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É a norte-americana Sarah Breedlove, filha de escravos que viveu entre 1867 e 1919 nos EUA e foi a primeira mulher negra a se tornar milionária por esforço próprio, devido ao lucro de uma empresa de cosméticos voltados ao cabelo afro.
A história de Madam C. J. Walker, como ficou conhecida Sarah, ganhou primeiro os livros. A biografia On her own ground (ainda sem tradução para o português) foi escrita pela jornalista A’Lelia Bundles, que é descendente da empreendedora.
Até que, neste ano, foi para as telinhas sob direção de DeMane Davis e Kasi Lemmons, com adaptação de roteiro por Nicole Jefferson Asher, Elle Johnson, Janine Sherman Barrois, Tyger Williams e a própria A’Lelia. Na produção-executiva estão grandes nomes, como LeBron James e Octavia Spencer, que também dá vida à protagonista.
A minissérie se passa em St. Louis, em 1908, quando Madam C. J. Walker ainda é apresentada Sarah, uma mulher sem autoestima, com perda de cabelo e um histórico de violência doméstica. O período está apenas cinco décadas distante da abolição da escravidão.
A mudança começa quando Sarah descobre um produto que retoma o crescimento dos fios. Com as novas madeixas, a protagonista ganha confiança e vai atrás de seus sonhos. O primeiro era largar o emprego de lavadeira de roupas para vender o produto. Sem ter essa oportunidade por conta de sua aparência, decide fabricar ela mesma o cosmético.
PENTE
“Eu conhecia a história de Madam C. J. Walker desde quando era mais nova. Mas, basicamente, achava que ela tinha inventado o pente quente, o que descobri depois que não era verdade. (Risos). Quando li a biografia, percebi que havia muito mais do que eu imaginava, como seu talento natural para os negócios. Era uma mulher à frente de seu tempo, uma visionária”, afirma a roteirista Nicole Jefferson Asher.
A minissérie procura destrinchar a história de C. J. Walker desde o começo humilde até se tornar uma grande empresária, vivendo em Nova York. Para contar uma história repleta de altos e baixos, a direção recorre a toques de realismo fantástico, cores muito vivas e um certo humor para suavizar a carga dramática.
“O que eu queria fazer era encontrar um jeito de contar essa história e de mostrar como ela era visionária, que ela não pensava como as outras pessoas daquela época. E que ela era uma importante mulher de negócios e pioneira, num mundo dominado por homens. Ela merece ser reconhecida pelo jeito que modernizou a indústria da beleza. Daí veio a ideia de usar alguns elementos de realismo fantástico para tentar comunicar essas ideias e visões dela, sob esse ponto de vista, de que ela não via o mundo como as outras pessoas”, explica Nicole.
“Colocamos humor, porque as pessoas podem curtir e se divertir. As pessoas estão acostumadas a ver produções históricas sobre pessoas de cor com um aspecto de brutalidade. Queríamos um lado de inspiração, com piadas, com roupas lindas. O realismo fantástico tornou tudo pop”, afirma Janine Sherman Barrois, roteirista e produtora-executiva.
ELENCO
Além de Octavia Spencer como a protagonista, o elenco traz Blair Underwood (Charles James Walker, segundo marido da personagem), Tiffany Haddish (Lelia, a filha), Carmen Ejogo (Addie, ex-patroa) e Garrett Morris (Cleophus, sogro da protagonista).
A maior parte da equipe de produção é formada por profissionais negros e, sobretudo, mulheres. “Definitivamente, queríamos pegar essa mensagem e esse espírito de Madam C. J. Walker colaborando com outras mulheres no projeto. Não planejamos isso, mas aconteceu”, diz Nicole. “Acreditamos que é importante ter mulheres negras neste projeto, primeiramente, porque demos oportunidade para outras mulheres negras contarem a história. Normalmente, não somos capazes de contar nossas próprias histórias”, diz a roteirista e produtora-executiva Elle Johnson.
Apesar de se passar nos anos 1900, a história consegue dialogar com os dias de hoje. A começar por retratar a relação do cabelo com a autoestima. Aborda, ainda, racismo, sexismo, colorismo, violência doméstica, machismo, feminismo e empreendedorismo.
