array(31) {
["id"]=>
int(167064)
["title"]=>
string(95) "Caiado não conversa há meses com Bolsonaro, mas diz estar aberto a diálogo com ex-presidente"
["content"]=>
string(20194) "ENTREVISTA
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil) confirmou nesta quinta-feira (16), em entrevista ao O TEMPO Brasília, que não conversa há meses com o ex-aliado Jair Bolsonaro (PL), mas disse estar disposto a retomar um diálogo com o ex-presidente.
“Não, não voltei a conversar com ele até hoje, mas não é nada pessoal. Se amanhã a discussão for colocada, converso com ele tranquilamente. Até porque, mesmo depois que ele saiu do governo, estive com ele várias vezes aqui em Goiânia, ele visitou a cidade várias vezes, tivemos oportunidade de almoçar juntos”, ponderou Caiado.
Os dois romperam de vez no segundo turno da eleição para Prefeitura de Goiânia, que acentuou o que vinha sendo evidenciado desde antes do primeiro turno, quando Caiado se apresentou como possível candidato a presidente em 2026, de olho nos votos de Bolsonaro, tornado inelegível até 2030 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Na disputa pelo comando da capital goiana, Caiado lançou Sandro Mabel (União Brasil). Já Bolsonaro entrou de cabeça na campanha de Fred Rodrigues (PL). Bolsonaro atacou Caiado e Mabel, durante diferentes toda a campanha. Chegou a chamar o governador de “covarde”. Mabel bateu Fred no segundo turno.
“A posição dele [Bolsonaro] em Goiânia, quando os candidatos tinham os mesmos princípios do ponto de vista ideológico, era um assunto que deveria ficar restrito ao Estado de Goiás, já que naquele momento um candidato seu próprio partido disputava com a esquerda em Fortaleza uma importante cidade do Brasil, né?”, pondera Caiado.
Na eleição de 2024, Evandro Leitão (PT) foi eleito prefeito de Fortaleza após uma acirrada disputa com André Fernandes (PL) no segundo turno. “Seria muito mais lógico um debate lá em Fortaleza”, continuou Caiado.
O governador goiano disse ter tentado lançar um único nome forte da direita em Goiânia no passado, e tratado disso como Bolsonaro.
“Sempre pedi a ele [Bolsonaro] que realmente nós buscássemos nosso entendimento, no Estado onde o nosso candidato tem uma melhor prevalência, do ponto de vista do eleitorado, onde podemos construir e não vão dividir. Isso é muito importante para que a gente faça uma ação coordenada entre os nossos candidatos. Eu busquei o diálogo.”
Ao falar da importância do diálogo, Caiado lembrou dos seus anos no Congresso Nacional, como senador e deputado federal. “Eu tenho uma boa escola, que é estar dentro do Congresso, onde se você não tiver diálogo, não souber articular, você não consegue aprovar nenhum projeto de lei.”
O governador afirmou que nunca agrediu Bolsonaro verbalmente. “Eu não tive nenhum enfrentamento com ele, tá certo? Eu sempre me posicionei com muita tranquilidade”, frisou o governador.
Para Caiado, seu candidato em Goiânia venceu o de Bolsonaro porque apresentava propostas, em vez de agredir adversários verbalmente. Também foi, para Caiado, um reconhecimento do que ele vem fazendo à frente do Estado.
“Dentro de Goiânia prevaleceu aquilo que é muito importante, que as pessoas voltam a atenção para o que você constrói na sua gestão pública”, ressaltou Caiado. Ele também destacou a importância do diálogo.
“Por que tive uma vitória, nós tivemos uma vitória expressiva em Goiás? Não só na capital, mas em todo o interior. É aquilo que temos que entender que cabe ao político junto à população. A população hoje está atenta para resultados”, disse Caiado.
Ronaldo Caiado frisou a importância do diálogo com a população e com representantes de todos os poderes, se colocando como uma pessoa moderada e conciliadora.
