SUPERNOTIFICAÇÃO DA COVID

Em depoimento na sexta-feira (13), o auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), Alexandre Marques, alegou que o relatório citado pelo presidente Jair Bolsonaro que se refere à supernotificação de casos de Covid-19 no Brasil foi alterado. 


O auditor é investigado por ter sido o autor do documento e deve ser convocado para depor na CPI da Covid no Senado, que investiga eventuais omissões do governo no combate à pandemia. 


“Achei totalmente irresponsabilidade o mandatário da nação sair falando que o tribunal tinha um relatório publicado, que mais da metade das mortes por Covid não era por Covid. Eu achei uma afronta a tudo que a gente sabe que acontece, a todas as informações públicas, à ciência”, diz o auditor.

 
Marques disse que o documento não tinha o aval do TCU. "O documento não tinha nenhuma alusão ou identidade visual do Tribunal de Contas da União (TCU). Nesse arquivo em pdf que viralizou, não tinha nenhuma identidade visual, data, assinatura, nada".


Há dois meses, Bolsonaro insinuou a apoiadores que um suposto estudo do TCU concluiu que 50% dos óbitos por Covid-19 em 2020 não teriam sido causadas pela doença. Porém, em nota, o próprio órgão negou a afirmação do presidente e certificou que o tribunal não é autor do relatório. 


O TCU também alegouque o documento citado por Bolsonaro como oficial era uma análise pessoal feita pelo servidor.


Logo, o presidente admitiu que errou ao atribuir ao tribunal a conclusão sobre a supernotificação dos casos e mortes. No entanto, continuou insistindo, sem provas, que há adulteração no número de infectados e óbitos em todo o país. Bolsonaro também atacou os estados, afirmando que eles estariam aumentando os dados em busca de mais recursos vindos do governo federal.


O pedido para que a Polícia Federal investigasse o auditor foi feito pela própria presidente do TCU, Ana Arraes. Ele foi afastado por 60 dias e responde a um processo administrativo disciplinar que tramita em sigilo.