Ana Carla Bermúdez e Bernardo Barbosa
Do UOL, em São Paulo e em Porto Alegre
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou nesta segunda-feira (22), durante encontro com líderes de centrais sindicais em São Paulo, que irá a Porto Alegre nesta terça (23), na véspera de seu julgamento em segunda instância no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região). Ele participará de um ato às 17h, na Esquina Democrática, centro da cidade.
"Eu amanhã estou indo para Porto Alegre agradecer a solidariedade do povo que está se manifestando", disse Lula, mencionando ao longo de sua fala o apoio que vem recebendo de movimentos sociais, líderes sindicais e militantes da esquerda.
No mesmo instante, a senadora e presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), que já está na capital gaúcha, também confirmou a presença de Lula em evento na véspera da sessão. Segundo a senadora, Lula tomou uma decisão "do coração" e quer ir a Porto Alegre para agradecer a mobilização de seus apoiadores.
De acordo com o ex-ministro Alexandre Padilha, vice-presidente do PT, Lula não fica na cidade no dia de seu julgamento, voltando ainda na terça para São Paulo. A presença dele é esperada na quarta em um ato na Praça da República, região central da capital paulista, às 19h. No dia seguinte, o PT faz um evento com suas principais lideranças e o ex-presidente para reafirmar Lula como candidato.
"Eu quero dizer para vocês que estou tranquilo, mas estou magoado", afirmou o ex-presidente durante a reunião com líderes sindicais nesta segunda, dizendo ser julgado por um crime sem provas. "Eu vou tranquilamente aguardar o resultado, eu vou recorrer, qualquer que seja o resultado eu vou recorrer".
O petista disse ainda estar sendo julgado para não fazer parte da corrida eleitoral. "Eu não posso ser alijado de uma disputa política porque os que não gostam de mim não querem que eu seja. Então eu prefiro ser julgado pelos que gostam. Prefiro ser julgado pela maioria do povo brasileiro, que ao longo desse tempo aprendeu que é sim possível esse país ser melhor", afirmou.
Viagem dividiu petistas
A viagem do ex-presidente a Porto Alegre já era esperada, mas nenhum representante do PT ou de Lula havia confirmado publicamente até o momento.
Antes da confirmação, a ida de Lula ao Rio Grande do Sul dividiu opiniões. O coordenador nacional do MST, João Pedro Stédile, chegou a opinar que a presença do ex-presidente na cidade poderia ser vista como uma provocação à Justiça. No entanto, Stédile também disse que o fato de Lula estar na capital gaúcha poderia "animar a militância", ponto que lideranças do PT ouvidas pelo UOL também mencionaram anteriormente.
Mais cedo hoje, fontes do partido informaram ao UOL que Lula gostaria de estar em Porto Alegre, mas que a decisão dependia de uma reunião do ex-presidente com seus advogados. A defesa do petista não confirmou esta versão.
Lula será julgado no TRF-4 na quarta-feira (24) no caso do tríplex do Guarujá (SP). Em primeira instância, ele foi condenado pelo juiz Sergio Moro a 9 anos e meio de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Caso a condenação seja mantida, o petista, que lidera as principais pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial de 2018, pode ficar inelegível.