A vereadora eleita Carol Dartora (PT), primeira mulher negra a compor a Câmara Municipal de Curitiba, divulgou uma nota sobre os ataques racistas e ameaças de morte que tem recebido desde a sua vitória, em 15 de novembro, em que afirma acreditar que esses ataques contra negras, negros, LGBTI+ e mulheres sejam coordenados.

No texto, ela também repudiou as declarações do prefeito reeleito de Curitiba, Rafael Greca, de que não existe racismo estrutural, discordando dela (assista aqui). “É inadmissível que falas como a do Prefeito Rafael Greca, pronunciadas ontem em entrevista a Globo News, sejam aceitas. Negar o racismo que permeia toda nossa sociedade chancela atitudes como essas, normaliza a violência e invisibiliza nossa luta”, rebateu.

Leia a íntegra:


NOTA À IMPRENSA

Da série "não existe racismo em Curitiba" e a dois dias de completar 1000 dias da morte de Marielle, os ataques por ocuparmos espaços que deveriam ser nossos se intensificam.

Desde o dia 15 de novembro, quando me tornei a primeira vereadora negra da cidade de Curitiba e também a terceira mais votada no pleito deste ano, com 8874 votos, venho recebendo ataques baseados em intolerância e indignação por parte daqueles que nos desumanizam e roubam nosso direito de ter voz e disputar os espaços de poder.


De todos os ataques o que mais me assustou foi o que recebi ontem (conforme cópia do e-mail recebido em anexo), da mesma autoria dos proferidos à Vereadora mais votada de Belo Horizonte, Duda Salabert, o que me faz crer que este ódio por negros e negras, LGBTI+ e mulheres, que em 2020 mexeram com as estruturas da sociedade disputando o poder, são coordenados.

Querem nos silenciar antes mesmo de tomarmos posse. Querem diminuir nosso grito por liberdade e justiça. Porém sigo ainda mais resoluta a lutar por um mundo onde todos e todas tenham direito e acesso a igualdade e dignidade.

Mas para que isso seja possível, é inadmissível que falas como a do Prefeito Rafael Greca, pronunciadas ontem em entrevista a Globo News, sejam aceitas. Negar o racismo que permeia toda nossa sociedade chancela atitudes como essas, normaliza a violência e invisibiliza nossa luta. Não queremos mais casos como o da Marielle. Não queremos mártires. Queremos fazer política e lutar por um presente e futuro melhores.


No mais, já entramos em contato com as autoridades competentes. O Delegado Pedro Felipe do 1° Distrito Policial de Curitiba em parceria com o NUCIBER (Núcleo de Combate aos Cibercrimes) estão acompanhando o caso. Torcemos para a solução rápida do crime e que os criminosos sejam devidamente encontrados e julgados segundo o devido processo legal.

Combinaram de nos matar, mas nós combinamos de ocupar todos os espaços, inclusive a Câmara Municipal de Curitiba! Sigo com determinação para fazer o que me foi designado enquanto representante do povo. Não vão nos calar. Estarei lutando firme e forte ao lado da população curitibana que depositou em nosso mandato toda a esperança de uma cidade mais igualitária, sem ódio e violência.

Racistas e fascistas não passarão!