Jair Bolsonaro defendeu nesta quinta-feira (3) a decisão do Exército de não punir o general e ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, por ter participado do ato político de apoio a ele no dia 23 de maio, no Rio de Janeiro.

Durante sua live semanal nas redes sociais, Bolsonaro disse que "ninguém interfere" nas decisões do Exército. “A punição existe nas Forças Armadas. Ninguém interfere, e a disciplina só existe porque nosso Código Disciplinar é bastante rígido”, afirmou.

Apesar da declaração, Jair Bolsonaro pediu ao comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, para não punir Pazuello pela participação no ato político. A sinalização foi dada ao comandante durante a viagem dos dois ao município de São Gabriel da Cachoeira (AM), onde Bolsonaro fez uma visita de dois dias.


Na live desta quinta-feira, Bolsonaro reiterou que não havia motivos para punir Eduardo Pazuello. "No Rio de Janeiro, o movimento foi o 1º Encontro dos Motociclistas com Jair Bolsonaro. Pela liberdade e apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Alguma coisa política nisso?", questionou, ao lado do ministro da Educação, Milton Ribeiro.
 
Leia também matéria da agência Reuters sobre o assunto:

O Comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, considerou que a presença do ex-ministro da Saúde, general da ativa Eduardo Pazuello, em ato político no Rio de Janeiro no fim de maio não configurou prática de transgressão disciplinar e decidiu arquivar o procedimento administrativo contra o colega, informou nota do Exército nesta quinta-feira.

Pazuello participou, ao lado do presidente Jair Bolsonaro, de evento com apoiadores e chegou a fazer discurso ao microfone. Regulamento disciplinar do Exército considera transgressão a manifestação de militares da ativa a respeito de assuntos de natureza político-partidária.

"Acerca da participação do general de Divisão Eduardo Pazuello em evento realizado na cidade do Rio de Janeiro, no dia 23 de maio de 2021, o Centro de Comunicação Social do Exército informa que o Comandante do Exército analisou e acolheu os argumentos apresentados por escrito e sustentados oralmente pelo referido oficial-general", diz a nota.

"Desta forma, não restou caracterizada a prática de transgressão disciplinar por parte do General Pazuello. Em consequência, arquivou-se o procedimento administrativo que havia sido instaurado", acrescenta a nota.

Na terça-feira, Bolsonaro nomeou Pazuello secretário de Estudos Estratégicos da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, meses após substituí-lo como ministro da Saúde durante uma onda mortal da Covid-19 no Brasil.

O ato que suscitou o procedimento disciplinar no Exército ocorreu no fim de maio, pouco depois de depoimento do ex-ministro à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que apura a gestão federal no combate à pandemia, em especial no Amazonas, Estado mais atingido pela doença, além de possíveis irregularidades em repasses de recursos da União a entes federativos. Tanto Pazuello quanto Bolsonaro não utilizavam máscaras de proteção e havia concentração de apoiadores.