JULGAMENTO

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino encaminhou um ofício ao diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Augusto Passos Rodrigues, relatando ter recebido “graves ameaças contra a vida e integridade física”, logo após proferir o voto no julgamento da Ação Penal nº 2.668, que apura a tentativa de golpe de Estado de 2022 e tem o ex-presidente Jair Bolsonaro como principal articulador da trama. O ofício, assinado eletronicamente nesta terça-feira (9/9), foi encaminhado à PF com pedido de providências.

No documento, Dino afirmou que as intimidações foram feitas pela internet e apresentaram um padrão de incitação. “Há uma constante alusão a eventos ocorridos no ‘Nepal’, o que parece sugerir uma ação concertada com caráter de incitação”, escreveu.

Dino destacou que os exemplos anexados no documento enviado à PF configuram “indicadores de coação no curso do processo, entre outros possíveis crimes”. Ele também alertou para a possibilidade de que as ameaças virtuais desencadeiem ataques concretos. “Há indivíduos que são conduzidos por postagens e discursos distorcidos sobre processos judiciais, acarretando atos delituosos — a exemplo de ataques ao edifício-sede do STF, inclusive com uso de bombas”, afirmou.

Entre as mensagens reunidas no anexo, algumas sugerem diretamente violência física, como: “Bala nos comunistas” e “Seria maravilhoso ver acontecer no Brasil o que está acontecendo no Nepal, toda essa raça levando um cacete”. Outras debocham do ministro e reforçam as referências ao país asiático: “O Nepal mostrou para todos nós o caminho para acabar com vocês”.

Dino lembrou que as instituições já enfrentaram episódios em que a retórica violenta estimulou ataques reais, e reforçou a necessidade de investigação rápida.