Ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão diz que será feita complementação orçamentária para garantir transporte



O ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo Oliveira, afirmou nessa quarta-feira que será feita complementação orçamentária para garantir o funcionamento dos metrôs de Belo Horizonte, Recife, Natal, Maceió e João Pessoa, as cinco praças com sistemas operados pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).

Conforme mostrou reportagem publicada pelo Estado na quarta-feira, ata de reunião realizada no Recife no último dia 30, assinada por representantes da CBTU nas cinco cidades, afirmava que os metrôs das capitais poderiam passar a funcionar somente em horários de pico e de segunda a sexta-feira, já a partir do próximo dia 5, prejudicando cerca de 600 mil pessoas diariamente.

O motivo é o corte no orçamento deste ano para os cinco sistemas, reduzido de aproximadamente R$ 260 milhões em 2017 para R$ 139,7 milhões este ano. A ata afirma ainda que, por causa do impacto financeiro, os sistemas corriam o risco de serem totalmente paralisados. A ata foi encaminhada pelo presidente interino da CBTU, José Marques de Lima, para o presidente do Conselho de Administração da empresa, Pedro Cunto de Almeida Machado.

"Informamos que, segundo o ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo Oliveira, houve redução de recursos orçamentários para o metrô durante a tramitação da PLOA no Congresso Nacional. No entanto, o governo providenciará a complementação orçamentária em tempo. Não haverá qualquer risco de interrupção do serviço", afirma nota enviada pelo Ministério do Planejamento.

Impacto


Na reportagem publicada nesta quarta-feira, a CBTU confirmava a possibilidade de impacto na operação dos metrôs, mas disse que não era possível dizer como e quando isso aconteceria. No Ministério das Cidades, a informação, repassada na terça-feira, foi de que o orçamento para o setor havia sido aprovado pelo Congresso Nacional e que não havia, até aquele momento, expectativa de alteração.

No caso de Belo Horizonte o valor necessário para que o sistema opere sem problemas é de R$ 100 milhões, conforme cálculos do presidente do Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais, Romeu José Machado Netos.

Segundo ele, antes do anúncio do ministro, este ano, o total que seria passado seria de R$ 57 milhões. "O impacto será nos contratos para limpeza de vagões, máquinas, estações e, ainda, na compra de peças e manutenção das composições", disse o sindicalista na terça-feira.

Entenda o caso

A divulgação do contingenciamento dos recursos ocorreu depois que começou a circular nas redes sociais, principalmente de pessoas ligadas ao metrô, uma ata da reunião entre todas as superintendências da CBTU. O encontro teria ocorrido em 31 de janeiro.

No documento, consta a redução de 42% do orçamento em relação ao ano passado. Belo Horizonte vai receber, segundo o Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais (Sindimetro-MG), aproximadamente R$ 54 milhões para o ano todo. “Por mês, dá uma média de R$ 4,3 milhões. Somente com energia de tração são gastos R$ 2 milhões por mês, ou seja, metade do valor. Com certeza vai faltar verba”, afirmou Robson Zeferino, diretor do Sindmetro-MG.

Na ata também constam medidas de economia que seriam adotadas pela CBTU a partir de março, como operação comercial apenas em horários de pico, de segunda-feira a sexta-feira, além da notificação de empresas prestadoras de serviços para a suspensão parcial ou total de contratos. Os trabalhadores receberam a notícia com preocupação e questionaram a forma como são feitos os investimentos. “Somos a unidade que mais arrecada. Esse dinheiro vai para o caixa único e é distribuído para outras cidades da Federação. Arrecadamos mais e recebemos menos. É uma briga antiga”, explicou Zeferino.
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(Com informações de João Henrique do Vale)