Há uma semana no cargo de novo articulador político, o secretário de Governo, Marcelo Aro (PP), assumiu plenos poderes que o elevam à categoria de supersecretário no terceiro ano da gestão Zema. Ele terá pouco mais de um ano, ou 14 meses e 23 dias, para cumprir a missão que lhe foi confiada pelo governador: fazer valer a força política do Palácio Tiradentes. A partir de abril do ano que vem, Aro deixa o cargo para disputar uma das duas vagas de senador, seu projeto pessoal maior.

Zema o escolheu mais pelos métodos do que pelo currículo para ser o quinto articulador político após o fracasso dos quatro antecessores. Os currículos de dois deles, Custódio Mattos (PSDB) e Bilac Pinto (União), são até mais robustos, mas não obtiveram êxito diante da maioria de 54 dos 77 deputados estaduais.

Marcelo Aro já foi vereador e deputado federal por dois mandatos e não havia ainda exercido cargos no Executivo. Alguns falam muito mal de seus métodos polêmicos no meio político e eleitoral. Atua comandando mais de um partido político e, por eles, elege aliados que se agrupam na chamada ‘família Aro’ e que seguem sua liderança.

 

Esse é o método que mais encantou o governador. Para Marcelo Aro, governista que vota contra é traidor e será tratado como inimigo. Desde que assumiu a função, Aro tem chamado ao palácio, um por um, os deputados da base governista para alinhar posições e expor sua forma de trabalhar. Alguns deles retornam assustados com o novo estilo.

Para o supersecretário, existem três perfis de deputados: o governista, que vota a favor, o traidor e o oposicionista. O primeiro é fiel e, por essa razão, terá tratamento especial do governo. O segundo vira inimigo, será perseguido. Embora respeite suas posições próprias e conhecidas pelo governo, a oposição é aquela a ser derrotada, no plenário legislativo, pelo rolo compressor governista.

Entre os aliados, haverá uma categoria que terá considerada suas diferenças e especialistas, como exemplo, aqueles defensores de pautas dos servidores da segurança pública. Boa parte deles está na bancada do PL bolsonarista e enfrentará o governo por melhorias salariais para os policiais.

Para se desincumbir da missão e honrar seus compromissos, Aro terá autonomia que, na linguagem política, deve ser entendida como dono de “caneta cheia” com a qual poderá atender aos aliados: cargos e emendas.

 

Será uma nova experiência para os deputados, não totalmente nova para alguns, talvez, mais explícita, porque não haverá margem nem tempo para tolerância e erros. Haverá também choque político ante uma Assembleia que resgatou suas prerrogativas de independência perante o Executivo e “que não está ali para atender às vontades do governo”.

 Ponto fraco de Lula

“Que caminhada sofrida é essa das mulheres nos espaços de poder”. O desabafo é da deputada Beatriz Cerqueira (PT) sobre sua própria trajetória e, agora, repetido ante a demissão da ministra da Saúde, Nísia Trindade. O governo Lula optou por desacreditar de si mesmo ante a queda de popularidade. Nessa hora de fraqueza política, busca culpados que não teriam “jogo político”. De nada valerá fazer reforma ministerial, se Lula não voltar a ser Lula, evitando ficar refém do jogo político baixo. Esse é o seu maior desafio.

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