“Eu acredito muito nesse estilo. Foi esse o modelo que deu certo. Como é que eu conseguia avançar as primeiras reuniões minhas e agora? Repetirei isso agora, no início do ano, quando sempre chamo os presidentes da Assembleia Legislativa, do Tribunal de Contas, do Tribunal de Justiça, o procurador-geral de Justiça, o presidente do Tribunal de Contas dos Municípios, da Defensoria Pública, do Ministério Público. Debatemos todos os temas. Governar é você pacificar. Como você governa em processo de enfrentamento? Fica muito difícil”, observou.
‘Pré-campanha’ de Caiado começa em março
Ainda na entrevista à equipe de O TEMPO em Brasília disse que começa em março a “andar pelo país” em sua pré-campanha pela Presidência da República em 2026.
“Eu vou iniciar agora no mês de março no final de março de 2025, eu já darei o ponta pé inicial da minha da minha pré-campanha. Caminharei por todos os estados do Brasil”, disse Caiado.
Ele disse que seu nome será lançado por lideranças do União Brasil em Salvador (BA), em cerimônia na Assembleia Legislativa da Bahia em que ele será agraciado com o título de cidadão baiano.
“Eu tenho muito orgulho. Minha esposa é baiana. Minhas filhas também são meias baianas, né? E ao mesmo tempo, vou receber uma comenda que é a maior comenda de Salvador, a Comenda de 9 de Julho”, ressaltou.
Ronaldo Caiado é casado com Maria das Graças Landim de Carvalho, conhecida como Gracinha Caiado, com quem teve quatro filhos. O governador quer Gracinha candidata a senadora por Goiás em 2026.
O projeto do governador é uma dobradinha da primeira-dama de Goiás com Gusttavo Lima – cada estado vai escolher dois senadores em 2026. Mas Gusttavo Lima disse recentemente que, assim como Caiado, pretende concorrer à presidência.
Apesar de quer Gusttavo Lima como candidato a senador, Caiado afirmou que vê com bons olhos o nome do cantor como concorrente ao Palácio do Planalto para impedir a polarização.
“O Gusttavo Lima conseguiu fazer algo extremamente importante para a política ou para as eleições de 2026. É o fato de diminuir essa polarização da campanha e fazer com que a população passe a ouvir outras alternativas.”
“Quando você concentra muito esse acirramento, muitas vezes, ele abre mão de se ter um governo mais aberto ao desenvolvimento, mais moderado, mais conciliador. Mas é na tese de promover investimentos substantivo de desenvolver o Estado, de cuidar da segurança, da educação, da saúde”, ponderou o governador goiano.
Ronaldo Caiado garantiu não se preocupar com eventual concorrência com Gusttavo Lima em um primeiro turno.
“As pessoas tentam imprimir ao primeiro turno um sentimento de segundo turno. Como todo mundo acha que se deve juntar todo mundo para ter seu um único candidato no primeiro turno”, observa.
“Quando discuto este assunto, digo sempre: ‘Olha gente, o primeiro turno, é normal a pulverização de candidatos. Isso tem um lado positivo, qual é? Se você tem a máquina do governo, como o Lula, há um risco de ele ganhar em primeiro turno, se houver polarização, um só concorrente. Agora, aquele que for para o segundo turno contra o Lula, pode correr para o abraço, porque ele vai ganhar a eleição”, defende Caiado.
Caiado mantém conversas com Zema, Cleitinho e Gusttavo Lima
Caiado também contou que vem mantendo conversas com Gusttavo Lima e lideranças políticas sobre a disputa presidencial de 2026, incluindo o também governador Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG).
Caiado deu detalhes sobre a conversa que teve com Gusttavo Lima na última sexta-feira (10). Os dois almoçaram na fazenda do cantor, em Goiás, e conversaram por horas sobre política. O governador disse respeitar o desejo do sertanejo de também ser presidente. Mas insistiu que o quer como candidato ao Senado.
“Eu fiquei na fazenda dele a tarde toda de sexta-feira. Eu disse: ‘Olha, é muito importante que você se filie. Eu quero deixar claro que o União Brasil está aqui à sua inteira disposição, para sua filiação no partido, e que nós podemos tranquilamente caminhar pelo Brasil”, contou Caiado.
Caiado oficializou o convite para que Lima se filie ao seu partido. O cantor, por sua vez, teria pedido um tempo para decidir sobre a filiação.
