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Ex-bolsonarista ferrenha, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) avalia que o governo de Jair Bolsonaro chega aos 1.000 dias repleto de problemas que dificilmente serão debelados até o final do mandato. Em entrevista, ontem, ao CB.Poder, nem mesmo o fato de o presidente da República estar mais “calmo” ajudará nessa virada do quadro econômico. A parlamentar também acredita que há espaço para um candidato de terceira via e acredita que o mais forte entre os ventilados até agora é João Doria. Aliás, para Joice, isso se confirma pelo fato de o governador de São Paulo ser permanentemente atacado por Bolsonaro. Confira os principais pontos da entrevista.
Como a senhora avalia, hoje, o governo de Jair Bolsonaro? Vai melhorar ou piorar?
Depois das provocações graves no 7 de Setembro, que Bolsonaro fez ao ministro Alexandre de Moraes, percebe-se que está muito mais calmo, apesar das bobagens ditas no discurso na ONU (Organização das Nações Unidas). Não tem atacado com tanta voracidade o que considera seus desafetos, ou as instituições, porque viu que passou muito do limite. Acho pouco provável que Bolsonaro aumente popularidade. Por uma questão simples: inflação galopante, que vai crescer; aumento da Selic (taxa básica de juros), o que significa crédito mais caro e menos empréstimo; as famílias estão mais endividadas; as quase 600 mil mortes pela covid-19; e a questão do desemprego. Colocando tudo isso numa cesta, são muitos fatores negativos em torno de um presidente com 1.000 dias de governo. Quando se compara a popularidade dele a de outros ex-presidentes, está em um nível menor que o do Fernando Collor. E tem o gueto das redes sociais, onde existe uma trapaça por meio do gabinete do ódio. Esse grupo vai ficar sempre ali, não importa o que Bolsonaro faça. Não vejo possibilidade de a popularidade dele crescer.
A senhora acredita no lançamento de uma terceira via para disputar o Planalto em 2022?
Muito. Nós, jornalistas, somos ansiosos em relação às eleições. Mas, para o cidadão, a preocupação começa no início do ano que vem, quando começa a olhar o cardápio de candidatos. Em política, tudo pode acontecer. Realmente, acredito na terceira via. Mas, claro que os partidos precisam se entender.
Quem a senhora vê de forma promissora para terceira via?
João Doria (governador de São Paulo). E Bolsonaro também acha. Não fosse isso, não seria Doria o alvo de ataque favorito do presidente. Doria assombra Jair Bolsonaro.
Existe um movimento de fusão do PSL, seu partido, com o Democratas. Como avalia isso?
Com preocupação. Já entrei com pedido para sair do meu partido — quando, numa jogada política imoral, entregou o coração da legenda de volta ao bolsonarismo radical. O DEM foi sendo esvaziado, também numa briga boba que ocorreu com o PSDB, na retirada de Rodrigo Garcia, do DEM, para candidatura ao governo de São Paulo. Não precisava acontecer. Assim, o Democratas foi ficando pequeno. Antes, era um partido que comandava a presidência da Câmara, do Senado e com possibilidade de filiação do vice-governador de São Paulo a ele. Para o partido, foi um movimento de sobrevivência política. Ao mesmo tempo, tem uma cabeça pensante, que é o ACM Neto (presidente do DEM), que de maneira nenhuma deve ser desprezada.
A senhora depôs na CPI da Fake News e se disse vítima do “gabinete do ódio”. Até onde essa gente pode ir?
Comprovei a existência do gabinete do ódio enquanto estava depondo. Fiz uma investigação e fui muito atacada. Aliás, adoram atacar mulheres; as mulheres são o alvo preferencial deles. Agora, por que a CPI não andou? O famoso efeito emenda. Se olharmos quantos senadores receberam de emendas extras, vamos entender por que a CPI parou.
E o episódio que envolveu a senhora recentemente: foi agressão ou acidente?
Para mim, a conclusão da investigação, de queda, foi uma surpresa. Mas uma surpresa explicável. Não temos (nos apartamentos funcionais) imagens. Existem vários pontos cegos dentro do prédio e não há câmeras de segurança nas escadas ou corredores. A polícia não tinha informação nenhuma e, por causa disso, houve a constatação de queda. Particularmente, sei que não foi uma queda. Mas, não podemos criar provas. A polícia fez seu trabalho e chegou aonde podia chegar.
