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Desde que atravessou os portões do 19º Batalhão da PM do DF, o ex-ministro sinaliza que quer “fazer tudo certinho” para tentar sair dali o quanto antes. A agenda de adaptação inclui ofertas para ajudar no serviço administrativo, o projeto de montagem de uma horta particular na área externa da cela e um mergulho em leituras sérias – nada de caça-palavras, brincam aliados, numa referência ao hábito do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O roteiro de sobrevivência ganhou um capítulo paralelo: a tentativa da esposa de Torres de se credenciar como advogada do marido. A manobra daria a ela acesso livre e diário ao marido, por até 1 hora – sem depender das visitas duas vezes por semana concedidas aos familiares. "Ampliamos e inscrevemos toda a equipe para nos revezar nas visitas. É uma maneira de mantê-lo assistidos e com a cabeça ocupada", justifica o advogado Eumar Novacki. O pedido está nas mãos do ministro Alexandre de Moraes, que deve se manifestar a respeito nas próximas horas.
Mesmo um pouco abalado, Torres tenta aparentar resiliência. Quem esteve com ele nos primeiros dias relata uma oscilação entre silêncios e conversas em que revisita, com alguma amargura, sua passagem pelo governo. Diferente do foco projetado pela defesa nas sustentações orais, a ideia agora é se afastar do núcleo duro do golpe e sustentar que foi arrastado por circunstâncias e decisões alheias. “O Bolsonaro é meio doido”, resumiu um interlocutor próximo, na tentativa de separar as trajetórias.
A cela que abriga o ex-ministro – uma sala de Estado-Maior com capacidade para quatro pessoas – não é exatamente a que viralizou em vídeos recentes, mas fica porta com porta. A estrutura é semelhante: cama de casal, banheiro espaçoso e uma área interna para banho de sol e alongamentos. Torres está sozinho ali. Nos bastidores do sistema prisional, circula a avaliação de que o ambiente parecia ter sido preparado para Bolsonaro, que acabou designado para a Superintendência da PF, em Brasília, numa acomodação bem mais acanhada e sem área externa.
A ironia não passa despercebida entre os próprios policiais: Torres cumpre pena justamente no batalhão onde exerceu influência direta quando comandou a Segurança Pública do Distrito Federal. Em janeiro de 2023, recém-reempossado no cargo e embarcado para férias nos Estados Unidos, sua ausência virou parte central da narrativa da Procuradoria-Geral da República (PGR), peça que ajudou a construir a condenação por omissão e participação no plano para corroer as instituições.
Agora, na rotina da Papudinha, Torres tenta mapear o labirinto jurídico e político que ajudou a criar – e do qual tenta sair, capítulo a capítulo, formulário a formulário, regador em mãos.
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Desde que atravessou os portões do 19º Batalhão da PM do DF, o ex-ministro sinaliza que quer “fazer tudo certinho” para tentar sair dali o quanto antes. A agenda de adaptação inclui ofertas para ajudar no serviço administrativo, o projeto de montagem de uma horta particular na área externa da cela e um mergulho em leituras sérias – nada de caça-palavras, brincam aliados, numa referência ao hábito do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O roteiro de sobrevivência ganhou um capítulo paralelo: a tentativa da esposa de Torres de se credenciar como advogada do marido. A manobra daria a ela acesso livre e diário ao marido, por até 1 hora – sem depender das visitas duas vezes por semana concedidas aos familiares. "Ampliamos e inscrevemos toda a equipe para nos revezar nas visitas. É uma maneira de mantê-lo assistidos e com a cabeça ocupada", justifica o advogado Eumar Novacki. O pedido está nas mãos do ministro Alexandre de Moraes, que deve se manifestar a respeito nas próximas horas.
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