INVESTIGAÇÃO
 

A suplência de Chico Rodrigues tornou-se um problema sério para o Senado. Em condições normais, assumiria seu filho, Pedro Arthur Rodrigues (DEM-RR), que é o primeiro suplente, mas, após divulgação de novas informações do relatório da Polícia Federal, a situação complicou-se por causa não apenas da apreensão de uma pedra suspeita de ser uma pepita de ouro, mas também de um revólver Taurus 38 Special, de seis munições avulsas para a arma e de duas caixas de munições de espingarda calibres 20 e 36.


Segundo o relatório da PF, o senador foi questionado sobre o material. Disse que seriam do filho, mas mudou a versão afirmando serem dele. Mas, o relatório dos agentes registrou, ainda, que encontrou no celular de Pedro Arthur informações de que ele faz parte de um grupo de caçadores e atiradores.


Um parlamentar do Democratas, legenda de pai e filho, disse ao Correio na condição de anonimato que muitos congressistas estavam chocados com as novas informações. Para ele, não há mais clima para o retorno de Chico, e que deveria renunciar ao mandato. Ele salienta que a situação mancha a imagem da Casa, sobretudo por causa da proximidade com as eleições municipais.


O movimento, porém, é no sentido de deixar as coisas esfriarem, possibilitando salvar o mandato do senador sem que parlamentares tenham que votar um afastamento do colega ou defendê-lo publicamente. O líder da minoria, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), avalia que mesmo após as novas informações envolvendo Chico, a manobra para deixar a poeira abaixar continua. “A opção que está sendo feita é de empurrar com a barriga”, afirmou.


Há uma representação contra o senador no Conselho de Ética, protocolada pelos partidos Rede Sustentabilidade e Cidadania, mas os trabalhos estão suspensos por uma resolução da Mesa Diretora desde o primeiro semestre devido à pandemia do novo coronavírus –– o colegiado é presidido Jayme Campos (MT), da mesma legenda de Chico. Enquanto isso, Pedro espera a decisão que estaria sendo construída. O filho do senador tem 30 dias para decidir se assume a cadeira do pai. O prazo vence às vésperas das eleições municipais.