ELEIÇÕES 2024

A chapa encabeçada pela deputada federal Duda Salabert (PDT) à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) pode ser puro-sangue. Se não houver uma aliança, o candidato a vice-prefeito pode ser o presidente estadual do PDT, Mário Heringer. Desde abril, Heringer está licenciado do mandato como deputado federal para dar visibilidade ao suplente, Délio Pinheiro (PDT), pré-candidato à Prefeitura de Montes Claros, no Norte de Minas.

Auxiliares do PDT já admitem que têm enfrentado dificuldades em atrair o apoio de outros partidos à pré-candidatura sem que Duda abra mão da cabeça de chapa. Inclusive, interlocutores atribuem a resistência de outras legendas a um preconceito com a transsexualidade da deputada federal, que, conforme acrescentam, lidera numericamente as pesquisas de intenção de voto entre os pré-candidatos de centro-esquerda e esquerda.

O nome de Heringer, então, emergiu como um dos possíveis cotados para a vaga de vice-prefeito. O presidente estadual do PDT atenderia às características procuradas por Duda para a vice, já que é heterossexual e chefe de família. Entretanto, os próprios trabalhistas apontam que o presidente estadual embarcaria na chapa apenas caso outro nome não seja encontrado. Questionado pelo Aparte, o deputado federal não respondeu.

Já Duda desconversou. “A única certeza que temos é que Mario será um dos coordenadores da campanha. Estamos conversando com outros partidos. Embora pareça pouco tempo, há muita água para rolar. Não houve nenhuma conversa interna no partido sobre composição de vice caso saiamos com chapa pura”, ponderou a deputada federal, que ainda negou que esteja atrás de um “perfil específico” para a vice. 

O presidente estadual do PDT apenas garantiu que, com ou sem alianças, Duda será candidata à PBH. “Existe um preconceito grande ao limitar a pré-candidatura da Duda à questão LGBTQIAPN+. Ela foi a vereadora mais votada de Belo Horizonte e é professora. Ela será pré-candidata com ou sem alianças, a não ser que ela não queira ”, afirmou Heringer. 

Segundo o deputado federal licenciado, ele deixará a presidência estadual do PDT caso a Executiva nacional opte por retirar a pré-candidatura de Duda. “A decisão de sair (como candidata) é da Duda. Ela já me disse que não irá desistir de jeito nenhum. Então, não haverá decisão nacional de tirar a Duda. Sou membro do diretório nacional. Vamos ter candidatura. Se houver (uma decisão contrária), está sob pena de eu renunciar à presidência estadual”, ameaçou.

Heringer chegou a renunciar à presidência estadual do PDT em 2022 após Ciro Gomes (PDT), pré-candidato à época à Presidência da República, descartar o nome de Miguel Corrêa como pré-candidato do partido ao governo de Minas.  Entretanto, ele voltou ao cargo logo depois. Questionado, Heringer disse que, desta vez, “não voltaria” atrás mesmo que lhe pedissem. “Estávamos no meio de uma campanha e avaliei que não deveria colocar lenha na fogueira”, justificou.

Duda não deve ir, na próxima quinta (10/7), à solenidade que deve oficializar o apoio da Rede e da deputada estadual Ana Paula Siqueira à pré-candidatura do deputado federal Rogério Correia (PT), que terá a presença da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. No último mês, a deputada federal e Ana Paula chegaram a gravar, juntas, um vídeo para formalizar a aliança. 

Tratativas. Apesar de o PDT garantir a candidatura de Duda, o PT ainda sonha em atrair a deputada federal para a chapa encabeçada pelo deputado federal Rogério Correia à PBH. Interlocutores petistas reforçam que há uma articulação nacional entre PT e PDT para que as pré-candidaturas de centro-esquerda e esquerda se unam à de Correia. As negociações envolveriam outras capitais.  

Entretanto, os próprios auxiliares do PT reconhecem que há uma queda de braço entre os deputados federais. Há petistas que defendem que, assim como a deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL), que abriu mão da cabeça de chapa, Duda também poderia abandonar caso recebesse um afago do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Bella, por exemplo, se encontrou diretamente com Lula em Brasília.

A deputada federal, por sua vez, trata a possibilidade de alianças como boatos. “Estão plantando vários boatos com o intuito de enfraquecer a minha pré-candidatura. Todo dia inventam um boato diferente”, questionou Duda. Ela reiterou que será candidata e que irá para o segundo turno. “Essa é a posição minha, do Mário Heringer e do Carlos Lupi, presidente licenciado do PDT”, emendou.

O presidente estadual do PDT reiterou que Duda só não será candidata à PBH se não quiser. “A não ser que haja uma decisão pessoal dela. Se ela desistir, a decisão de quem o PDT vai apoiar vai ser tomada por mim, pelo Lupi e pela Duda”, concluiu.