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A estratégia foi costurada porque o ato não gerou a pressão popular desejada pelos organizadores. Sem conseguir apertar a classe política pelo avanço da pauta, o próximo passo pensado foi uma articulação direta com o grupo que pode somar votos pela anistia.
De cima de um trio na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, Bolsonaro repetiu que tem o apoio de Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD – apesar da bancada estar dividida sobre a pauta. Os dois se reuniram nas últimas semanas para tratar sobre o assunto.
Bolsonaro também esteve com o presidente do União Brasil, Antônio Rueda, com quem passou o Carnaval no Rio de Janeiro. Quem também mantém contato recorrente com o ex-presidente é o senador Ciro Nogueira, presidente do PP.
A próxima aposta será a busca de uma aliança com o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, sobre o assunto. A expectativa é que Bolsonaro e Pereira se encontrem nos próximos dias — o mandatário do Republicanos, entretanto, ainda não confirma a informação.
Interlocutores avaliam que a estratégia contribuirá para pressionar o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), a dar celeridade à proposição.
Foi Pereira quem financiou a candidatura surpresa de Motta no final de 2024 para suceder Arthur Lira (PP-AL). A jogada causou uma reviravolta no cenário desenhado até então e tornou o paraibano favorito na disputa – ele foi eleito em 1º de fevereiro. Por esse histórico, há que acredite que Pereira possa ter alguma influência sobre Motta.
Não é de hoje que a oposição contabiliza os votos que já tem para tentar colocar o projeto de lei em regime de urgência, o que poderia acelerar a análise pela Câmara, dispensando o trâmite em comissões. A contagem é feita, pelo menos, há um mês, quando o grupo ligado a Bolsonaro admitiu até flexibilizar o texto proposto.
A intenção do líder do PL, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), é discutir o requerimento de urgência com Motta e outros líderes partidários na quinta-feira (20) e tentar votar na próxima semana – a mesma em que a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidirá se Bolsonaro será réu por tentativa de golpe de Estado.
Depois do ato em Copacabana, as estratégias foram discutidas por Bolsonaro e seus aliados políticos na casa do ex-presidente na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
O ato para pressionar pela anistia aos envolvidos no 8 de janeiro foi convocado há mais de um mês por Bolsonaro. Inicialmente, a organização esperava receber 1 milhão de pessoas. A expectativa, depois, foi reduzida para 500 mil.
Mas 18,3 mil manifestantes estiveram no local, segundo cálculo feito com base em imagens aéreas pelo grupo de pesquisa "Monitor do debate político" do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), coordenado por professores da Universidade de São Paulo (USP), e pela ONG More in Common.
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