O ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, disse à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID no Senado que a recomendação de hidroxicloroquina 'era tecnicamente inadequada'. Ele apontou que esse foi um dos motivos que o levou a deixar o cargo, que conduziu entre 16 de abril a 15 de maio de 2020, sendo o sucessor de Luiz Henrique Mandetta.

“É uma conduta, que pra mim tecnicamente, era inadequada. Isso não é para a cloroquina, é de qualquer medicamento. Existe uma metodologia, quando você faz um estudo clínico e era isso que eu recomendava na época. Ainda existia muita incerteza e o que eu colocava era que se tivesse que recomendar algum medicamento, que isso deveria ser feito através de estudo clínico”, afirmou.  “No estudo clínico as pessoas são monitoradas de perto, até nos hospitais era mais seguro porque ela tá dentro de uma instituição que dá condições dela ser cuidada rapidamente. Quando você extrapola isso para o ambulatório, esse nível de cuidado se não for num estudo clínico ele não é acompanhado”, explicou.Continue sempre bem informado.Assine o Estado de Minas

Para Teich, o problema está no descontrole para avaliar se a cloroquina é eficiente. “Mesmo no estudo clínico, no geral, quando você tem o recrutamento das pessoas que vão fazer o estudo, aquelas pessoas com maior risco de ter complicação são excluídas. Então, na prática, você só consegue ter o teste real quando ele é usado em larga escala. O problema de você ter que trazer o medicamento para o uso ambulatorial para doença leve a moderada, é que a chance de ser extrapolado para prevenção é grande e cada vez você aumenta mais o espectro de pessoas que vão ser expostas ao medicamento de forma não controlada e com risco “, relatou.

O ex-ministro foi questionado pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), sobre a gravidade da recomendação do medicamento sem eficácia comprovada cientificamente. “É um medicamento que tem efeitos colaterais. Na verdade o problema era a gente não ter dados do benefício, mas essencialmente era a preocupação do uso indevido. Era mais uma discussão de condução do que o remédio especificamente”, respondeu Teich.

Ele informou aos senadores que não ficou ciente de nenhuma produção do medicamento pelo exército e nem ao menos de distribuição à população indígena.