros testaram positivo para a covid-19. Seis dias depois, o Instituto Adolfo Lutz relatou que um morador do Rio de Janeiro também havia sido infectado pela variante Delta. O morador da cidade de Campos dos Goytacazes tem 32 anos e foi testado ao desembarcar no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, vindo de um voo com origem na Índia.
» Novo alerta
Os olhos dos cientistas agora também estão voltados para uma nova variante do Sars-CoV-2. A cepa foi identificada por autoridades de saúde vietnamitas no último sábado e, segundo a OMS, parece ser uma variante da Delta. “Em um mundo com 170 milhões de casos, as mutações serão constantes, e é essencial monitorá-las e avaliá-las”, enfatizou, em uma coletiva de imprensa, Maria Van Kerkhove, gerente técnica da luta contra a covid-19 da OMS. Segundo a agência, a cepa está sendo estudada.
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Em declarações feitas no mês passado, a OMS ressaltou que toda variante nova do coronavírus é preocupante, mas, ontem, o órgão reavaliou a posição, informando que apenas uma das cepas B.1.617 deve ser considerada como tal. “Tornou-se aparente que mais riscos para a saúde pública estão atualmente associados à B.1.617.2, enquanto taxas de transmissão mais baixas foram observadas com as outras linhagens”, informa a instituição internacional na mais recente atualização epidemiológica sobre a pandemia.
Os autores do relatório ressaltam que a cepa Delta tem se propagado com uma velocidade preocupante. “Continuamos a ver um aumento acentuado da transmissibilidade e um número crescente de países com surtos ligados a essa variante”, enfatizam. Por isso, consideram “prioritária” a realização de “novos estudos” sobre o impacto dessa variante. “Sabemos que a B.1.617.2 aumentou a transmissibilidade, o que significa que pode se espalhar mais facilmente entre as pessoas, e isso precisa ser avaliado”, justificam.
A OMS também reavaliou as condições das outras variações da B.1.617. Segundo os especialistas da agência, a B.1.617.1, denominada Kappa, foi rebaixada para a categoria de “variante de interesse”. Quanto à variante B.1.617.3, a OMS não a considera mais relevante e, por isso, não atribuiu uma letra grega a ela. A política de dar novos nomes às mutações do coronavírus foi anunciada na última segunda, como uma tentativa de facilitar as identificações e evitar o uso de termos que “estigmatizem e discriminem” locais em que as variações são inicialmente identificadas.
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Com o comunicado da OMS, a B.1.617.2 se une a três outras variantes do vírus que também exigem preocupação: a B.1.1.7 (Alpha), previamente identificada no Reino Unido, a B.1.351 (Beta), vista pela primeira vez na África do Sul, e a P.1 (Gamma), detectada no Brasil. Segundo a instituição, o grupo é considerado mais perigoso do que a versão original do vírus Sars-CoV-2, por ser mais contagioso, letal ou porque as vacinas podem não proteger contra ele com a mesma eficácia que outras cepas.
Segundo José Eduardo Levi, virologista e pesquisador do grupo de hospitais e laboratórios Dasa, a definição de periculosidade feita pela OMS é um trabalho antigo e essencial para orientar os especialistas no combate a enfermidades. “A classificação é feita com esse acompanhamento constante, que avalia quais cepas estão sendo mais registradas no mundo e a velocidade disso. É um trabalho importante, pois é usado por uma série de especialistas. É o caso dos médicos, que acompanham os riscos gerados aos pacientes e precisam saber com o que estão lidando. Também o das autoridades, para se organizarem. E ainda quem atua com vacinas, que precisam ser atualizadas com base nesses dados”, detalha.
Para Levi, a identificação da variante Delta no Brasil merece a atenção das autoridades, mas ele acredita que a cepa não deverá ser predominante no país. “Posso até estar equivocado, mas creio que, mesmo com a presença dessa variante aqui, ela não consegue se espalhar. Isso porque a maioria dos nossos casos é da variante identificada primeiro no Brasil, a P1, que já tem uma força maior e já está estabelecida. A cepa vista na África do Sul também foi registrada aqui, mas não se tornou predominante possivelmente por conta disso”, justifica. “É importante frisar, nesse caso da variante com origem na Índia, que não foi só esse alto poder de transmissibilidade que gerou a explosão de casos lá. Houve outros fatores, como uma enorme população.”
O pesquisador brasileiro ressalta que, além de mais estudos sobre a variante Delta, o monitoramento genômico do coronavírus é um trabalho que precisa continuar no mundo inteiro, principalmente no Brasil. “Faço parte de uma iniciativa, chamada Genov, que trabalha justamente nesse monitoramento. É algo já feito também por outras instituições, como a Fiocruz. É essencial que esse trabalho cresça, pois o Brasil é um enorme território, o que torna a vigilância um trabalho difícil. Por mais que os casos diminuam no futuro com as vacinas, precisaremos manter as medidas de prevenção atualizadas, e isso é feito por meio dessas análises genômicas.”
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Os olhos dos cientistas agora também estão voltados para uma nova variante do Sars-CoV-2. A cepa foi identificada por autoridades de saúde vietnamitas no último sábado e, segundo a OMS, parece ser uma variante da Delta. “Em um mundo com 170 milhões de casos, as mutações serão constantes, e é essencial monitorá-las e avaliá-las”, enfatizou, em uma coletiva de imprensa, Maria Van Kerkhove, gerente técnica da luta contra a covid-19 da OMS. Segundo a agência, a cepa está sendo estudada.