DIREITOS HUMANOS

O deputado Caporezzo (PL) invadiu a sessão da Comissão dos Direitos Humanos e acabou discutindo com os deputados presentes após confusão iniciada nesta manhã, de quarta-feira (25/10), que suspendeu o plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) depois que as deputadas Bella Gonçalves (Psol) e Lohanna França (PV) receberem novas ameaças. 

Na terça-feira (24/10), o deputado divulgou um vídeo em que questionava o uso de escolta parlamentar da deputada Bella Gonçalves (Psol) quando ela participava de um pagode em um boteco. A sessão extraordinária da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) foi interrompida por um pedido do líder da oposição, Ulysses Gomes (PT), em respeito à parlamentar.  
 
Em conversa com o Estado de Minas, Caporezzo afirmou que é contra qualquer tipo de ameaça às deputadas estaduais. “Os deputados que se posicionaram a respeito do tema certamente não viram o vídeo que eu publiquei no vídeo. Eu condeno as ameaças que ela sofreu de estupro corretivo. Na verdade, eu defendo a morte ou a prisão perpétua para estupradores, mas eu critico apenas o quê? E é isso que eles estão tentando esconder. Eu critico o fato de ela ir encher o rabo de cerveja no pagode com escolta armada da polícia militar paga com dinheiro público”, disse.

“Ao mesmo tempo, qual é a minha indignação em relação a isso? É essa mulher que fala que armas não servem para nada, a não ser para tirar vidas. Essa mulher quer que a população seja desarmada”, seguiu. 

Questionado se faria um pedido de desculpas em plenário, o que é o esperado por outros parlamentares, Caporezzo riu da situação. "Eu, pedir desculpas por algo que não fiz? A esquerda está muito mal acostumada a lidar com o político frouxo. Esse não é o meu perfil. A minha posição foi tomada no vídeo que eu compartilhei. Se alguém deve pedir desculpas ao povo de Minas é a deputada Bella Gonçalves, por tentar proibir as mulheres de se proteger contra ação de criminosos utilizando uma arma de fogo”, afirmou. Na tarde desta quarta-feira (25/10), Caporezzo deletou o vídeo em que falava de Bella Gonçalves. 

Em conversa com a reportagem, a deputada estadual Bella Gonçalves disse que nem ao menos conseguiu ver o vídeo publicado pelo parlamentar de tanto que sentiu ameaçada. “Nós estamos diante de ameaças de morte que chegam todas as semanas para nós. Por isso a gente tem uma determinação do governo de ser escoltadas 24 horas – e 24 horas significam 24 horas. Eu não estava no meu horário de serviço, eu trabalhei o fim de semana inteiro. Se você for olhar nos stories (nas redes sociais), você vai ver que eu acordei de manhã cedinho para estar numa ocupação urbana, discutindo o direito das crianças. Agora, eu também tenho direito aos meus momentos de prazer", disse a parlamentar do Psol. 
 
Segundo Bella, Caporezzo diz que ela é contra a polícia, mas ela vem defendendo a categoria na ALMG. "Ontem (segunda-feira) eu fiquei até as 21h lutando pelo direito dos policiais e a carreira dos servidores públicos. Ele fala que nós não importamos com as mulheres em situação de violência, eu sou autora de uma lei no município que cria moradia para mulheres em situação de violência", seguiu. “O irmão da (deputada federal do Psol-SP) Samia foi morto em um bar. A (vereadora do Psol-Rio) Marielle Franco foi morta indo para casa. Eu serei a próxima?”, questiona.
 
Minas é alvo de perseguições
 
Em Minas Gerais, pelo menos seis parlamentares já receberam ameaças anônimas de estupro corretivo. São elas as deputadas estaduais Bella e Lohana e as vereadoras Iza Lourença (PSOL-Belo Horizonte), Cida Falabella (PSOL-Belo Horizonte), Claudia Guerra (PDT-Ubelândia) e Amanda Gondim (PDT-Uberlândia).