Após Jair Bolsonaro confirmar o médico Marcelo Queiroga como novo ministro da Saúde e a médica indicada por Arthur Lira (presidente da Câmara dos Deputados), Ludhmila Hajjar, ser constrangida e ameaçada por bolsonaristas, o Centrão decidiu criticar o governo federal. Segundo reportagem do Estado de S.Paulo, a decisão “isolou” Bolsonaro.

 
Segundo o jornal paulista, “há um tom de ameaça no ar”. “Um influente político do Centrão resume: Bolsonaro quis escolher um nome sozinho. Não tem problema. Mas terá que acertar na seleção do seu quarto ministro da Saúde porque, caso seja necessário fazer uma nova troca, o País não vai parar para discutir quem será o quinto, mas sim o próximo presidente da República. Na versão de um deputado, ninguém mais ficará brincando de escolher ministro”, diz a reportagem.

Hajjar também tinha apoio do Supremo Tribunal Federal (STF) para assumir o Ministério da Saúde. Na Corte também “o tratamento dado a ela foi considerado lamentável”.


Ainda, a reportagem diz que “dois ministros consultados pela reportagem dizem que Bolsonaro pode não ter iniciado os ataques a ela nas redes sociais, mas também não pediu para que seus apoiadores parassem”, como fez quando da indicação de Augusto Aras para a Procuradoria-Geral da República. 

Hajjar ameaçada de morte


A médica cardiologista Ludhmila Hajjar, que nesta segunda-feira (15) recusou o convite de Jair Bolsonaro para assumir o Ministério da Saúde, disse ter sido ameaçada de morte após ter seu nome cogitado para a chefia da pasta. “Tive meu celular publicado em grupos de WhatsApp e [sofri] duas tentativas de entrada em quarto de hotel. Coisas absurdas”, disse em entrevista à CNN Brasil. 

Segundo ela, as ameaças não foram o motivo de ter recusado o convite do governo. “Eu não tenho medo. São pessoas radicais, que estão polarizando o Brasil”, disse. “A prioridade do presidente é a questão social e a questão econômica”, ressaltou a cardiologista. 


Ludhmila disse, ainda, que se “pauta pela ciência” e criticou a defesa feita por Bolsonaro sobre o uso da cloroquina e os ataques feitos por ele contra as medidas de distanciamento social adotadas por governadores e prefeitos no enfrentamento à Covid-19. 

“Infelizmente, acho que esse não é o momento para que eu assuma a pasta, principalmente por motivos técnicos. Eu sou médica, cientista, tenho todas as minhas expectativa em relação à pandemia. Eu acho que isto está acima de qualquer ideologia, essa é a minha posição. Eu fiquei honrada com o convite, mas pautei minha vida toda na ciência”, afirmou. 

Ela foi obrigada a adotar um esquema de segurança após passar a receber ameaças. Em entrevista à colunista Bela Megale, de O Globo, a médica revelou que está “com carro blindado e segurança desde hoje cedo”.