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string(103) "Crise da Ambipar expõe falha do gestor financeiro João Arruda e possível conluio com o Deutsche Bank"
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string(8144) "Brasil247 – A Ambipar, antes símbolo do capitalismo verde brasileiro, enfrenta uma crise financeira após uma sequência de decisões equivocadas lideradas por João Daniel Piran de Arruda, então diretor financeiro da companhia. Sob sua gestão, uma operação de hedge com o Deutsche Bank transformou-se em uma armadilha que destruiu valor, provocou chamadas de margem diárias e afetou a credibilidade da empresa no mercado.
As informações foram reveladas pelo Brazil Stock Guide, que analisou documentos, contratos e ouviu fontes ligadas às negociações. A crise expôs não apenas falhas graves de gestão, mas também levantou suspeitas de conluio financeiro entre Arruda e o Deutsche Bank, além de ter causado enormes prejuízos a investidores da XP que compraram produtos lastreados nos títulos da Ambipar.
Um CFO com carta branca — e consequências devastadoras
Com formação pela FGV e carreira sólida no Bank of America, Arruda assumiu a diretoria financeira da Ambipar em agosto de 2024. Ganhou carta branca para reestruturar áreas estratégicas, demitiu executivos experientes e assumiu o controle das operações de derivativos e captação de recursos.
Sua autonomia permitiu a criação de uma estrutura complexa de proteção cambial que, na prática, vinculava o valor de mercado dos green bonds da Ambipar ao volume de garantias exigidas pelos bancos. Cada queda no preço dos títulos resultava em novas chamadas de margem — um mecanismo que, mais tarde, afetaria o caixa da empresa.
O acordo com o Deutsche Bank e a armadilha dos PIK bonds
Em fevereiro de 2025, Arruda transferiu a carteira de derivativos do Bank of America para o Deutsche Bank, pagando R$ 20 milhões de multa e mais R$ 62 milhões em aditivos contratuais. A operação introduziu os chamados PIK bonds (Payment-in-Kind) — títulos que permitiam à empresa postergar juros, mas elevavam substancialmente o risco financeiro.
O resultado foi um mecanismo descrito por analistas como “autodestrutivo”: quando os títulos caíam no mercado, aumentavam as exigências de garantias pelo Deutsche Bank, exaurindo o caixa da Ambipar e disparando um efeito dominó. Especialistas ouvidos pelo Brazil Stock Guide afirmam que a estrutura beneficiava o banco alemão e arrastava a companhia ao colapso.
Green bonds viram gatilho para o colapso
O desastre atingiu justamente os títulos que fizeram a fama global da Ambipar: os green bonds de 2023, emitidos por US$ 750 milhões e premiados internacionalmente. Foram esses papéis que lastrearam o hedge com o Deutsche Bank.
Quando o aditivo de PIK bonds se tornou público, os títulos despencaram de 100 para 60 centavos por dólar, e os bancos iniciaram a execução de garantias. Em poucos dias, a dívida foi liquidada compulsoriamente e o valor de mercado da empresa evaporou.
XP e o prejuízo para investidores de varejo
O impacto não se limitou ao mercado institucional. A XP vendeu Certificados de Operações Estruturadas (COEs) baseados nos green bonds da Ambipar, com slogans como “IPCA + 11,75%” e “sem risco cambial”. Mais de R$ 900 milhões foram captados de aproximadamente 4.200 investidores de varejo, em produtos com nomes como COE ESG Brasil Verde e Ambipar Global Environment.Com o colapso dos títulos, esses COEs foram liquidados e muitos chegaram a valer centavos. Clientes receberam mensagens informando “gatilho de perda total”. Um investidor relatou: “Disseram que era verde, que era seguro. Perdi tudo.”
A CVM avalia investigar falhas de transparência e possível conflito de interesses entre originação e distribuição dos produtos pela XP.
Demissão inesperada e abandono de credores
Em 19 de setembro, às vésperas de uma reunião com credores em Nova York, Arruda pediu demissão por e-mail às 22h30 e não compareceu ao encontro. “Todo mundo estaria lá — fundo americano, europeu, brasileiro — e ele sumiu”, afirmou uma fonte à reportagem.
Após sua saída, o Deutsche Bank intensificou a exigência de garantias, bancos executaram contratos e as ações da Ambipar derreteram 97% na B3, chegando a menos de R$ 0,40.
Justiça, disputas e acusações
A Ambipar ingressou na Justiça pedindo proteção contra credores e acusa abuso contratual por parte do Deutsche Bank. Paralelamente, a empresa move ação criminal contra Arruda e outros diretores por falsidade ideológica, estelionato e fraude. A defesa de Arruda, no entanto, afirma que a Ambipar tenta “atribuir responsabilidades indevidas” e menciona documentos assinados por outros executivos.
A crise da Ambipar tornou-se um marco negativo para o mercado brasileiro. Ela colocou em xeque a credibilidade dos green bonds, expôs a fragilidade do modelo ESG sem governança e trouxe à tona a possibilidade de conluio entre o gestor financeiro e instituições bancárias.
João Arruda, antes celebrado como arquiteto das grandes operações da empresa, agora é apontado como o principal responsável pelo colapso — um caso que pode redefinir a regulação de derivativos, títulos sustentáveis e produtos vendidos a investidores de varejo no Brasil.
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Sua autonomia permitiu a criação de uma estrutura complexa de proteção cambial que, na prática, vinculava o valor de mercado dos green bonds da Ambipar ao volume de garantias exigidas pelos bancos. Cada queda no preço dos títulos resultava em novas chamadas de margem — um mecanismo que, mais tarde, afetaria o caixa da empresa.
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João Arruda, antes celebrado como arquiteto das grandes operações da empresa, agora é apontado como o principal responsável pelo colapso — um caso que pode redefinir a regulação de derivativos, títulos sustentáveis e produtos vendidos a investidores de varejo no Brasil.