OITIVAS NA CÂMARA

O presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo (sem partido), aproveitou o momento das oitivas de testemunhas do processo que pede a cassação dele por suposta quebra de decoro parlamentar, na manhã desta segunda-feira (6), para acusar o secretário de Estado de Casa Civil, Marcelo Aro (PP), de ter tentado barrar a aprovação da lei do subsídio do transporte público a fim de obter vantagem em um suposto esquema de propina que estaria sendo arquitetado junto a empresários do setor na capital.

"Pouco antes da concretização da votação em segundo turno, o secretário da Casa Civil, Marcelo Aro, e o vice-presidente desta Câmara, Juliano Lopes, me exigiram que esse projeto (subsídio às empresas de ônibus) não fosse pautado. Isso que estou dizendo aqui, estou dizendo pela primeira vez. Me exigiram que este projeto não fosse votado porque eles estavam em negociação com o senhor Rubens Lessa para conseguir do senhor Rubens Lessa dinheiro vivo, e, se eles não conseguissem esse dinheiro vivo, eles não gostariam de votar o projeto em segundo turno", acusou Gabriel.

"Esse foi um momento de tensão entre mim, o secretário da Casa Civil e o primeiro vice-presidente desta Casa, Juliano Lopes, que usava, inclusive, o termo 'panetone' para definir essa propina que eles gostariam de pegar dos empresários de ônibus", acrescentou o presidente da Casa.

A fala resultou em desentendimento entre Gabriel e a presidente da Comissão Processante, Janaína Cardoso (União). Segundo a vereadora, Gabriel estaria usando as perguntas para desviar da pauta, ao tecer acusações contra Aro e aliados. Já o presidente da Câmara acusou Janaína de prejudicar a atuação de sua defesa ao interromper uma pergunta que era feita por ele.

Embora o depoimento de Gabriel à Comissão Processante esteja previsto somente para a próxima quarta-feira (6), o parlamentar aproveitou as oitivas de três testemunhas de defesa para apresentar seus argumentos contra o pedido de cassação nesta segunda. Por diversas vezes, ele alegou ser alvo de uma "farsa" e de um "plano ambicioso" arquitetado por Marcelo Aro para colocar um aliado como presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte.