A Polícia Federal (PF) indiciou Adelio na Lei de Segurança Nacional. A corporação entende que o crime foi um 'atentado pessoal por inconformismo político'
A juíza Patrícia Alencar Teixeira de Carvalho, da 2ª Vara Federal da Subseção de Juiz de Fora, na Zona da Mata de Minas Gerais, decidiu, em audiência de custódia, pela transferência de Adelio Bispo de Oliveira a um presídio federal. O homem de 40 anos, que esfaqueou o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), cumpre prisão preventiva desde a madrugada desta sexta-feira, quando foi conduzido ao Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp).
A audiência estava marcada para 16h e durou até 17h. Ainda não há definição sobre onde exatamente Adelio ficará preso. A própria defesa, representada por quatro advogados, concordou com a transferência para um presídio federal.
Familiares ouvidos pelo Estado de Minas haviam demonstrado preocupação quanto à integridade física de Adelio. Os advogados dele não foram encontrados pela reportagem.
Representante de Bolsonaro no caso, o deputado federal Fernando Francischini (PSL-PR) defendeu a condução a um presídio federal. A pressão do partido era justamente no sentido de fazer com que o indiciado cumprisse pena em cela separada para evitar, nas palavras do próprio parlamentar, “queima de arquivo”.
No entendimento dos representantes de Bolsonaro, Adelio não agiu sozinho. A própria Polícia Federal admitiu a investigação de pelo menos outros dois suspeitos de envolvimento no caso.
Adelio foi indiciado na Lei de Segurança Nacional, que prevê punições a crimes com motivação política. O Artigo 20 diz respeito a “atentado pessoal por inconformismo político”.
O próprio investigado admitiu ter esfaqueado Bolsonaro por motivações políticas e religiosas. A cena, inclusive, foi registrada em vídeos por apoiadores do presidenciável.
Cerca de 20 pessoas se reuniram do lado de fora do prédio em que a audiência foi realizada para apoiar Bolsonaro. A maioria dos participantes era composta por homens. Crianças também foram levadas ao movimento.
O caso
Durante um ato de campanha na tarde dessa quinta-feira em Juiz de Fora, na Zona da Mata, Jair Bolsonaro foi esfaqueado. Apoiadores registraram o momento, ocorrido no cruzamento entre as ruas Halfeld e Batista de Oliveira.
Bolsonaro foi levado às pressas para a Santa Casa, onde foi atendido e passou por cirurgia ainda na tarde dessa quinta. Como o quadro clínico já era considerado estável, o presidenciável deixou Juiz de Fora rumo a São Paulo na manhã desta sexta. Na capital paulista, seguirá a recuperação no Hospital Israelita Albert Einstein.
Adelio, por sua vez, foi conduzido até a Polícia Federal. O homem de 40 anos, nascido em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, foi transferido para o Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) durante a madrugada. De lá, partiu para a audiência.