“Primeiro, sou amigo pessoal do Gusttavo Lima, converso sempre com ele e, para ter uma ideia, esta vontade de decidir pela vida política, não é algo de hoje. Ele só não foi candidato ao Senado na eleição anterior porque não tinha idade certa. Ele já se posicionou na eleição de 2022 como pré-candidato a disputar em Goiás uma eleição para o Senado”, contou Caiado.
“Só que naquele momento tinha 34 anos de idade e com isso ele tinha uma limitação do ponto de vista da legislação que o impedia de disputar”, prosseguiu Caiado. A idade mínima para disputar o Senado é 35 anos, a mesma que Gusttavo Lima tem atualmente. Nascido em 3 de setembro de 1989, ele completa 36 anos neste em 2025 e terá 37 em 2026.
Caiado e Gusttavo Lima conversaram com CleitinhoCaiado revelou que, no encontro na fazenda de Gusttavo Lima, conversou também, por meio de chamada de vídeo, com Cleitinho. “Eu nunca tive antes a oportunidade de conhecer ou de falar com Cleitinho. Eu estava na fazenda dele, ele ligou para o Cleitinho, fui apresentado ao Cleitinho por uma videoconferência, que nós fizemos da lei da fazenda dele, tá certo?”
O governador confirmou que os três conversaram sobre os planos para 2026, mas o governador não quis dar detalhes. “Lógico que falamos sobre 2026. Toda conversa vai para o lado político. Falei para o Cleitinho que, estando em Brasília, para vir à Goiânia me visitar, conversar pessoalmente comigo”, relatou Caiado. Ele disse ainda que, naquela ocasião, conversou com outros políticos, mas não quis citar os nomes.
Caiado fez questão de frisar que não tem controle sobre as decisões de Gusttavo Lima, apesar da longa e próxima amizade de ambos. “Ele é livre, ele pode continuar esse movimento”, afirmou. “Eu acho mais do que correto que o Gusttavo Lima também possa ouvir outras pessoas, até porque, da mesma maneira que o União Brasil propôs uma filiação, também é normal que ele ouça outros partidos, converse com outras lideranças políticas”, completou.
Governador de Goiás elogia governador de Minas
Ronaldo Caiado também falou sobre a sua relação com Romeu Zema, elogiou o governador mineiro, mas titubeou ao ser perguntado sobre como vê o nome dele como potencial concorrente na disputa pela presidência em 2026.
“Temos nos falado bastante, principalmente agora nessa fase. Temos nos encontrado com frequência, não pessoalmente, mas por telefone, trocando mensagens. Há poucos dias, nós tivemos juntos no interior de São Paulo, participamos de um debate, eu e ele, sobre os sistemas da política nacional. Eu tenho um respeito muito grande por ele. Já tive com ele também aí no Norte de Minas”, relatou Caiado.
Caiado tentou ser presidente do Brasil em 1989
O governador de Goiás disse ter iniciado sua campanha para presidente em 1989 – a primeira com eleição direta após o fim da ditadura militar (1964-1985) – em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. “Então, a minha proximidade com a política e o povo de Minas Gerais é muito grande. Foi lá também uma das maiores bases da UDR, do movimento ruralista de 1986”, citou.
Caiado criou a União Democrática Ruralista (UDR), entidade associativa que visa defender os interesses dos proprietários rurais e, tornando-se seu presidente, após um conflito de terras na região do Triângulo Mineiro que resultou na desapropriação da fazenda Barreiro. Era o governo de José Sarney e os latifundiários se sentiram ameaçados com a possibilidade da reforma agrária.
Descende de uma família tradicional da política goiana, formado em medicina e produtor rural, Ronaldo Caiado ligou-se à Associação Goiana de Criadores de Zebu, à Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura e à Associação Goiana de Criadores de Nelore. Depois fundou a UDR, quando entrou definitivamente para a política.
Em 11 de julho de 1987, Caiado liderou uma passeata de 40 mil produtores rurais, em Brasília, contra a proposta de reforma agrária defendida por partidos de esquerda na Assembleia Constituinte, que resultaria na Constituição de 1988, a primeira após o fim do regime militar.
