'FALTA HUMILDADE'

Apesar do partido fazer parte da base de Romeu Zema (Novo), o deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL) não poupou críticas ao governador, a quem ele chamou de “desumilde” e disse não dialogar com os parlamentares. Parte de um grupo que defende os interesses da segurança pública, Caporezzo tem condenado postura do governo estadual de não conceder um reajuste inflacionário maior à categoria.

Em conversa com o Café com Política da FM O TEMPO 91,7, o deputado relembrou que Zema havia prometido uma correção inflacionária de três parcelas às políticas militar, civil e penal, mas que, após o pagamento da primeira parte, suspendeu o reajuste. “Seja homem. Se você prometeu, você tem que cumprir”, afirmou Caporezzo em menção ao compromisso feito pelo governador.

O representante do PL classificou a ação de Zema como um “estelionato eleitoral” e disse que o governador precisa parar de seguir “o jeito Lula de fazer as coisas”. “E ele prometeu com todas as palavras que pelo menos a recomposição das perdas inflacionárias ele iria pagar. Ele prometeu para todo o funcionalismo público. Ninguém obrigou ele a falar isso. Mas poxa, já que ele falou, cumpra”, disse, também mencionando o aumento em 300% no próprio salário de Zema.

O deputado, que seria candidato do PL à Prefeitura de Uberlândia e desistiu após orientação do maior nome da sigla, Jair Bolsonaro, ainda apontou que Zema não dialoga com os deputados estaduais. “Existe uma falta de competência por parte do atual governo. Eu sou deputado, assumi em janeiro do ano passado e me coloquei à disposição para sentar e conversar com o governador. Ele falou que ia reunir e eu estou esperando essa reunião até hoje”, relembrou. 

Em referência ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), Caporezzo afirmou que Zema precisa “fazer política”, mas disse que não vê “articulação política ou vontade” por parte do governador. “Se ele não consegue reunir com os deputados dele aqui em Minas, que são só 77, ele só consegue mandar emissário para falar a suprema vontade dele. Imagina só articular em Brasília. Falta humildade”, criticou.

Mágoa antiga

Durante entrevista, Caporezzo ainda relembrou a decepção do partido com Zema durante as eleições presidenciais de 2020 e disse que o partido pode ter relevado a atuação, mas ele não perdoou o governador. 

“Ele [Zema] deveria ter apoiado o presidente Bolsonaro já no primeiro turno da eleição passada. Não apoiou, mas veio no segundo turno, fez o esforço dele. A gente tem que reconhecer”, afirmou o deputado. “Para mim, não [se perdoou Zema]. Para o partido, sim. Minas Gerais foi determinante nos rumos das eleições, a meu ver, aconteceu uma pequena recuperação. Se tivesse apoiado desde o primeiro turno, teria sido muito maior", relatou em menção à disputa que elegeu o atual presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT).

PL deve indicar vice em Uberlândia

Ainda durante a entrevista, Caporezzo destacou que o objetivo da candidatura à Prefeitura de Uberlândia era “proteger a cidade da esquerda”, que considera “um mal político”. “Ofereci a minha pré-candidatura, ofereci o meu nome para proteger a cidade e esse propósito permanece o mesmo. Nós percebemos que estava acontecendo ali uma divisão de votos que poderia fortalecer a esquerda”, relatou

Caporezzo destacou que “não tem vaidade nenhuma” e que, por isso, atendeu a sugestão de Bolsonaro para fazer uma composição com o atual prefeito, Odelmo Leão (PP), na pré-candidatura do vice-prefeito de Uberlândia e pré-candidato, Paulo Sérgio (PP). “Hoje tem o candidato do prefeito, agora fortalecido pelo PL, e tem a candidatura do PT, que é a candidatura que a gente quer bater. O PL vai inclusive ter o seu vice-prefeito lançado na chapa”, declarou durante entrevista ao Café com Política.

Apesar da afirmação, o deputado não revelou o nome que deve ser lançado pela sigla como vice-prefeito da chapa de Paulo Sérgio. Caporezzo relatou que, durante as eleições municipais de 2024, vai se dedicar a apoiar “cada uma” das 28 candidaturas do PL à Câmara Municipal de Uberlândia.

Eleições 2026

O deputado pelo partido de Jair Bolsonaro ainda fez menção às eleições presidenciais de 2026. Segundo Caporezzo, o PL tem “três nomes” definidos para o cargo. “Nós temos que pensar em 2026, porque eu tenho três nomes de candidatos para 2026. Esses três nomes são Jair, Messias e Bolsonaro”, declarou o político mineiro. Apesar da afirmação, o ex-presidente segue inelegível. 

Entrevista concedida aos jornalistas Guilherme Ibraim e Thalita Marinho