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Um hábito comum, e aparentemente inofensivo, pode fazer muito mal a sua saúde visual: coçar os olhos. O risco é desenvolver uma doença da córnea chamada “ceratocone”, que afeta a qualidade da visão e, nos casos mais graves, pode até exigir transplante de córnea.
“É muito doloroso, porque compromete a qualidade de vida”, diz o técnico de som Ubiratan Santos, 36, que foi diagnosticado com a doença aos 18 anos e chegou a ter 13 graus de miopia no olho esquerdo e 10,5 graus no direito. “Eu não conseguia estudar, tirar habilitação, fazer esporte...”, lembra. Hoje, depois de ter sido submetido a um implante estenopeico (veja quadro), ele diz levar uma vida normal. Agora, sem coçar os olhos. “Até a esposa está vigilante quanto a isso”, diz.
“A fricção, ao se coçarem os olhos, provoca uma microlesão no colágeno da córnea e favorece a mudança de sua curvatura”, explica o oftalmologista Frederico Pereira. O risco, segundo o médico, é maior entre as pessoas que têm casos na família. Mas o grande problema está mesmo em se coçarem os olhos. “A fricção é que faz mal”, ressalta ele.
Os malefícios desse hábito são pouco conhecidos, admitem os oftalmologistas. E é por isso que a Campanha Junho Violeta, que ocorre neste mês, busca estimular os profissionais de saúde a falar sobre o tema com os pacientes.
“É importante saber por que o olho está coçando”, alerta Pereira. A origem pode estar em uma inflamação ou, mais comumente, em uma alergia respiratória (rinite alérgica) ou dos olhos (conjuntivite alérgica).
Pereira diz que, emergencialmente, o incômodo pode ser aliviado com uma compressa gelada, um colírio lubrificante ou uma lavagem com soro fisiológico. “Mas, diante de uma coceira persistente, é preciso buscar uma avaliação médica”, ressalta.
Segundo o oftalmologista, é importante tratar a origem do problema, porque a simples prevenção pode ajudar a evitar a alteração na córnea e até mesmo, quando o ceratocone já existe, a controlar a progressão da doença.
Quem sofreu na pele a perda gradativa da visão reforça a importância da prevenção. “A gente só sente quando passa por isso”, admite Ubiratan.
Embaçamento
O sintoma inicial do ceratocone é o embaçamento da visão. “Fica mais difícil, por exemplo, identificar uma pessoa do outro lado da rua. É muito parecido com a miopia de até um grau e meio”, compara o oftalmologista Claudio Cançado Trindade.
Segundo ele, é mais comum a leve alteração visual surgir no fim da infância e no início da adolescência. “Se a criança tem quadro alérgico, é importante tratar para evitar a progressão da doença”, diz. É que, coçando os olhos, o grau pode progredir rapidamente até o ponto de a visão não ficar boa nem mesmo com óculos ou lentes.
O diagnóstico é feito com a tomografia do olho – que não faz parte da consulta de rotina com o oftalmologista. O médico, no entanto, solicita o exame diante de suspeitas. O tratamento inclui a correção da acuidade visual com óculos ou lentes e, dependendo do caso, implante do anel de Ferrara, implante estenopeico ou transplante de córnea.
Evolução
Segundo Trindade, 10% dos pacientes com ceratocone chegam ao estágio avançado. Entre esses casos, 10% precisam do transplante.
O ceratocone é a principal causa de transplante de córnea no Brasil. No primeiro trimestre deste ano, havia quase 10 mil pessoas na fila para fazer o procedimento, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (Abto).
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Prática persistente altera o formato da córnea, causando ceratocone; doença, nos casos mais avançados, exige até mesmo um transplante
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“A fricção, ao se coçarem os olhos, provoca uma microlesão no colágeno da córnea e favorece a mudança de sua curvatura”, explica o oftalmologista Frederico Pereira. O risco, segundo o médico, é maior entre as pessoas que têm casos na família. Mas o grande problema está mesmo em se coçarem os olhos. “A fricção é que faz mal”, ressalta ele.
Os malefícios desse hábito são pouco conhecidos, admitem os oftalmologistas. E é por isso que a Campanha Junho Violeta, que ocorre neste mês, busca estimular os profissionais de saúde a falar sobre o tema com os pacientes.
“É importante saber por que o olho está coçando”, alerta Pereira. A origem pode estar em uma inflamação ou, mais comumente, em uma alergia respiratória (rinite alérgica) ou dos olhos (conjuntivite alérgica).
Pereira diz que, emergencialmente, o incômodo pode ser aliviado com uma compressa gelada, um colírio lubrificante ou uma lavagem com soro fisiológico. “Mas, diante de uma coceira persistente, é preciso buscar uma avaliação médica”, ressalta.
Segundo o oftalmologista, é importante tratar a origem do problema, porque a simples prevenção pode ajudar a evitar a alteração na córnea e até mesmo, quando o ceratocone já existe, a controlar a progressão da doença.
Quem sofreu na pele a perda gradativa da visão reforça a importância da prevenção. “A gente só sente quando passa por isso”, admite Ubiratan.
Embaçamento
O sintoma inicial do ceratocone é o embaçamento da visão. “Fica mais difícil, por exemplo, identificar uma pessoa do outro lado da rua. É muito parecido com a miopia de até um grau e meio”, compara o oftalmologista Claudio Cançado Trindade.
Segundo ele, é mais comum a leve alteração visual surgir no fim da infância e no início da adolescência. “Se a criança tem quadro alérgico, é importante tratar para evitar a progressão da doença”, diz. É que, coçando os olhos, o grau pode progredir rapidamente até o ponto de a visão não ficar boa nem mesmo com óculos ou lentes.
O diagnóstico é feito com a tomografia do olho – que não faz parte da consulta de rotina com o oftalmologista. O médico, no entanto, solicita o exame diante de suspeitas. O tratamento inclui a correção da acuidade visual com óculos ou lentes e, dependendo do caso, implante do anel de Ferrara, implante estenopeico ou transplante de córnea.
Evolução
Segundo Trindade, 10% dos pacientes com ceratocone chegam ao estágio avançado. Entre esses casos, 10% precisam do transplante.
O ceratocone é a principal causa de transplante de córnea no Brasil. No primeiro trimestre deste ano, havia quase 10 mil pessoas na fila para fazer o procedimento, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (Abto).