TARIFAÇO

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou nesta segunda-feira (22/9) que está disposto a conversar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as tarifas de 50% impostas aos produtos brasileiros. Lula está em Nova York, nos EUA, onde fará o tradicional discurso de abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira (23/9). 

“No momento em que os Estados Unidos desejarem negociar, estaremos prontos para negociar. As pessoas que tenho prontas para negociar são meu vice-presidente da República, que também é ministro da Indústria e Comércio, meu ministro das Finanças, meu ministro das Relações Exteriores. Eles já estão na produção, mas não há ninguém do lado americano”, disse, em entrevista ao canal norte-americano PBS. 

Em julho, o presidente Donald Trump citou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado como um dos motivos para o aumento na taxação aos produtos brasileiros. Na carta em que anunciou o tarifaço, Trump chamou o julgamento de "caça às bruxas", e exigiu sua interrupção "imediatamente".

“Toda vez que tentamos falar sobre comércio, de alguém dos EUA, eles dizem: ‘Isso não é comigo. Não, isso não é uma questão comercial. É uma questão política’. Então, no momento em que o presidente Trump desejar falar de política, eu também posso falar sobre política”, declarou Lula, na entrevista à PBS. 

No entanto, o presidente voltou a defender a soberania do Brasil e afirmou que não aceita que “nenhum país do mundo interfira na nossa democracia”. A declaração aconteceu no dia em que o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos impôs sanções financeiras e territoriais da Lei Global Magnitsky à advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

"O que não aceitamos é que ninguém, nenhum país do mundo interfira na nossa democracia ou na nossa soberania. No momento em que o governo dos EUA estiver disposto a conversar com o governo brasileiro, posso garantir que estamos prontos para conversar. Tudo pode ser resolvido em uma mesa de negociações. Uma mesa de negociações não custa nada. Não destrói uma ponte. Não destrói um barco, não mata uma única pessoa. Tudo leva tempo, mas é melhor, é mais saudável”, destacou Lula.