A candidatura dele à presidência foi lançada em 21 de fevereiro de 1989, quando a UDR, em assembleia extraordinária, em Brasília, o liberou para iniciar articulações com partidos políticos em busca de uma legenda. Então com 39 anos (faria 40 durante a campanha) estreou como candidato a cargos eletivos disputando a Presidência da República pelo Partido Social Democrático (PSD).
Entre os 22 candidatos a presidente, Caiado ficou em sétimo lugar, com 488.872 votos, o equivalente a 0,68%. No segundo turno, ele apoiou o candidato vitorioso, Fernando Collor, do Partido da Reconstrução Nacional (PRN). Collor bateu Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que hoje está no terceiro mandato de presidente.
"
["author"]=>
string(21) "Renato Alves /O TEMPO"
["user"]=>
NULL
["image"]=>
array(6) {
["id"]=>
int(623012)
["filename"]=>
string(24) "bolsonaro-caiado-171.jpg"
["size"]=>
string(6) "127130"
["mime_type"]=>
string(10) "image/jpeg"
["anchor"]=>
NULL
["path"]=>
string(0) ""
}
["image_caption"]=>
string(135) " O então presidente da República, Jair Bolsonaro, durante reunião com Ronaldo Caiado, no Palácio do PlanaltoFoto: Isac Nóbrega/PR"
["categories_posts"]=>
NULL
["tags_posts"]=>
array(0) {
}
["active"]=>
bool(true)
["description"]=>
string(185) "Governador de Goiás revelou ao O TEMPO Brasília detalhes da sua movimentação para concorrer à Presidência do Brasil no próximo ano
"
["author_slug"]=>
string(20) "renato-alves-o-tempo"
["views"]=>
int(59)
["images"]=>
NULL
["alternative_title"]=>
string(0) ""
["featured"]=>
bool(false)
["position"]=>
int(0)
["featured_position"]=>
int(0)
["users"]=>
NULL
["groups"]=>
NULL
["author_image"]=>
NULL
["thumbnail"]=>
NULL
["slug"]=>
string(91) "caiado-nao-conversa-ha-meses-com-bolsonaro-mas-diz-estar-aberto-a-dialogo-com-ex-presidente"
["categories"]=>
array(1) {
[0]=>
array(9) {
["id"]=>
int(431)
["name"]=>
string(9) "Política"
["description"]=>
NULL
["image"]=>
NULL
["color"]=>
string(7) "#a80000"
["active"]=>
bool(true)
["category_modules"]=>
NULL
["category_models"]=>
NULL
["slug"]=>
string(8) "politica"
}
}
["category"]=>
array(9) {
["id"]=>
int(431)
["name"]=>
string(9) "Política"
["description"]=>
NULL
["image"]=>
NULL
["color"]=>
string(7) "#a80000"
["active"]=>
bool(true)
["category_modules"]=>
NULL
["category_models"]=>
NULL
["slug"]=>
string(8) "politica"
}
["tags"]=>
NULL
["created_at"]=>
object(DateTime)#539 (3) {
["date"]=>
string(26) "2025-01-15 16:43:03.000000"
["timezone_type"]=>
int(3)
["timezone"]=>
string(13) "America/Bahia"
}
["updated_at"]=>
object(DateTime)#546 (3) {
["date"]=>
string(26) "2025-01-16 14:31:48.000000"
["timezone_type"]=>
int(3)
["timezone"]=>
string(13) "America/Bahia"
}
["published_at"]=>
string(25) "2025-01-16T14:30:00-03:00"
["group_permissions"]=>
array(4) {
[0]=>
int(1)
[1]=>
int(4)
[2]=>
int(2)
[3]=>
int(3)
}
["image_path"]=>
string(25) "/bolsonaro-caiado-171.jpg"
}
ENTREVISTA
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil) confirmou nesta quinta-feira (16), em entrevista ao O TEMPO Brasília, que não conversa há meses com o ex-aliado Jair Bolsonaro (PL), mas disse estar disposto a retomar um diálogo com o ex-presidente.
