Na quinta (8), foi consumada a expulsão do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, do Partido Novo ao qual era filiado. Por quê? Pelo conjunto da obra que estava queimando o filme do partido que se apresenta como “novo”, a começar pelo próprio nome. São trapalhadas, decisões erráticas e descompromisso com desmatamento, ação de garimpeiros, queimadas e incêndios na floresta amazônica. O pecado capital do ministro, segundo ele próprio disse, foi ter aceitado, sem consulta ao partido, o cargo de ministro de Bolsonaro.

A mesma proximidade torna a situação do governador Romeu Zema (Novo) de risco dentro do partido. A relação dele com a direção nacional do partido é de antagonismo, beirando o ataque de nervos. Por várias vezes, houve conflito entre eles. O último, já noticiado aqui, foram os reajustes dados pelo governador aos servidores da segurança pública do estado.

O partido pressionou Zema para recuar, como não obteve êxito, entrou no Supremo contra o reajuste de cerca de 40% em três parcelas anuais. O impacto seria de R$ 9 bilhões sobre o déficit público de Minas. Após idas e vindas, a Assembleia Legislativa de Minas aprovou o reajuste, quando o Governo estadual disse que teria o dinheiro para o aumento.


Diante disso, estendeu o aumento, parcialmente, ao restante do funcionalismo. Zema acabou por vetar tudo e recuar até mesmo no reajuste da segurança, que caiu para 13%, a ser pago em agosto próximo.

Apoio do Centrão divide todo mundo


Agora, o próximo embate de Zema com seu partido deverá ser o futuro político de Bolsonaro. O partido Novo começa a se descolar da base de apoio do presidente e pode engrossar o pedido de impeachment dele. Especialmente, depois que Bolsonaro abandonou o discurso contra a velha política e chamou o Centrão para dentro do governo. O Centrão é formado por cerca de 200 deputados de partidos menores que trocam apoio por cargos no governo.

Tudo isso pra quê? Para ter maioria e evitar o impeachment, que o presidente sabe que está chegando. Zema por sua vez, cada dia, reafirma que é um dos poucos governadores que mantém o apoio ao governo Bolsonaro. E faz disso uma relação pragmática na busca de soluções para viabilizar o próprio governo.

Está na mesa do presidente, por exemplo, o pedido de Zema para que o Governo federal, por meio de seus bancos, compre os créditos de governo mineiro no nióbio. Com esse recurso, cerca de R$ 5 bilhões, o governador mineiro espera pagar os salários do funcionalismo e ganhar algum fôlego administrativo.

Amoêdo já quis expulsar desalinhado


Tudo somado, Zema e João Amoêdo, líder nacional do Novo, caminham em vias opostas, o que poderá levar o governador mineiro para outro partido. Antes dos evitáveis desgastes com o Novo, como advertência e até expulsão.