ALINHAMENTO

A entrega da cidadania honorária ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nesta segunda-feira (28/8), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), foi marcada por afagos entre ele e o governador Romeu Zema (Novo). Em cerca de 45 minutos em que se sentaram lado a lado, Bolsonaro ouviu elogios, e Zema, potencial herdeiro do espólio do ex-presidente, inelegível por oito anos, ouviu um coro, endossado por Bolsonaro, para se filiar ao PL.

Ao iniciar o pronunciamento após receber o diploma de cidadão honorário, Bolsonaro perguntou aos presentes se perceberam que Zema está com uma cara mais feliz. “Eu não vou contar toda a história, não, mas vocês sabem que, quando se pergunta a idade para um homem, ele responde que tem a idade da mulher que ama. Então, eu estou vendo o Zema bastante feliz. Com toda certeza é porque ele está vivendo um momento muito bom em sua vida”, brincou o ex-presidente.

Bolsonaro, cuja campanha à reeleição no 2º turno foi encabeçada pelo governador em Minas Gerais, ainda elogiou o governo Zema. “É um momento também bom para o Estado de Minas, que sabemos como ele pegou lá atrás e como deu uma sacudida, colocou as contas em dia e navega com vocês”, afirmou o ex-presidente, que, ainda antes do pronunciamento, mas já durante a cerimônia, chegou a ter um conversa no pé do ouvido com Zema.

Responsável por conceder a cidadania honorária a Bolsonaro, Zema, por sua vez, fez uma série de elogios ao governo do ex-presidente. De acordo com o governador, durante os últimos quatro anos, "as portas dos ministérios estiveram sempre abertas". "Éramos ouvidos não como quem cumpre uma obrigação, mas com a atenção de quem quer, de fato, alcançar soluções", apontou Zema, em crítica velada ao governo Luiz Inácio Lula da Silva. 

O governador também afirmou que, "depois de quase 30 anos sem a construção de nem um quilômetro", o início das obras da linha 2 do metrô da Região Metropolitana só foi possível porque o governo Bolsonaro garantiu R$ 2,8 bilhões. "O governo de Minas entrou com os R$ 400 milhões restantes que viabilizaram a concessão do metrô, que irá transformar de promessa em realidade essa que era uma das demandas dos moradores de Belo Horizonte e das cidades da Região Metropolitana", completou.

Zema acrescentou que, não fosse “o suporte recebido pelo governo federal”, Minas não teria se destacado como “o Estado com o menor índice de óbitos dos estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste” durante a pandemia de Covid-19. “Recebemos mais de R$ 5 bilhões para aumentar o número de leitos, adquirir equipamentos hospitalares, além das vacinas e medicamentos”, ressaltou o governador, que ainda lembrou os recursos encaminhados pelo governo Bolsonaro para reformar o Aeroporto Regional de Ipatinga. 

Zema é novamente convidado para se filiar ao PL

Quando o deputado Coronel Sandro (PL), autor do pedido para a concessão da cidadania honorário a Bolsonaro, parabenizou Zema por defender os consórcios de estados do Sul e do Sudeste, o governador até ouviu dos presentes um coro para se filiar ao PL. “Vem para o PL, Zema”, cantaram os bolsonaristas presentes, o que agradou o presidente estadual, Domingos Sávio, e o secretário nacional de Relações Institucionais, Braga Netto, que, presentes na mesa, sorriram.

Em seguida, Bolsonaro escreveu PL em um papel e o ergueu, na frente de Zema, em direção a uma das câmeras de transmissão da solenidade. A propósito, ainda em novembro de 2022, logo após o governador ser reeleito, o então presidente estadual do PL, José Santana, chegou a convidar Zema para se filiar à legenda caso decidisse deixar o Novo. Antes de se candidatar a governador, Zema foi filiado ao PL entre 1999 e 2018.