Durante audiência pública que presidiu na Câmara dos Deputados nesta semana, o deputado federal Felipe Carreras informou aos ministros da Saúde, Luiz Mandetta, e da Agricultura, Tereza Cristina, dados divulgados pelo IBGE segundo os quais 63% dos produtores rurais que utilizam agrotóxicos no País não possuem capacitação técnica nem conhecimento para o manejo dos produtos. É mais um alerta sobre a utilização de defensivos no Brasil. 


Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Preventiva, Carreras foi enfático sobre a situação. “Este é um dado extremamente preocupante. Como as pessoas estão utilizando agrotóxicos, que são produtos altamente tóxicos, sem nenhuma informação sobre o que estão fazendo? Onde está a fiscalização do Governo Federal sobre esta situação? O problema é que estamos liberando novos defensivos de forma desenfreada, com mais de 380 apenas neste ano, ou seja, mais de um por dia, sem cuidarmos das pessoas. Estamos trabalhando com a vida dessas famílias e isso não pode passar despercebido”, afirmou Carreras.


Demonstrando surpresa, Luiz Mandetta e Tereza Cristina prontificaram-se a buscar soluções para que o número possa diminuir. “Essa questão da qualificação precisa ser enfrentada. É um dado que preocupa”, afirmou a ministra da Agricultura. Mandetta admitiu a necessidade de foco em programas de capacitação dos pequenos agricultores. No entanto, ele expressou confiança na qualidade do controle e fiscalização da Anvisa e dos demais órgãos.


Outra questão debatida foi o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimento – PARA, que está sem nenhum novo resultado há quatro anos. “Eu não consigo entender como estamos liberando tantos agrotóxicos sem saber o quanto eles estão presentes nos alimentos. Gostaria de saber um local onde o brasileiro possa saber quanto de agrotóxico existe no que chega diariamente a nossa mesa. O programa mais importante está parado, o que gera uma insegurança sobre o que comemos muito grande”, afirmou Carreras.


O ministro da Saúde explicou que existem outras pesquisas feitas pela Anvisa. “A Anvisa é independente. Eles decidiram realizar o PARA a cada quatro anos. Eu gostaria que fosse todos os anos, mas não podemos interferir. Mesmo assim estão realizando outras pesquisas e nós, no Ministério, também estamos com várias pesquisas”, afirmou. Tereza deixou clara sua posição. “Seria importante se o PARA não tivesse parado. Acho importante porque é uma pesquisa muito abrangente”, declarou.


Até o final do mês de novembro, o deputado Felipe Carreras deve entrar na Justiça para que as liberações sejam paradas até que o PARA seja retomado e a capacitação dos produtores rurais seja realizada.