ELEIÇÕES

Parte do segundo maior colégio eleitoral do país, Belo Horizonte registrou um aumento de quase 50 mil eleitores aptos a votar no pleito municipal de 2024. Para se ter uma ideia, o número equivale a pouco mais que toda a população do município de Diamantina, na região do Jequitinhonha. 

A situação é inversa à que ocorreu com o número da populacional total da capital mineira, uma vez que dados do Censo 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontaram uma dimunuição de 59 mil moradores. 

Ao todo, Belo Horizonte tem 1.992.984 pessoas aptas a votar segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG). O total de eleitores cresceu pouco mais de 2%, se comparado a 2020, quando 1.943.184 eleitores votavam em BH. Já em termos de população, BH é a sexta capital mais populosa do país, com 2,3 milhões de moradores – a cidade perdeu mais de 59.000 habitantes entre os anos de 2010 e 2022. 

Mas, de onde surge a disparidade entre os números? Segundo a cientista política Marta Mendes, coordenadora do Núcleo de Estudos sobre Política Local da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a diferença pode ser explicada por descontinuidades entre a base do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a base do IBGE, algo que envolve, em sua maioria, questões migratórias. Um fenômeno similar já havia sido observado nas eleições anteriores.

“Como a gente teve o atraso do senso, que não aconteceu em 2020 e só em 2022 teve a divulgação e realização, acontece que dados populacionais acabaram defasados, enquanto os dados de eleitores estavam mais atualizados. Até porque, o TSE tava fazendo a biometria, atualizando esses cadastros de eleitores”, apontou a cientista política. “A outra questão também é considerar que você tem um movimento migratório que pode afetar”, completou Marta Mendes.

Enquanto as questões migratórias costumam causar impacto maior em cidades menores, Belo Horizonte também pode ser impactada. “Você tem o movimento migratório regular. Muita gente muda de cidade e não atualiza, não muda o título eleitoral, não muda o domicílio eleitoral, ou, quando muda, demora muito para mudar. Isso também pode gerar esse tipo de defasagem, quando a pessoa consta como eleitor de um município, mas ela não mora lá e não consta mais como moradora daquele município, mesmo inscrita na base de dados da Justiça Eleitora”, acrescentou. 

O fenômeno, no entanto, é comum. “Nem sempre essa população e esse eleitorado vai bater. É importante ter clareza sobre isso, para que não gere desconfiança no processo eleitoral, ou desconfiança em relação ao trabalho do IBGE, que é um trabalho muito sério. É importante que a população saiba que não se trata de nenhum tipo de fraude, nenhum tipo de erro, mas que isso decorre de questões, de processos sociais, normais, regulares”, definiu a especialista.

BH pode ter segundo turno em 2024

Oito cidades mineiras, incluindo a capital do Estado, podem ter segundo turno nas eleições de 2024, ainda conforme dados divulgados pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG). Conforme orientado pela Constituição Federal de 1988, o segundo turno é realizado apenas em municípios com mais de 200 mil eleitores. Durante as disputas para prefeito, caso nenhum dos candidatos alcance 50% mais um dos votos válidos no primeiro turno, os eleitores voltam às urnas em 27 de outubro.