“A história de Madam C. J. Walker é uma história sobre beleza. Nós percebemos que não podíamos falar de beleza sem falar de colorismo. É um problema que afeta não só as pessoas negras, mas todas as raças e nacionalidades na Terra, o julgamento sobre ser branco ou mais escuro. Era importante falar disso e, especialmente, porque Madam C. J. Walker fez parte da primeira geração de afro-americanos nascidos sem ser escravos. Foi a primeira vez que os negros puderam descobrir como era ser americano e qual era o lugar deles neste país”, afirma Nicole.
Até sexualidade, que costuma não aparecer em obras de época, está retratada pela história da filha de C. J. Walker, Lelia. “Lelia Walker é uma personagem fascinante. E queríamos mostrar o escopo real das mulheres negras naquele tempo. Quando você fala de algo de época, não vemos lésbicas e gays, não se vê gente de outras sexualidades explorada como personagem. Essa foi uma grande oportunidade. Queríamos mostrar a jornada dela, não como alguém que estaria na sombra da mãe, mas quem ela era”, comenta Elle.
ESPERANÇA
Mesmo com temas fortes e duros, a grande mensagem que a equipe inteira quis passar era de esperança. “Acho que sabíamos que queríamos que as pessoas entendessem que não importa a circunstância em que você está, não importa o que falem de você, mas que você pode superar os obstáculos. Madam C. J. foi uma mulher que não aceitou 'não' como resposta. Ela tinha uma visão clara do que queria fazer e foi atrás disso. Correu atrás de um sonho por ela, mas também por outras pessoas. Acho que ficaríamos felizes se as pessoas pudessem tirar disso tudo a ideia de que você pode ter sucesso por você, e mais ainda quando pode ajudar outras pessoas”, afirma Elle.
“Além disso, acho que uma das mensagens é que, se você tem um sonho, você tem que ir em frente. Nesse momento de quarentena e em que nos questionamos sobre o que queremos fazer no mundo e quando olhamos Madam C. J. Walker, 40 anos depois da escravidão, ela fala que nada vai impedi-la de ir atrás de seus sonhos. Acho que mulheres jovens e de qualquer idade podem se ver nessa história. Li vários comentários de pessoas que assistiram e se sentiram inspiradas a ir atrás de seus sonhos quando saírem da quarentena”, completa Janine.
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É a norte-americana Sarah Breedlove, filha de escravos que viveu entre 1867 e 1919 nos EUA e foi a primeira mulher negra a se tornar milionária por esforço próprio, devido ao lucro de uma empresa de cosméticos voltados ao cabelo afro.
A história de Madam C. J. Walker, como ficou conhecida Sarah, ganhou primeiro os livros. A biografia On her own ground (ainda sem tradução para o português) foi escrita pela jornalista A’Lelia Bundles, que é descendente da empreendedora.
Até que, neste ano, foi para as telinhas sob direção de DeMane Davis e Kasi Lemmons, com adaptação de roteiro por Nicole Jefferson Asher, Elle Johnson, Janine Sherman Barrois, Tyger Williams e a própria A’Lelia. Na produção-executiva estão grandes nomes, como LeBron James e Octavia Spencer, que também dá vida à protagonista.
A minissérie se passa em St. Louis, em 1908, quando Madam C. J. Walker ainda é apresentada Sarah, uma mulher sem autoestima, com perda de cabelo e um histórico de violência doméstica. O período está apenas cinco décadas distante da abolição da escravidão.
A mudança começa quando Sarah descobre um produto que retoma o crescimento dos fios. Com as novas madeixas, a protagonista ganha confiança e vai atrás de seus sonhos. O primeiro era largar o emprego de lavadeira de roupas para vender o produto. Sem ter essa oportunidade por conta de sua aparência, decide fabricar ela mesma o cosmético.
PENTE
“Eu conhecia a história de Madam C. J. Walker desde quando era mais nova. Mas, basicamente, achava que ela tinha inventado o pente quente, o que descobri depois que não era verdade. (Risos). Quando li a biografia, percebi que havia muito mais do que eu imaginava, como seu talento natural para os negócios. Era uma mulher à frente de seu tempo, uma visionária”, afirma a roteirista Nicole Jefferson Asher.
A minissérie procura destrinchar a história de C. J. Walker desde o começo humilde até se tornar uma grande empresária, vivendo em Nova York. Para contar uma história repleta de altos e baixos, a direção recorre a toques de realismo fantástico, cores muito vivas e um certo humor para suavizar a carga dramática.
