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"Eu tenho medo, principalmente porque existem crianças que não tem um acompanhamento adequado". O relato é da atriz Letícia Sirlan, de 29, mãe de duas meninas, de 5 e de 9 anos, estudantes da rede municipal de ensino de Belo Horizonte. Ela, que afirma se sentir aliviada com o retorno do ano letivo, revela também ficar preocupada com o distanciamento das meninas. Para ela, a escola, que deveria ser um local de aprendizagem e desenvolvimento, tem se tornado um ambiente inseguro, principalmente por causa de "brincadeiras", algumas delas erotizadas, que são, em sua maioria, impulsionadas pela internet. "Fica essa situação porque muitos pais não falam sobre isso com seus filhos, não conversam sobre sexo porque sentem medo das crianças começarem a ter relações, a namorar mais cedo", completa.
Embora não tenham registros confirmados, os pais relatam preocupação com uma suposta brincadeira que teria ocorrido em escolas de Belo Horizonte durante o último ano letivo. Trata-se da "dança da cadeira sexual", que já teria ocorrido em escolas de outros Estados, como o Rio de Janeiro, e de outros países como a Espanha. A brincadeira determina que os meninos fiquem sentados e as meninas dançam no ritmo da música que está tocando. Quando a música acaba, a menina deve sentar no colo de um dos meninos. Conforme as regras, os meninos deixam a roda conforme ejaculam e vence aquele que permanecer até o final.
A Secretaria Municipal de Educação, órgão da prefeitura de Belo Horizonte que é responsável por algumas das instituições de ensino da capital, afirma que não foi identificada nenhuma prática similar à citada durante todo o último ano letivo. A Secretaria Estadual de Educação, pasta do Governo do Estado, reforça a negativa e afirma que "não foi registrado nenhuma situação ou prática deste tipo dentro de uma escola da rede pública estadual de ensino". A Polícia Militar também não possui registros de boletins de ocorrência que relatam sobre a situação.
Para a neuropsicóloga Júlia Costa, que é especializada no atendimento de casos de abuso sexual, esse é um tema que preocupa e que muitas vezes é ignorado pelos responsáveis pelas crianças e pelas instituições de ensino. "Já tive pacientes, por exemplo, que passaram por alguma situação de abuso em escolas e que os pais não fizeram nada. Eles têm medo de denunciar, não fazem nada. Mas as pessoas precisam entender, tanto os pais quanto as escolas, que isso precisa ser registrado para que se tenha uma estatística sobre essa situação e que possamos atuar de maneira correta, com conhecimento do que ocorre", explica.
Costa considera que os casos de abusos, principalmente aqueles que acontecem em brincadeiras envolvendo crianças, são consequências da falta de informação e do acesso desregrado e sem acompanhamento às redes sociais. "Isso tem aumentado muito e acaba refletindo na escola e em todos os ambientes em que as crianças estão presentes. Só que a gente precisa entender que a criança que abusa também é vítima, isso porque ela aprendeu aquilo em algum lugar e ela só reproduz. Se a escola ou a família não der um basta, isso vai ser repetitivo", completa a neuropsicóloga.
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Costa considera que os casos de abusos, principalmente aqueles que acontecem em brincadeiras envolvendo crianças, são consequências da falta de informação e do acesso desregrado e sem acompanhamento às redes sociais. "Isso tem aumentado muito e acaba refletindo na escola e em todos os ambientes em que as crianças estão presentes. Só que a gente precisa entender que a criança que abusa também é vítima, isso porque ela aprendeu aquilo em algum lugar e ela só reproduz. Se a escola ou a família não der um basta, isso vai ser repetitivo", completa a neuropsicóloga.