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A fala de Boff, na última sexta-feira (6), havia sido abafada por vaias e agressões verbais da plateia, composta por cerca de 700 pessoas, convidados dos 34 formandos da área de comunicação, sendo 21 de jornalismo.
Enquanto Boff falava, parte da plateia começou a vaiar e gritavam "chega". "Professor metendo o pau no presidente, estragando a formatura dos formandos. Que vergonha, olha o que esse cara está fazendo!", disse um homem.
Quando as vaias ficaram mais fortes, professores e alunos que estavam no palco se levantaram e aplaudiram a fala. Em apoio a Boff, colegas que o acompanhavam na mesa oficial da cerimônia também se posicionaram atrás dele.
Professor de jornalismo na Unisinos, Boff explicou que a escolta por seguranças da instituição foi oferecida pela própria organização do evento, para evitar ataques após o ocorrido durante a fala dele na formatura. Ele afirmou que, apesar da medida, não houve agressões posteriores e que, já na recepção, foi cumprimentado por grande parte de alunos e familiares presentes na cerimônia.
No discurso, o professor afirmou que "a imprensa brasileira vive seus dias mais difíceis desde a ditadura militar". Ele elencou alguns dos ataques de Bolsonaro contra profissionais, como à repórter Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo, contra a qual dirigiu ofensas de cunho sexual. Ela apresentou à Justiça uma ação com pedido de indenização por danos morais contra o presidente.
Boff também citou o levantamento da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), que apontou que quase dez ataques por mês foram desferidos pelo presidente a jornalistas, veículos de comunicação e à imprensa, em geral em suas redes sociais, no primeiro ano de governo.
"Esta é a mensagem a ser destacada nesta noite: quando tenta calar e desacreditar a imprensa, o atual presidente da República ameaça não só o jornalismo e os jornalistas. Ameaça a democracia, a arte, a ciência, a educação, a natureza, a liberdade, o pensamento. Ameaça a todos, até aqueles que hoje apenas o aplaudem -estes que experimentem deixar de bater palma para ver o que acontece", completou o professor aos presentes.
A repercussão negativa de parte da plateia sobre o discurso, para Boff, mostra a dimensão do ataque à liberdade de imprensa no Brasil. "Principalmente porque o presidente incita esse tipo de atitude, de censurar, de tentar calar jornalistas na marra. Se a maior autoridade da nação se sente à vontade para xingar jornalistas, por que o seu apoiador não se sentiria?", disse à reportagem.
Para o professor, o episódio, apesar de lamentável, ajudou a propagar a mensagem que gostaria de passar com o discurso de formatura. "É para despertar as pessoas a também defenderem a imprensa, já que amanhã podem ser as novas vítimas", afirmou.
Em nota, a Unisinos afirmou que respeita as diversas posições e que preserva e estimula a pluralidade de ideias e, por isso, os professores escolhidos pelos alunos como paraninfos "têm o direito de fazer uso da palavra e liberdade para se expressarem conforme suas convicções pessoais".
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e a Federação Nacional dos Jornalistas manifestaram solidariedade ao professor, afirmando que "repudiam toda e qualquer forma de ataque à liberdade de expressão e de pensamento".
As entidades afirmam que a ação contra o discurso "representa uma intimidação à atividade profissional e é condenável".
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CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - Após fazer um discurso crítico aos ataques do presidente Jair Bolsonaro à imprensa, o professor da Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos) Felipe Boff, 40, deixou escoltado o auditório onde ocorria uma formatura do curso de jornalismo, da qual ele era paraninfo, em São Leopoldo (RS).
A fala de Boff, na última sexta-feira (6), havia sido abafada por vaias e agressões verbais da plateia, composta por cerca de 700 pessoas, convidados dos 34 formandos da área de comunicação, sendo 21 de jornalismo.
Enquanto Boff falava, parte da plateia começou a vaiar e gritavam "chega". "Professor metendo o pau no presidente, estragando a formatura dos formandos. Que vergonha, olha o que esse cara está fazendo!", disse um homem.
Quando as vaias ficaram mais fortes, professores e alunos que estavam no palco se levantaram e aplaudiram a fala. Em apoio a Boff, colegas que o acompanhavam na mesa oficial da cerimônia também se posicionaram atrás dele.
Professor de jornalismo na Unisinos, Boff explicou que a escolta por seguranças da instituição foi oferecida pela própria organização do evento, para evitar ataques após o ocorrido durante a fala dele na formatura. Ele afirmou que, apesar da medida, não houve agressões posteriores e que, já na recepção, foi cumprimentado por grande parte de alunos e familiares presentes na cerimônia.
No discurso, o professor afirmou que "a imprensa brasileira vive seus dias mais difíceis desde a ditadura militar". Ele elencou alguns dos ataques de Bolsonaro contra profissionais, como à repórter Patrícia Campos Mello, da Folha de S.Paulo, contra a qual dirigiu ofensas de cunho sexual. Ela apresentou à Justiça uma ação com pedido de indenização por danos morais contra o presidente.
Boff também citou o levantamento da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), que apontou que quase dez ataques por mês foram desferidos pelo presidente a jornalistas, veículos de comunicação e à imprensa, em geral em suas redes sociais, no primeiro ano de governo.
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A repercussão negativa de parte da plateia sobre o discurso, para Boff, mostra a dimensão do ataque à liberdade de imprensa no Brasil. "Principalmente porque o presidente incita esse tipo de atitude, de censurar, de tentar calar jornalistas na marra. Se a maior autoridade da nação se sente à vontade para xingar jornalistas, por que o seu apoiador não se sentiria?", disse à reportagem.
Para o professor, o episódio, apesar de lamentável, ajudou a propagar a mensagem que gostaria de passar com o discurso de formatura. "É para despertar as pessoas a também defenderem a imprensa, já que amanhã podem ser as novas vítimas", afirmou.
Em nota, a Unisinos afirmou que respeita as diversas posições e que preserva e estimula a pluralidade de ideias e, por isso, os professores escolhidos pelos alunos como paraninfos "têm o direito de fazer uso da palavra e liberdade para se expressarem conforme suas convicções pessoais".
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e a Federação Nacional dos Jornalistas manifestaram solidariedade ao professor, afirmando que "repudiam toda e qualquer forma de ataque à liberdade de expressão e de pensamento".
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