LIBERDADE DE EXPRESSÃO

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), junto com outras 8 entidades, afirmou, nesta terça-feira (27), que o candidato à presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, “tem usado recorrentemente o expediente de se voltar contra profissionais, de forma desrespeitosa, quando questionado por repórteres”.

Em nota, a entidade ressalta que Ciro é signatário da carta-compromisso em prol de um ambiente livre e seguro para o exercício do Jornalismo nas eleições. Mas também menciona que episódios recentes envolvendo o candidato e profissionais de imprensa “indicam que ele não seguiu exatamente os termos com os quais se comprometeu”.

No debate do último sábado entre os presidenciáveis, promovido pelo SBT, Ciro foi questionado pela jornalista Tatiana Farah sobre uma possível adesão do PDT à candidatura de Lula (PT) em um eventual segundo turno. Na resposta, o pedetista a repórter.

“Uma das coisas graves que o lulopetismo corrupto tá produzindo no Brasil é a morte do jornalismo”, respondeu.


“Na quarta-feira anterior (21.set.2022), durante a sabatina promovida pelo Estadão, em parceria com a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), Ciro insinuou que o PT intoxicou a cabeça de Pedro Venceslau, repórter de política do Estadão e colunista da Eldorado. Venceslau tinha questionado se o candidato iria para Paris em um eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro (PL), como fez em 2018.”

“Em entrevista a um podcast de grande audiência, o pedetista fez uma acusação grave contra o mesmo repórter: disse que Venceslau havia feito trabalho sujo a serviço do gabinete do ódio de Lula e que, se ele fosse editor do jornal, demitiria o profissional.”


Outro caso relembrado é o de um representante do diretório nacional do PDT, Gustavo Castañon,  que chamou o jornalista Leandro Demori, fundador da newsletter “A Grande Guerra”, de “bosta” em um programa do partido pela internet. As ofensas foram proferidas depois que Demori citou, em sua newsletter, uma reportagem do UOL sobre filiados da legenda que estariam envolvidos em grupos de extrema-direita.

“Para as organizações signatárias, um discurso que ataca o jornalismo não contribui para prevenir a violência contra jornalistas. Agir dessa maneira tem efeito contrário: fomenta, indiretamente, novas agressões. É do jogo democrático inquirir postulantes a cargos públicos sobre suas contradições – como também criticar reportagens e opiniões. Todavia, desacreditar profissionais e classificá-los como militantes disfarçados e enviesados produz um ambiente hostil em um ciclo eleitoral já marcado por extrema violência contra a imprensa”, afirma o texto.