INVESTIGAÇÃO

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), vai depor nesta quinta-feira (18) no inquérito que apura a inclusão de informações falsas no cartão de vacina de integrantes das famílias dele e do ex-presidente.

O depoimento está marcado para às 14h30, na sede da Polícia Federal, em Brasília. O prédio é o mesmo onde Bolsonaro já esteve três vezes para prestar depoimento em diferentes investigações.  

Mauro Cid foi preso em 3 de maio, na operação deflagrada para investigar a suposta fraude em cartões de vacinação. Desde então, ele está em uma cela do Batalhão de Polícia do Exército de Brasília.  

No inquérito que o levou à prisão, a PF também investiga os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa e corrupção de menores.

No interrogatório desta quinta, Cid terá que explicar, por exemplo, a inserção de informações fraudadas sobre imunização contra Covid-19 de sua mulher, Gabriela Santiago Ribeiro Cid, das três filhas do casal, além de Bolsonaro e de sua filha mais nova, Laura. 

A PF afirma, em relatório entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde tramita o inquérito, que Cid emitiu os respectivos certificados e os utilizou para, por exemplo, embarcar com a família para destinos internacionais, como os Estados Unidos – para onde Bolsonaro, filha e esposa também foram um dia antes do término do mandato dele, em dezembro.

Os investigadores devem perguntar a Cid, entre outras coisas, porque um computador usado por ele acessou os dados de vacinação de Bolsonaro nos dias 22 e 27 de dezembro – dias seguintes à inclusão de dados falsos. No dia 30, segundo a investigação, o acesso aconteceu pelo celular pessoal de Cid.

O ex-ajudante de ordens também terá que esclarecer suposta adulteração no cartão de vacinas de seus familiares. Gabriela Santiago Cid foi intimada a prestar depoimento na sexta-feira (19).

Cid também deve ser questionado sobre suposto plano de golpe de Estado

Considerado braço-direito de Bolsonaro, Cid é alvo da PF em outras investigações, como a que trata do recebimento de joias da Arábia Saudita e que deveriam ser incorporadas ao patrimônio da União e de supostos planos para um golpe de Estado no Brasil.

Por isso, os investigadores também devem questionar o militar do Exército sobre os conteúdos extraídos de seu telefone celular, com autorização da Justiça, que revelam suposto planejamento e tentativa. 

Na perícia feita em mensagens arquivadas no aparelho e também na nuvem, há conversas dele com outros militares próximos a Bolsonaro sobre o assunto. 

O ex-ajudante de ordens também será questionado sobre a origem de US$ 35 mil e R$ 16 mil em espécie encontrados em sua casa durante e ainda uma remessa de dinheiro para fora do país. As quantias foram apreendidas durante a operação sobre a fraude nos cartões de vacinação.