PBH

Juliano Lopes (Podemos) abriu a semana de trabalhos na Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) se reunindo com vereadores e o secretário de Estado de Governo, Marcelo Aro (PP). O presidente da Câmara Municipal (CMBH) ocupará o Executivo pelos próximos quatro dias, enquanto o prefeito Álvaro Damião (União Brasil) cumpre agenda oficial em viagem ao Peru.

Em entrevista coletiva na sede da PBH nesta segunda-feira (7/4), Lopes aproveitou o expediente como prefeito em exercício para agradecer ao gesto de Damião. A viagem internacional foi um gesto de conciliação entre os poderes após início de ano conturbado.

“Primeiramente, sou agradecido a Deus, à minha família e às pessoas que me confiaram o voto lá atrás na eleição do ano passado. Também ao gesto que o prefeito Damião fez, porque, na verdade, ele não precisava passar a prefeitura, já que a lei orgânica obriga apenas após 15 dias. Então, estou muito feliz nesse momento e fiz questão de chamar todos os vereadores da Câmara para que a gente possa conversar um pouco sobre prefeitura”, declarou Lopes.

Representantes de todos os partidos da Câmara compareceram à reunião. Estavam presentes Fernanda Altoé (Novo), Flávia Borja (DC), Pablo Almeida (PL), Wagner Ferreira (PV), Wanderley Porto (PRD), Arruda (Republicanos), Bruno Miranda (PDT), Cláudio do Mundo Novo (PL), Diego Sanches (Solidariedade) , Edmar Branco (PCdoB), Helton Jr (PSD), Irlan Melo (Republicanos), Janaína Cardoso (União Brasil), Leonardo Ângelo (Cidadania), Neném da Farmácia (Mobiliza), Osvaldo Lopes (Republicanos), Pedro Rousseff (PT), Rudson Paixão (Solidariedade), Sargento Jalyson (PL) e Tileléo (PP).

A tarde na prefeitura teve duas reuniões, a primeira apenas com os parlamentares de BH que integram a chamada ‘Família Aro’, grupo sob influência do secretário do governador Romeu Zema (Novo). Além dos vereadores da capital, participaram do encontro o próprio Marcelo Aro; o seu pai e deputado estadual, Zé Guilherme (PP); e a deputada federal e ex-presidente da Câmara Municipal, Nely Aquino (Podemos). 

Os ex-vereadores nomeados na semana passada, Rubão, que comandará a pasta de Esportes, e Marcos Crispim que assumiu a coordenadoria de vilas e favelas, também estavam na reunião com a Família Aro. O novo secretário de Governo da PBH e braço-direito de Damião, Guilherme Daltro, acompanhou o encontro e seguiu presente na conversa de Lopes com os vereadores.

Ao falar sobre a importância das duas reuniões, Juliano Lopes afirmou que Marcelo Aro aprovou o gesto de gentileza de Álvaro Damião por deixar o cargo para o presidente da Câmara. Ele aproveitou a oportunidade para alfinetar seu antecessor no comando do Legislativo, Gabriel Azevedo (MDB), a quem atribuiu a responsabilidade por uma pretensa falta de diálogo entre os poderes na capital mineira.

“A reunião passada foi conduzida por todos os vereadores da família Aro e o próprio secretário Marcelo esteve presente falando sobre o gesto que foi feito pela prefeitura. Na segunda reunião, fiz questão de chamar vários vereadores, tivemos aqui vereadores do PL, vereadores do PT, PC do B, para mostrar essa harmonia. Lógico que cada um tem a sua pauta, tem as suas diferenças, mas o mais importante é que não se repita o que não aconteceu na legislatura passada, quando a gente não teve qualquer tipo de diálogo com o antigo presidente”, afirmou.

Aproximação reiterada

As reuniões e a entrevista coletiva convocada por Juliano Lopes também funcionaram como uma chance do presidente da Câmara mostrar seu cartão de visitas no curto período em que ocupará o cargo de comando da capital mineira. Notoriamente contente pela oportunidade, o vereador agradeceu, inclusive, à equipe do Executivo que abasteceu a geladeira do gabinete do prefeito com refrigerante sem açúcar e suplemento alimentar, parte da dieta do professor de educação física.

Abrir espaço para Lopes faz parte de uma agenda de Damião em rota de conciliação com seus antigos colegas, os vereadores de BH. Na eleição para a mesa diretora e a presidência da Câmara Municipal, Juliano Lopes e a Família Aro conseguiram uma vitória sobre o candidato governista Bruno Miranda (PDT).

A campanha de Miranda foi coordenada pelo então vice-prefeito eleito, no fim do ano passado. Quando a investida governista saiu derrotada, em 1º de janeiro de 2025, Lopes e vereadores do grupo de Aro teceram duras críticas e ataques a Álvaro Damião, Gabriel Azevedo e parlamentares da situação.

Desde então, e também diante do adoecimento e falecimento do prefeito reeleito Fuad Noman (PSD), os dois poderes nas figuras de Damião e Lopes colecionaram uma série de declarações para colocar panos quentes na discussão. 

Em entrevista após a reunião, a vereadora Fernanda Pereira Altoé, que ocupa a presidência da Câmara na ausência de Juliano Lopes, também destacou o gesto de Damião ao cumprir agenda oficial e deixar a prefeitura para o parlamentar.  “O presidente Juliano, que hoje está como prefeito de Belo Horizonte e sendo substituído por mim na Câmara, mostra a necessidade e a possibilidade real de harmonia e independência entre Executivo e Legislativo, dando essa oportunidade ao prefeito Álvaro Damião de estar representando Belo Horizonte”.

Sem discussão de cargos

Juliano Lopes garantiu que a reunião a portas fechadas com Marcelo Aro, seu grupo de influência e os novos secretários da PBH não teve em pauta nenhuma negociação por novas pastas no Executivo. O vereador foi questionado sobre a presença de Guilherme Daltro nas agendas e disse que o encontro entre os articuladores políticos dos executivos estadual e municipal não envolveu acordos por cargos.

“Não foi tratado nada desse assunto, ele (Daltro) está presente porque ele é de fato o secretário de Governo e está representando também o prefeito, já que eu estou aqui apenas até sexta-feira (11/4). Ele esteve presente nas duas reuniões, ouvindo as demandas dos vereadores que devem trazer para ele”, garantiu. 

Damião foi empossado na semana passada após o período de luto oficial pela morte de Fuad e iniciou o que foi anunciado como ‘mudanças pontuais no secretariado’. Aro já teve influência no Executivo da capital mineira na última legislatura, quando teve quatro indicados na chefia de pastas da prefeitura.