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Ex-bolsonarista ferrenha, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) avalia que o governo de Jair Bolsonaro chega aos 1.000 dias repleto de problemas que dificilmente serão debelados até o final do mandato. Em entrevista, ontem, ao CB.Poder, nem mesmo o fato de o presidente da República estar mais “calmo” ajudará nessa virada do quadro econômico. A parlamentar também acredita que há espaço para um candidato de terceira via e acredita que o mais forte entre os ventilados até agora é João Doria. Aliás, para Joice, isso se confirma pelo fato de o governador de São Paulo ser permanentemente atacado por Bolsonaro. Confira os principais pontos da entrevista.
Como a senhora avalia, hoje, o governo de Jair Bolsonaro? Vai melhorar ou piorar?
Depois das provocações graves no 7 de Setembro, que Bolsonaro fez ao ministro Alexandre de Moraes, percebe-se que está muito mais calmo, apesar das bobagens ditas no discurso na ONU (Organização das Nações Unidas). Não tem atacado com tanta voracidade o que considera seus desafetos, ou as instituições, porque viu que passou muito do limite. Acho pouco provável que Bolsonaro aumente popularidade. Por uma questão simples: inflação galopante, que vai crescer; aumento da Selic (taxa básica de juros), o que significa crédito mais caro e menos empréstimo; as famílias estão mais endividadas; as quase 600 mil mortes pela covid-19; e a questão do desemprego. Colocando tudo isso numa cesta, são muitos fatores negativos em torno de um presidente com 1.000 dias de governo. Quando se compara a popularidade dele a de outros ex-presidentes, está em um nível menor que o do Fernando Collor. E tem o gueto das redes sociais, onde existe uma trapaça por meio do gabinete do ódio. Esse grupo vai ficar sempre ali, não importa o que Bolsonaro faça. Não vejo possibilidade de a popularidade dele crescer.
A senhora acredita no lançamento de uma terceira via para disputar o Planalto em 2022?
Muito. Nós, jornalistas, somos ansiosos em relação às eleições. Mas, para o cidadão, a preocupação começa no início do ano que vem, quando começa a olhar o cardápio de candidatos. Em política, tudo pode acontecer. Realmente, acredito na terceira via. Mas, claro que os partidos precisam se entender.
Quem a senhora vê de forma promissora para terceira via?
João Doria (governador de São Paulo). E Bolsonaro também acha. Não fosse isso, não seria Doria o alvo de ataque favorito do presidente. Doria assombra Jair Bolsonaro.
Existe um movimento de fusão do PSL, seu partido, com o Democratas. Como avalia isso?
Com preocupação. Já entrei com pedido para sair do meu partido — quando, numa jogada política imoral, entregou o coração da legenda de volta ao bolsonarismo radical. O DEM foi sendo esvaziado, também numa briga boba que ocorreu com o PSDB, na retirada de Rodrigo Garcia, do DEM, para candidatura ao governo de São Paulo. Não precisava acontecer. Assim, o Democratas foi ficando pequeno. Antes, era um partido que comandava a presidência da Câmara, do Senado e com possibilidade de filiação do vice-governador de São Paulo a ele. Para o partido, foi um movimento de sobrevivência política. Ao mesmo tempo, tem uma cabeça pensante, que é o ACM Neto (presidente do DEM), que de maneira nenhuma deve ser desprezada.
A senhora depôs na CPI da Fake News e se disse vítima do “gabinete do ódio”. Até onde essa gente pode ir?
Comprovei a existência do gabinete do ódio enquanto estava depondo. Fiz uma investigação e fui muito atacada. Aliás, adoram atacar mulheres; as mulheres são o alvo preferencial deles. Agora, por que a CPI não andou? O famoso efeito emenda. Se olharmos quantos senadores receberam de emendas extras, vamos entender por que a CPI parou.
E o episódio que envolveu a senhora recentemente: foi agressão ou acidente?
Para mim, a conclusão da investigação, de queda, foi uma surpresa. Mas uma surpresa explicável. Não temos (nos apartamentos funcionais) imagens. Existem vários pontos cegos dentro do prédio e não há câmeras de segurança nas escadas ou corredores. A polícia não tinha informação nenhuma e, por causa disso, houve a constatação de queda. Particularmente, sei que não foi uma queda. Mas, não podemos criar provas. A polícia fez seu trabalho e chegou aonde podia chegar.