“Não, não voltei a conversar com ele até hoje, mas não é nada pessoal. Se amanhã a discussão for colocada, converso com ele tranquilamente. Até porque, mesmo depois que ele saiu do governo, estive com ele várias vezes aqui em Goiânia, ele visitou a cidade várias vezes, tivemos oportunidade de almoçar juntos”, ponderou Caiado.
Os dois romperam de vez no segundo turno da eleição para Prefeitura de Goiânia, que acentuou o que vinha sendo evidenciado desde antes do primeiro turno, quando Caiado se apresentou como possível candidato a presidente em 2026, de olho nos votos de Bolsonaro, tornado inelegível até 2030 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Na disputa pelo comando da capital goiana, Caiado lançou Sandro Mabel (União Brasil). Já Bolsonaro entrou de cabeça na campanha de Fred Rodrigues (PL). Bolsonaro atacou Caiado e Mabel, durante diferentes toda a campanha. Chegou a chamar o governador de “covarde”. Mabel bateu Fred no segundo turno.
“A posição dele [Bolsonaro] em Goiânia, quando os candidatos tinham os mesmos princípios do ponto de vista ideológico, era um assunto que deveria ficar restrito ao Estado de Goiás, já que naquele momento um candidato seu próprio partido disputava com a esquerda em Fortaleza uma importante cidade do Brasil, né?”, pondera Caiado.
Na eleição de 2024, Evandro Leitão (PT) foi eleito prefeito de Fortaleza após uma acirrada disputa com André Fernandes (PL) no segundo turno. “Seria muito mais lógico um debate lá em Fortaleza”, continuou Caiado.
O governador goiano disse ter tentado lançar um único nome forte da direita em Goiânia no passado, e tratado disso como Bolsonaro.
“Sempre pedi a ele [Bolsonaro] que realmente nós buscássemos nosso entendimento, no Estado onde o nosso candidato tem uma melhor prevalência, do ponto de vista do eleitorado, onde podemos construir e não vão dividir. Isso é muito importante para que a gente faça uma ação coordenada entre os nossos candidatos. Eu busquei o diálogo.”
Ao falar da importância do diálogo, Caiado lembrou dos seus anos no Congresso Nacional, como senador e deputado federal. “Eu tenho uma boa escola, que é estar dentro do Congresso, onde se você não tiver diálogo, não souber articular, você não consegue aprovar nenhum projeto de lei.”
O governador afirmou que nunca agrediu Bolsonaro verbalmente. “Eu não tive nenhum enfrentamento com ele, tá certo? Eu sempre me posicionei com muita tranquilidade”, frisou o governador.
Para Caiado, seu candidato em Goiânia venceu o de Bolsonaro porque apresentava propostas, em vez de agredir adversários verbalmente. Também foi, para Caiado, um reconhecimento do que ele vem fazendo à frente do Estado.
“Dentro de Goiânia prevaleceu aquilo que é muito importante, que as pessoas voltam a atenção para o que você constrói na sua gestão pública”, ressaltou Caiado. Ele também destacou a importância do diálogo.
“Por que tive uma vitória, nós tivemos uma vitória expressiva em Goiás? Não só na capital, mas em todo o interior. É aquilo que temos que entender que cabe ao político junto à população. A população hoje está atenta para resultados”, disse Caiado.
Ronaldo Caiado frisou a importância do diálogo com a população e com representantes de todos os poderes, se colocando como uma pessoa moderada e conciliadora.
“Eu acredito muito nesse estilo. Foi esse o modelo que deu certo. Como é que eu conseguia avançar as primeiras reuniões minhas e agora? Repetirei isso agora, no início do ano, quando sempre chamo os presidentes da Assembleia Legislativa, do Tribunal de Contas, do Tribunal de Justiça, o procurador-geral de Justiça, o presidente do Tribunal de Contas dos Municípios, da Defensoria Pública, do Ministério Público. Debatemos todos os temas. Governar é você pacificar. Como você governa em processo de enfrentamento? Fica muito difícil”, observou.
‘Pré-campanha’ de Caiado começa em março
Ainda na entrevista à equipe de O TEMPO em Brasília disse que começa em março a “andar pelo país” em sua pré-campanha pela Presidência da República em 2026.
“Eu vou iniciar agora no mês de março no final de março de 2025, eu já darei o ponta pé inicial da minha da minha pré-campanha. Caminharei por todos os estados do Brasil”, disse Caiado.
