Há mais de 30 anos o vereador paulistano Eduardo Suplicy (PT) tem como principal bandeira a defesa da ideia de implementação de uma renda básica universal como saída para a pobreza do País, trazendo o tema para quase todas as discussões em que se envolve.
 
Neste ano, por causa da pandemia do coronavírus e à crise econômica trazida pela doença, ele viu candidatos dos mais diferentes campos políticos a até a equipe econômica do governo Jair Bolsonaro, ferrenho crítico de seu partido, discutirem propostas que se assemelham às ideias que defende.
 
Desde os anos 1990, quando apresentou a primeira proposta do gênero, Suplicy acompanhou programas que davam estímulos para as crianças permanecerem na escola, terem atendimento médico ou que custeavam gás de cozinha, do governo Fernando Henrique Cardoso, serem unificados e ampliados no governo Lula de forma a criar o Bolsa Família. O programa é, na visão do ex-senador, "um passo" no sentido da renda básica.

O vereador de 79 anos, que tenta mais um mandato em novembro, na sua 11ª disputa eleitoral, falou com o Estadão

no começo da noite de quarta-feira, 14, algumas horas após o prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), que tenta a reeleição, divulgar no Twitter um pedido para que um projeto de lei de Suplicy, que cria uma renda básica temporária na cidade, seja colocado em votação.

O sr. tem acompanhado as discussões para criação de uma renda básica no País? O que tem achado desse movimento?


Acho muito positivo. No ano passado, em 3 de abril, quando o Paulo Guedes esteve no plenário da Câmara para uma audiência pública sobre a reforma da Previdência, o deputado Paulo Teixeira, do PT, perguntou que propostas ele tinha para erradicar a pobreza e o que ele achava da renda básica de cidadania. Primeiro, ele elogiou o Bolsa Família e o presidente Lula por tê-la implementado. Disse que o Suplicy apresentou uma renda básica que o Milton Friedman (economista da Universidade de Chicago) aprova. Ele disse que, se tirássemos o espírito de briga que havia entre nós, poderíamos ter entendimento.

Achei super interessante e lhe escrevi uma carta. Ele próprio não me respondeu. Em Capitalismo e Liberdade, Milton Friedman argumenta que o capitalismo é o sistema mais compatível com a liberdade do ser humano. Mas não consegue resolver bem o problema da pobreza. Se quiser resolver, então o melhor é aplicar o imposto de renda negativo, que vai garantir uma renda mínima para todos.

Quando, em abril passado, o Congresso aprovou o auxílio emergencial, surgiu um enorme interesse no debate sobre a renda básica. A ponto de, em 21 de julho passado, 220 parlamentares, de 23 dos 24 partidos representado no Congresso Nacional, formarem a Frente Parlamentar em Defesa da Renda Básica, presidida pelo João Campos (PSB-PE), filho do ex-governador Eduardo Campos, da qual fui convidado para ser o presidente de honra. Na terça-feira, dia 20, às 10 horas da manhã, vai ser lançado o manifesto da bancada de candidatos a vereador e a prefeito, a vereadoras e a prefeitas de todo o Brasil em favor da renda básica de cidadania, a bancada da renda básica.