O vice-presidente, general Hamilton Mourão, qualificou a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, que anulou as condenações impostas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como “chicana jurídica”. Com isso, Mourão sinaliza que o bolsonarismo e os militares pretendiam manter o ex-presidente fora da cena política.


Mourão disse, ainda, que a população brasileira se baseia "no respeito à honestidade" e que a classe política deveria se pautar por isso. 

De acordo com reportagem do jornal O Globo, Mourão afirmou que "a imensa maioria da população brasileira é constituída de homens e mulheres de bem” que enfrentam dificuldades financeiras. “Mas todos, sem exceção, procuram se basear em princípios da ética, da moral, dos bons costumes, respeito à honestidade, à integridade, à probidade das pessoas. E os homens públicos têm que se pautar por isso. Então independente da chicana jurídica que seja feita, anula processo, anula prova, a realidade é a seguinte: contra fatos não há argumentos. É isso que a gente vai aguardar que aconteça no futuro”, disse ele nesta terça-feira (9), em frente ao Palácio do Planalto. 


Ainda segundo ele, apesar da decisão devolver a Lula seus direitos políticos, não é certo que ele dispute a eleição presidencial de 2022. “ Decisão não foi do STF, foi do ministro Fachin. Em primeiro lugar, tem muita espuma neste chope ainda, tem que ser decantado isso. Tem muita gente fazendo análise prospectiva por mera extrapolação de tendência, não se faz análise prospectiva assim”, disse.

“Tem que esperar todas as consequências, decorrências, tem ainda muita coisa para rolar, não se pode tomar nenhuma, vamos dizer assim, "ah, isso vai ser assim, assado, o presidente Bolsonaro não vai concorrer, o presidente Lula vai concorrer". Então tem que aguardar”, completou.


Ao contrário de Mourão, juristas como Pedro Serrano avaliam  a decisão de Fachin como acertada. “Tecnicamente, ela é correta. A gente tem falado há anos que o Foro de Curitiba não é o competente para conhecer não só o caso de Lula, mas desse universo todo. Mas obviamente o ministro Fachin tinha condições de ter reconhecido isso antes, e até de ter impedido o Lula de ser preso. Então essa fundamentação vir agora, me parece que há uma falta de sinceridade do interlocutor”, disse Serrano durante participação na TV 247 em live com juristas para comentar o assunto.