Para abrigar a atriz Regina Duarte no governo federal, o presidente Jair Bolsonaro avalia recriar o Ministério da Cultura, segundo interlocutores do Planalto. A leitura do governo é que o nome da atriz é poderoso demais para assumir apenas uma "secretaria", status atual da pasta que era comandada até sexta-feira, 17, pelo dramaturgo Roberto Alvim.
Bolsonaro e Regina Duarte devem se encontrar segunda-feira, 20, no Rio de Janeiro, para bater o martelo sobre a entrada da atriz no governo federal. O presidente já tinha agendas marcadas na capital fluminense.
A recriação do Ministério da Cultura pode ser feita por meio de Medida Provisória (MP), que passa a valer quando é publicada no Diário Oficial, mas precisa de aval do Congresso Nacional para seguir em vigor. Em 2019, os deputados rejeitaram uma emenda para recriar este ministério, apresentada sobre a MP que estruturou a administração do governo Bolsonaro, rebaixando o status da pasta de Cultura.
Fontes do governo da área de cultura afirmam que ainda está indefinido se apadrinhados de Alvim serão mantidos. Sérgio Camargo, que disse existir um “racismo nutella” no Brasil e teve nomeação à Fundação Palmares suspensa pela Justiça, é um destes nomes trazidos pelo dramaturgo a Brasília. Segundo um integrante da Secretaria de Cultura, estão todos "assistindo de camarote" ao bombardeio sob Alvim.
Modelo
Regina está cotada para a vaga de Alvim, demitido do cargo após protagonizar um vídeo com referências ao nazismo. A ideia do governo é levar um nome de peso, reconhecido no meio cultural, para assumir o posto, nos moldes da indicação de Gilberto Gil para o Ministério da Cultura no governo Lula. Caso ela não aceite o convite, uma das opções cotadas é o ator Carlos Vereza.
A agenda oficial de Bolsonaro no Rio na próxima segunda, 20, começa às 10h, quando o presidente se encontra com o prefeito Marcelo Crivella. A princípio, ele deixa a capital fluminense às 16h20 para retornar a Brasília.
A atriz confirmou na sexta, 17, em entrevista à "Jovem Pan", que recebeu o convite do presidente Jair Bolsonaro para assumir a Secretaria da Cultura. Ela disse que daria uma resposta até a segunda, 20, após consultar a família, mas pediu uma conversa pessoalmente com Bolsonaro, apurou o Estado.
"Estou com esse convite, não é a primeira vez que eu sou convidada para esse cargo. Me assusta muito, porque tem um Ministério complicado aí", disse a atriz à Jovem Pan. Desde novembro do ano passado, a secretaria está vinculada ao Ministério do Turismo. O comandante da Pasta, Marcelo Álvaro Antônio, foi indiciado pelo Polícia Federal no ano passado por suspeita de envolvimento em esquema de candidaturas laranja.
Regina disse, ainda, que não se sente preparada para assumir a função, mas que está cogitando a possibilidade porque quer "fazer o que for preciso para o Brasil dar certo".
O comando da Secretaria Especial de Cultura está abrigado no Ministério do Turismo, mas já pertenceu a Cidadania, do ministro Osmar Terra (MDB), durante o governo Bolsonaro. A transferência da pasta, feita em novembro, foi uma saída encontrada por Bolsonaro para colocar Roberto Alvim como secretário e evitar conflitos entre o dramaturgo e o ministro Terra, que já haviam se desentendido.
Os cargos comissionados da Cultura, no entanto, seguem na Cidadania. O decreto para levá-los ao Turismo está pronto, mas foi retido dentro do governo para aguardar definições sobre a sucessão de Roberto Alvim.
O Planalto disse que não está confirmado o encontro de Bolsonaro com a atriz. Procurada, a assessoria de Regina afirmou que ela não pode se manifestar até segunda.