Ele disse que seu nome será lançado por lideranças do União Brasil em Salvador (BA), em cerimônia na Assembleia Legislativa da Bahia em que ele será agraciado com o título de cidadão baiano.
“Eu tenho muito orgulho. Minha esposa é baiana. Minhas filhas também são meias baianas, né? E ao mesmo tempo, vou receber uma comenda que é a maior comenda de Salvador, a Comenda de 9 de Julho”, ressaltou.
Ronaldo Caiado é casado com Maria das Graças Landim de Carvalho, conhecida como Gracinha Caiado, com quem teve quatro filhos. O governador quer Gracinha candidata a senadora por Goiás em 2026.
O projeto do governador é uma dobradinha da primeira-dama de Goiás com Gusttavo Lima – cada estado vai escolher dois senadores em 2026. Mas Gusttavo Lima disse recentemente que, assim como Caiado, pretende concorrer à presidência.
Apesar de quer Gusttavo Lima como candidato a senador, Caiado afirmou que vê com bons olhos o nome do cantor como concorrente ao Palácio do Planalto para impedir a polarização.
“O Gusttavo Lima conseguiu fazer algo extremamente importante para a política ou para as eleições de 2026. É o fato de diminuir essa polarização da campanha e fazer com que a população passe a ouvir outras alternativas.”
“Quando você concentra muito esse acirramento, muitas vezes, ele abre mão de se ter um governo mais aberto ao desenvolvimento, mais moderado, mais conciliador. Mas é na tese de promover investimentos substantivo de desenvolver o Estado, de cuidar da segurança, da educação, da saúde”, ponderou o governador goiano.
Ronaldo Caiado garantiu não se preocupar com eventual concorrência com Gusttavo Lima em um primeiro turno.
“As pessoas tentam imprimir ao primeiro turno um sentimento de segundo turno. Como todo mundo acha que se deve juntar todo mundo para ter seu um único candidato no primeiro turno”, observa.
“Quando discuto este assunto, digo sempre: ‘Olha gente, o primeiro turno, é normal a pulverização de candidatos. Isso tem um lado positivo, qual é? Se você tem a máquina do governo, como o Lula, há um risco de ele ganhar em primeiro turno, se houver polarização, um só concorrente. Agora, aquele que for para o segundo turno contra o Lula, pode correr para o abraço, porque ele vai ganhar a eleição”, defende Caiado.
Caiado mantém conversas com Zema, Cleitinho e Gusttavo Lima
Caiado também contou que vem mantendo conversas com Gusttavo Lima e lideranças políticas sobre a disputa presidencial de 2026, incluindo o também governador Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG).
Caiado deu detalhes sobre a conversa que teve com Gusttavo Lima na última sexta-feira (10). Os dois almoçaram na fazenda do cantor, em Goiás, e conversaram por horas sobre política. O governador disse respeitar o desejo do sertanejo de também ser presidente. Mas insistiu que o quer como candidato ao Senado.
“Eu fiquei na fazenda dele a tarde toda de sexta-feira. Eu disse: ‘Olha, é muito importante que você se filie. Eu quero deixar claro que o União Brasil está aqui à sua inteira disposição, para sua filiação no partido, e que nós podemos tranquilamente caminhar pelo Brasil”, contou Caiado.
Caiado oficializou o convite para que Lima se filie ao seu partido. O cantor, por sua vez, teria pedido um tempo para decidir sobre a filiação.
“Primeiro, sou amigo pessoal do Gusttavo Lima, converso sempre com ele e, para ter uma ideia, esta vontade de decidir pela vida política, não é algo de hoje. Ele só não foi candidato ao Senado na eleição anterior porque não tinha idade certa. Ele já se posicionou na eleição de 2022 como pré-candidato a disputar em Goiás uma eleição para o Senado”, contou Caiado.
“Só que naquele momento tinha 34 anos de idade e com isso ele tinha uma limitação do ponto de vista da legislação que o impedia de disputar”, prosseguiu Caiado. A idade mínima para disputar o Senado é 35 anos, a mesma que Gusttavo Lima tem atualmente. Nascido em 3 de setembro de 1989, ele completa 36 anos neste em 2025 e terá 37 em 2026.
