ARQUIVADO


Os deputados federais reprovaram, nesta terça-feira (10/8), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso. O texto, analisado pelos parlamentares, recebeu 218 votos contrários. Outros 229 se manifestaram favoravelmente. O texto, no entanto, teria que ter 308 votos para ser aprovado e, em seguida, ser encaminhado ao Senado Federal. Ao todo, 448 votos foram registrados.

A contagem de votos via cédulas físicas é reivindicação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A PEC sobre o tema foi apresentada por Bia Kicis (PSL-DF), aliada ao chefe do poder Executivo. O texto foi pensado para que o eleitor pudesse consultar, em papel, os votos dados na urna eletrônica. As escolhas ficariam registradas em um documento que poderia ser conferido visualmente pelo cidadão ainda no ato da votação.


A baixa probabilidade de sucesso da pauta bolsonarista já havia sido ressaltada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Com isso, o texto será arquivado.


"O que está acontecendo aqui é um desvio de foco para não se discutir os verdadeiros problemas do país. Esses negacionistas são os mesmos que não queriam vacina", afirmou o deputado Aliel Machado (PSB-PR) durante a sessão.


Major Vitor Hugo (PSL-GO), ex-líder do governo Bolsonaro, chegou a defender o adiamento da votação, o que não aconteceu. Já Kim Kataguiri (DEM-SP) disse que um grupo de deputados "traidores" da base governista, temerosos por uma rejeição do voto impresso, mudaram de opinião a fim de tentar atrasar a análise.

Comissão já havia rejeitado auditoria em papel


Na semana passada, a Comissão Especial constituída para analisar a PEC do voto impresso já havia rechaçado parecer do deputado Filipe Barros (PSL-PR), que recomendou aos colegas a aprovação do texto. O comitê aprovou, um dia depois, o relatório de Raul Henry (MDB-PE) que opinou pela rejeição da auditoria em papel.


Mesmo com a derrota do texto, Lira resolveu submeter o tema ao conjunto de deputados. Ele se amparou no fato de a Comissão Especial não ser terminativa - e, sim, consultiva. Portanto, a tramitação pôde continuar.


Ao anunciar que a matéria iria compor a pauta do plenário nesta semana, Lira afirmou que a decisão foi tomada "pela tranquilidade das próximas eleições".


Antes da votação, Brasília teve desfile militar


Horas antes da sessão deliberativa desta terça começar, houve um desfile de tanques e outros veículos militares da Marinha por Brasília. O aparato militar passou pela Esplanada dos Ministérios e parou diante do Palácio do Planalto, para convidar Bolsonaro a um exercício de demonstração.


Embora tenha definido a ocorrência do ato no dia da análise do voto impresso como "triste coincidência", Lira garantiu, logo que chegou ao Congresso Nacional, a manutenção do tema na pauta.


"Temos assuntos muito mais importantes que o voto impresso para serem debatidos. Por isso coloquei em pauta, para ser finalizado e focarmos no Brasil", pontuou.