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Muita gente criticava o fato de Fuad Noman priorizar a campanha eleitoral em desfavor do cuidado com a saúde, especialmente após o diagnóstico do linfoma não-hodgkin. Ainda assim, o então prefeito, inexperiente na disputa política, não esmoreceu e encontrou nela a energia que o recarregava a continuar a caminhada.
Além da vaidade pessoal, ele sabia da importância política de sua reeleição. Virou uma missão, mais do que apenas ganhar uma eleição e conquistar o poder por mais quatro anos. Comparando bem ou mal, sua missão é proporcionalmente semelhante e lembra a do ex-presidente Tancredo Neves. Ambos tiveram coincidências que combinaram saúde, política e democracia.
Os dois deixaram a saúde em segundo plano para evitar o pior. Em janeiro de 1985, Tancredo venceu e pôs fim à ditadura de 20 anos no país, encerrando um ciclo de abusos, autoritarismo, obscurantismo, repressão, torturas e mortes. Ao final, restaurou a democracia, mas morreu antes de tomar posse.
De sua simplicidade, Fuad garantiu, com a primeira vitória eleitoral na longa vida pública, a continuidade do centro democrático, evitando que o bolsonarismo tomasse BH. Essa foi a principal conquista dele. Sozinho e sem apoio de um padrinho político forte, venceu a direita e a esquerda no primeiro turno. No segundo turno, bateu, de virada, a extrema-direita encorpada pelo governador Romeu Zema e pelo ex-presidente Bolsonaro. Junto desses, os chamados campeões de votos Nikolas Ferreira (deputado federal de 1,5 milhão de votos) e o senador Cleitinho Azevedo (senador de mais de 4 milhões de votos).
Trajetória política
O economista Fuad Noman sempre foi um técnico nos governos, especialmente dos tucanos do PSDB. Cerca de 30 anos depois, tomou gosto pela política e buscou o próprio caminho. Tornou-se aliado do presidente Lula (PT), a quem apoiou nas eleições de 2022. Ao contrário dele, os tucanos flertaram com o golpismo (chamado impeachment da petista Dilma Rousseff) e migraram para a centro-direita.
Serenidade contra agressões
Por mais de uma vez, o então candidato à reeleição Fuad recomendava à sua assessoria de comunicação não rebater as inúmeras agressões contra ele. Ainda que ficasse incomodado, sempre dizia “isso é calor, furor da juventude, vai passar”. Contrariados, os assessores ensarilhavam as armas.
Pastel e quibe
Outra passagem curiosa do estilo e simplicidade do prefeito de BH era o cardápio das reuniões. Se havia pastel, ficava animado porque a pauta era positiva. Quando havia quibe, fechava a cara porque a crise também estava na mesa.
Atlético atrapalhava
Secretários e assessores evitavam falar de futebol nas reuniões com Fuad. Apaixonado pelo Atlético, ele se empolgava e só falava disso e das novas contratações, atrasando os debates. Não entendia muito bem dos outros esportes. Ao defender, por exemplo, os impactos positivos da Stock Car, em BH, recorria a dados e números na ponta da língua. Ao final do encontro, chegou a perguntar a um assessor como era a tal da corrida. Nunca tinha visto antes um carro adotado nessa modalidade.
Desafios de Damião
Após esse momento de luto, começa na próxima semana a campanha de oposição ao novo prefeito de BH, Álvaro Damião (União Brasil). Indicado pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD) para integrar a chapa de Fuad, Damião terá que lidar com o pesar de toda a cidade, frustrada com a morte do prefeito que elegeu. Ao meio político, o desafio será provar que, apesar do destino, tem musculatura para o cargo. Caso contrário, a oposição vai eleger já o nome que vai disputar a sucessão dele.
Bolsonaro prepara fuga?
Os movimentos de Bolsonaro foram avaliados por especialistas como alguém que está preparando a fuga para escapar da condenação à prisão. Como está com 70 anos, voltaria ao Brasil em seis anos com a pena prescrita. Mesmo na condição de acusado de chefiar a trama golpista, ele voltou a encarar o sistema de Justiça, ao dar presença no próprio julgamento nessa terça-feira.
Não foi lá fazer sua defesa, até porque, nesse terreno, a competência e prerrogativa são dos advogados que ele constituiu. Se não confia nos defensores, é outro problema. Mas ficou na primeira fila, dando encaradas no ministro Alexandre de Moraes e outros, numa tentativa explícita de constranger e intimidar. Mais uma vez não funcionou. Tanto é que a Primeira Turma o tornou réu na ação penal movida pela Procuradoria-Geral da República por tentativa de golpe de Estado.
Tarcísio prepara saída
Com a decisão do STF de tornar Bolsonaro réu, o aliado e governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), já prepara a saída do cargo para abril do ano que vem. Sua missão será substituir Bolsonaro na disputa presidencial contra Lula. Além do cargo, ele já molda o discurso mais ao centro político. Há quatro dias, disse que não tem problemas com as urnas eletrônicas. Com isso, o ex-presidente espera que o aliado, uma vez no cargo, o livre da cadeia.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Minas1 sobre o tema.
