Após a Folha de S.Paulo denunciar que o chefe da Comunicação Social da Presidência (Secom), Fabio Wajngarten, recebe recursos da própria Secom por meio de contratos de TV e agências de publicidade para a empresa FW Comunicação e Marketing, o presidente Jair Bolsonaro atacou a Folha na manhã desta quinta-feira (16). Bolsonaro se referiu ao veículo como “um lixo” e disse que se trata de uma “péssima imprensa”.

“A Folha de S.Paulo não tem crédito para acusar ninguém, não tem credibilidade. Lamentavelmente uma péssima imprensa que faz a Folha de S.Paulo. Outra pergunta aí, aqui acabou. Folha de S. Paulo está fora. Sai fora, Folha de S. Paulo, vocês não têm moral para perguntar nada”, disse Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada, após ser perguntado por um repórter da Folha.

O profissional mudou de assunto e fez outra pergunta. Mesmo assim, Bolsonaro não cedeu e voltou a atacar:

“Já falei que a Folha está fora. Você não aprende que a Folha está fora? A Folha é um lixo. Você não tem vergonha na cara, ainda vem aqui fazer plantão?”


“Eu sei que você não é dona da Folha, desculpa, você, como pessoa, não tenho nada contra você, mas está cumprindo aqui o seu papel para tentar infernizar o governo. Qual pauta positiva a Folha teve no governo até hoje? Nada, zero. O 13º do Bolsa Família vocês não deram, na capa não apareceu nada. Se fosse no PT, que dava bilhões para a grande mídia o ano todo, estaria elogiando o Lula, tá certo”, concluiu Bolsonaro.

 
Denúncia


O chefe da Comunicação Social da Presidência (Secom), Fabio Wajngarten, é sócio da FW Comunicação e Marketing, dona de contratos com ao menos cinco empresas que recebem recursos direcionados pela Secom, entre elas as redes de TV Band e Record.

Wajngarten se defendeu afirmando que os acordos comerciais foram feitos antes de seu ingresso na Secom – o da Band, por exemplo, há 16 anos. Esses contratos, segundo ele, “não sofreram qualquer reajuste ou ampliação” desde então.

O chefe da Secom afirmou que todas as contas dele são “100% abertas”, admitiu que não sabia como funcionava o processo de nomeação para o cargo, mas que foi orientado pelos órgãos da Presidência.

Wajngarten não teria avisado a Comissão de Ética sobre os negócios da FW. O colegiado deve discutir, em reunião no próximo dia 28, se há elementos para abrir um processo por conflito de interesse. Nesses casos, se for instaurado processo, a punição costuma ser uma advertência. Questionado sobre a falta de comunicação sobre seus negócios à Comissão de Ética, Wajngarten não se manifestou.