Caiado e Gusttavo Lima conversaram com CleitinhoCaiado revelou que, no encontro na fazenda de Gusttavo Lima, conversou também, por meio de chamada de vídeo, com Cleitinho. “Eu nunca tive antes a oportunidade de conhecer ou de falar com Cleitinho. Eu estava na fazenda dele, ele ligou para o Cleitinho, fui apresentado ao Cleitinho por uma videoconferência, que nós fizemos da lei da fazenda dele, tá certo?”
O governador confirmou que os três conversaram sobre os planos para 2026, mas o governador não quis dar detalhes. “Lógico que falamos sobre 2026. Toda conversa vai para o lado político. Falei para o Cleitinho que, estando em Brasília, para vir à Goiânia me visitar, conversar pessoalmente comigo”, relatou Caiado. Ele disse ainda que, naquela ocasião, conversou com outros políticos, mas não quis citar os nomes.
Caiado fez questão de frisar que não tem controle sobre as decisões de Gusttavo Lima, apesar da longa e próxima amizade de ambos. “Ele é livre, ele pode continuar esse movimento”, afirmou. “Eu acho mais do que correto que o Gusttavo Lima também possa ouvir outras pessoas, até porque, da mesma maneira que o União Brasil propôs uma filiação, também é normal que ele ouça outros partidos, converse com outras lideranças políticas”, completou.
Governador de Goiás elogia governador de Minas
Ronaldo Caiado também falou sobre a sua relação com Romeu Zema, elogiou o governador mineiro, mas titubeou ao ser perguntado sobre como vê o nome dele como potencial concorrente na disputa pela presidência em 2026.
“Temos nos falado bastante, principalmente agora nessa fase. Temos nos encontrado com frequência, não pessoalmente, mas por telefone, trocando mensagens. Há poucos dias, nós tivemos juntos no interior de São Paulo, participamos de um debate, eu e ele, sobre os sistemas da política nacional. Eu tenho um respeito muito grande por ele. Já tive com ele também aí no Norte de Minas”, relatou Caiado.
Caiado tentou ser presidente do Brasil em 1989
O governador de Goiás disse ter iniciado sua campanha para presidente em 1989 – a primeira com eleição direta após o fim da ditadura militar (1964-1985) – em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. “Então, a minha proximidade com a política e o povo de Minas Gerais é muito grande. Foi lá também uma das maiores bases da UDR, do movimento ruralista de 1986”, citou.
Caiado criou a União Democrática Ruralista (UDR), entidade associativa que visa defender os interesses dos proprietários rurais e, tornando-se seu presidente, após um conflito de terras na região do Triângulo Mineiro que resultou na desapropriação da fazenda Barreiro. Era o governo de José Sarney e os latifundiários se sentiram ameaçados com a possibilidade da reforma agrária.
Descende de uma família tradicional da política goiana, formado em medicina e produtor rural, Ronaldo Caiado ligou-se à Associação Goiana de Criadores de Zebu, à Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura e à Associação Goiana de Criadores de Nelore. Depois fundou a UDR, quando entrou definitivamente para a política.
Em 11 de julho de 1987, Caiado liderou uma passeata de 40 mil produtores rurais, em Brasília, contra a proposta de reforma agrária defendida por partidos de esquerda na Assembleia Constituinte, que resultaria na Constituição de 1988, a primeira após o fim do regime militar.
A candidatura dele à presidência foi lançada em 21 de fevereiro de 1989, quando a UDR, em assembleia extraordinária, em Brasília, o liberou para iniciar articulações com partidos políticos em busca de uma legenda. Então com 39 anos (faria 40 durante a campanha) estreou como candidato a cargos eletivos disputando a Presidência da República pelo Partido Social Democrático (PSD).
Entre os 22 candidatos a presidente, Caiado ficou em sétimo lugar, com 488.872 votos, o equivalente a 0,68%. No segundo turno, ele apoiou o candidato vitorioso, Fernando Collor, do Partido da Reconstrução Nacional (PRN). Collor bateu Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que hoje está no terceiro mandato de presidente.