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Além da vaidade pessoal, ele sabia da importância política de sua reeleição. Virou uma missão, mais do que apenas ganhar uma eleição e conquistar o poder por mais quatro anos. Comparando bem ou mal, sua missão é proporcionalmente semelhante e lembra a do ex-presidente Tancredo Neves. Ambos tiveram coincidências que combinaram saúde, política e democracia.
Os dois deixaram a saúde em segundo plano para evitar o pior. Em janeiro de 1985, Tancredo venceu e pôs fim à ditadura de 20 anos no país, encerrando um ciclo de abusos, autoritarismo, obscurantismo, repressão, torturas e mortes. Ao final, restaurou a democracia, mas morreu antes de tomar posse.
De sua simplicidade, Fuad garantiu, com a primeira vitória eleitoral na longa vida pública, a continuidade do centro democrático, evitando que o bolsonarismo tomasse BH. Essa foi a principal conquista dele. Sozinho e sem apoio de um padrinho político forte, venceu a direita e a esquerda no primeiro turno. No segundo turno, bateu, de virada, a extrema-direita encorpada pelo governador Romeu Zema e pelo ex-presidente Bolsonaro. Junto desses, os chamados campeões de votos Nikolas Ferreira (deputado federal de 1,5 milhão de votos) e o senador Cleitinho Azevedo (senador de mais de 4 milhões de votos).
Trajetória política
O economista Fuad Noman sempre foi um técnico nos governos, especialmente dos tucanos do PSDB. Cerca de 30 anos depois, tomou gosto pela política e buscou o próprio caminho. Tornou-se aliado do presidente Lula (PT), a quem apoiou nas eleições de 2022. Ao contrário dele, os tucanos flertaram com o golpismo (chamado impeachment da petista Dilma Rousseff) e migraram para a centro-direita.
Serenidade contra agressões
Por mais de uma vez, o então candidato à reeleição Fuad recomendava à sua assessoria de comunicação não rebater as inúmeras agressões contra ele. Ainda que ficasse incomodado, sempre dizia “isso é calor, furor da juventude, vai passar”. Contrariados, os assessores ensarilhavam as armas.
Pastel e quibe
Outra passagem curiosa do estilo e simplicidade do prefeito de BH era o cardápio das reuniões. Se havia pastel, ficava animado porque a pauta era positiva. Quando havia quibe, fechava a cara porque a crise também estava na mesa.
Atlético atrapalhava
Secretários e assessores evitavam falar de futebol nas reuniões com Fuad. Apaixonado pelo Atlético, ele se empolgava e só falava disso e das novas contratações, atrasando os debates. Não entendia muito bem dos outros esportes. Ao defender, por exemplo, os impactos positivos da Stock Car, em BH, recorria a dados e números na ponta da língua. Ao final do encontro, chegou a perguntar a um assessor como era a tal da corrida. Nunca tinha visto antes um carro adotado nessa modalidade.
Desafios de Damião
Após esse momento de luto, começa na próxima semana a campanha de oposição ao novo prefeito de BH, Álvaro Damião (União Brasil). Indicado pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD) para integrar a chapa de Fuad, Damião terá que lidar com o pesar de toda a cidade, frustrada com a morte do prefeito que elegeu. Ao meio político, o desafio será provar que, apesar do destino, tem musculatura para o cargo. Caso contrário, a oposição vai eleger já o nome que vai disputar a sucessão dele.
Bolsonaro prepara fuga?
Os movimentos de Bolsonaro foram avaliados por especialistas como alguém que está preparando a fuga para escapar da condenação à prisão. Como está com 70 anos, voltaria ao Brasil em seis anos com a pena prescrita. Mesmo na condição de acusado de chefiar a trama golpista, ele voltou a encarar o sistema de Justiça, ao dar presença no próprio julgamento nessa terça-feira.
Não foi lá fazer sua defesa, até porque, nesse terreno, a competência e prerrogativa são dos advogados que ele constituiu. Se não confia nos defensores, é outro problema. Mas ficou na primeira fila, dando encaradas no ministro Alexandre de Moraes e outros, numa tentativa explícita de constranger e intimidar. Mais uma vez não funcionou. Tanto é que a Primeira Turma o tornou réu na ação penal movida pela Procuradoria-Geral da República por tentativa de golpe de Estado.
Tarcísio prepara saída
Com a decisão do STF de tornar Bolsonaro réu, o aliado e governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), já prepara a saída do cargo para abril do ano que vem. Sua missão será substituir Bolsonaro na disputa presidencial contra Lula. Além do cargo, ele já molda o discurso mais ao centro político. Há quatro dias, disse que não tem problemas com as urnas eletrônicas. Com isso, o ex-presidente espera que o aliado, uma vez no cargo, o livre da cadeia.
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