“O que eu queria fazer era encontrar um jeito de contar essa história e de mostrar como ela era visionária, que ela não pensava como as outras pessoas daquela época. E que ela era uma importante mulher de negócios e pioneira, num mundo dominado por homens. Ela merece ser reconhecida pelo jeito que modernizou a indústria da beleza. Daí veio a ideia de usar alguns elementos de realismo fantástico para tentar comunicar essas ideias e visões dela, sob esse ponto de vista, de que ela não via o mundo como as outras pessoas”, explica Nicole.
“Colocamos humor, porque as pessoas podem curtir e se divertir. As pessoas estão acostumadas a ver produções históricas sobre pessoas de cor com um aspecto de brutalidade. Queríamos um lado de inspiração, com piadas, com roupas lindas. O realismo fantástico tornou tudo pop”, afirma Janine Sherman Barrois, roteirista e produtora-executiva.
ELENCO
Além de Octavia Spencer como a protagonista, o elenco traz Blair Underwood (Charles James Walker, segundo marido da personagem), Tiffany Haddish (Lelia, a filha), Carmen Ejogo (Addie, ex-patroa) e Garrett Morris (Cleophus, sogro da protagonista).
A maior parte da equipe de produção é formada por profissionais negros e, sobretudo, mulheres. “Definitivamente, queríamos pegar essa mensagem e esse espírito de Madam C. J. Walker colaborando com outras mulheres no projeto. Não planejamos isso, mas aconteceu”, diz Nicole. “Acreditamos que é importante ter mulheres negras neste projeto, primeiramente, porque demos oportunidade para outras mulheres negras contarem a história. Normalmente, não somos capazes de contar nossas próprias histórias”, diz a roteirista e produtora-executiva Elle Johnson.
Apesar de se passar nos anos 1900, a história consegue dialogar com os dias de hoje. A começar por retratar a relação do cabelo com a autoestima. Aborda, ainda, racismo, sexismo, colorismo, violência doméstica, machismo, feminismo e empreendedorismo.
“A história de Madam C. J. Walker é uma história sobre beleza. Nós percebemos que não podíamos falar de beleza sem falar de colorismo. É um problema que afeta não só as pessoas negras, mas todas as raças e nacionalidades na Terra, o julgamento sobre ser branco ou mais escuro. Era importante falar disso e, especialmente, porque Madam C. J. Walker fez parte da primeira geração de afro-americanos nascidos sem ser escravos. Foi a primeira vez que os negros puderam descobrir como era ser americano e qual era o lugar deles neste país”, afirma Nicole.
Até sexualidade, que costuma não aparecer em obras de época, está retratada pela história da filha de C. J. Walker, Lelia. “Lelia Walker é uma personagem fascinante. E queríamos mostrar o escopo real das mulheres negras naquele tempo. Quando você fala de algo de época, não vemos lésbicas e gays, não se vê gente de outras sexualidades explorada como personagem. Essa foi uma grande oportunidade. Queríamos mostrar a jornada dela, não como alguém que estaria na sombra da mãe, mas quem ela era”, comenta Elle.
ESPERANÇA
Mesmo com temas fortes e duros, a grande mensagem que a equipe inteira quis passar era de esperança. “Acho que sabíamos que queríamos que as pessoas entendessem que não importa a circunstância em que você está, não importa o que falem de você, mas que você pode superar os obstáculos. Madam C. J. foi uma mulher que não aceitou 'não' como resposta. Ela tinha uma visão clara do que queria fazer e foi atrás disso. Correu atrás de um sonho por ela, mas também por outras pessoas. Acho que ficaríamos felizes se as pessoas pudessem tirar disso tudo a ideia de que você pode ter sucesso por você, e mais ainda quando pode ajudar outras pessoas”, afirma Elle.
“Além disso, acho que uma das mensagens é que, se você tem um sonho, você tem que ir em frente. Nesse momento de quarentena e em que nos questionamos sobre o que queremos fazer no mundo e quando olhamos Madam C. J. Walker, 40 anos depois da escravidão, ela fala que nada vai impedi-la de ir atrás de seus sonhos. Acho que mulheres jovens e de qualquer idade podem se ver nessa história. Li vários comentários de pessoas que assistiram e se sentiram inspiradas a ir atrás de seus sonhos quando saírem da quarentena”, completa Janine.