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Rafael SantosNão tem idade. Muito menos classe social ou limitação geográfica. O passinho é democrático. Basta o beat começar que, em um movimento quase instantâneo, o ritmo invade o espaço e todos entram na dança. Artistas nacionais como Léo Santana, Lore Improta, Simaria e até a Anitta se renderam à dança e levaram os hits do passinho aos seus shows.
É no número oitenta e sete, na Avenida Professor José dos Anjos, comunidade do Canal, no bairro de Campo Grande, Zona Norte do Recife, um dos principais ‘nascedouros’ dos sucessos que explodiram ainda mais nas festas juninas deste ano por todo o Nordeste. O local abriga a loja Braba de Milionário, mas, no olhar rápido, percebe-se que vai muito além de uma loja.
Veja o vídeo especial sobre o Passinho: https://www.youtube.com/watch?time_continue=442&v=ya2MZYpaHyc
A fachada do modesto espaço não faz qualquer referência ao ritmo ou a música. “A gente está em reforma. A outra loja é mais pra lá, está ficando ‘bonitona’, vai ser lá na frente”, diz o MC Shevchenko, gesticulando com o braço, apontando em direção ao novo empreendimento.
A loja pode facilmente passar despercebida por quem transita pela região. Mas, quem é do movimento sabe bem que a especialidade da casa não é somente as roupas coloridas que já se tornaram referência entre os grupos de passinho.
Além de servir como estúdio de gravação, a dupla Shevchenko e Elloco usa o espaço para receber parceiros de músicas, fãs e jovens que sonham em se tornar cantores do brega-funk. Um desses, foi o MC Maneirinho do Recife, que não esconde a gratidão aos antes ídolos e agora, também, parceiros de palcos.
VOOS MAIS ALTOS
“O apoio que esses caras dão, não só a mim, mas a todos os MCs, é inexplicável, fora do normal. Sou grato por conhecer Shevchenko e Elloco e por ter eles em minha vida. Primeiramente Deus, segundo os caras”, agradece o MC.
Maneirinho do Recife bombou com as músicas Nego Ney, Dally e Ninguém Fica Parado (Chapuletei). Essa última levou Maneirinho, Shevchenko e Elloco até São Paulo para gravação do clip pelo Kondzilla, o maior canal de funk do mundo.
“Eu sempre sonhei em gravar com Kondzilla e eles me deram essa oportunidade de expandir meu trabalho para todo o Brasil”, comemora Maneirinho.
O MC é um dos dez que fazem parte da ‘Tropa’, produtora comandada por Shevchenko e Elloco, responsável por agenciar a carreira dos principais artistas que levam os hits do passinho aos palcos.
“Hoje os moleques da favela sonham. Sonham em ser um Shevchenko e Elloco, em ser um Maneirinho do Recife, um Biel Xcamoso, em ser um Draak, um Losk, Lucas. A gente faz com que todos apareçam. Não é só a gente. É quem trabalha gravando os clips, meus produtores. Uma tropa se resume nisso. Não é só Shevchenko e Elloco, só a gente não faz um time. São as comunidades, as favelas”, desabafa Shevchenko.
OS REIS DO PASSINHO
Com o sucesso das músicas nas periferias recifenses, os grupos do passinho começaram a se espalhar nas comunidades e encontros com ares de competições, chamadas de “duelos”, transformaram praças em pontos de apresentação da dança. Assim como no frevo, ritmo musical centenário genuinamente pernambucano, o passinho é música e dança, mas, não tem sua origem na Cidade Maurícia.
“A gente já tinha esse passinho antigamente nas casas de show do Recife. A galera sempre lançava esse passinho, mas não era coreografado, com cinco pessoas fazendo. Era um dançarino só. Fizemos a música Gera Bactéria e começamos a receber coreografias em vídeo e a gente postava. Foi quando pensamos em aprimorar ainda mais”, relembra Elloco.
A dança é uma adaptação do ritmo bastante difundido no Rio de Janeiro e em São Paulo, mas tem suas particularidades. “Os movimentos são diferentes, o ritmo do brega-funk é diferenciado”, diz Sérgio Roberto. “A gente trabalha mais com o ombro, a brecada, na umbigada. Coisas que lá eles não fazem”, completa Artur Borges. Sérgio e Artur fazem parte do grupo Passinho do Maloka S.A, criado em setembro de 2018, em Santo Amaro, área central do Recife e que acabou inspirando novos grupos em outras comunidades.
Os cabelos descoloridos, as roupas com cores vibrantes — a maioria delas fornecidas gratuitamente pela loja Braba de Milionário — e os óculos espelhados são características marcantes do grupo que já foi convidado para se apresentar em várias cidades do Estado e que reúne uma legião de seguidores nas redes sociais, onde o sucesso começou.
O PASSINHO QUE VIROU NEGÓCIO
Além dos cinco shows semanais comandados por Shevchenko e Elloco, das vendas de 70 a 100 peças de roupas mensais, dos dez MCs ligados à produtora Tropa, dando oportunidade de empregos diretos a cerca de 80 a 100 moradores das comunidades — o número varia de acordo com a agenda, o passinho é sucesso também nas redes sociais. O perfil oficial do grupo Passinho do Maloka, no Instagram, tem mais de 64 mil seguidores. Já o perfil da dupla Shevchenko e Elloco reúne quase 45 mil seguidores.
Os perfis pessoais dos MCs costumam ser ainda mais movimentados. Shevchenko contabiliza mais de 400 mil fãs e Elloco já passa dos 200 mil. Somando a quantidade de seguidores dos dançarinos que participaram desta reportagem, o número aproximado é de 200 mil fãs.
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Veja o vídeo especial sobre o Passinho: https://www.youtube.com/watch?time_continue=442&v=ya2MZYpaHyc
A fachada do modesto espaço não faz qualquer referência ao ritmo ou a música. “A gente está em reforma. A outra loja é mais pra lá, está ficando ‘bonitona’, vai ser lá na frente”, diz o MC Shevchenko, gesticulando com o braço, apontando em direção ao novo empreendimento.
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Além de servir como estúdio de gravação, a dupla Shevchenko e Elloco usa o espaço para receber parceiros de músicas, fãs e jovens que sonham em se tornar cantores do brega-funk. Um desses, foi o MC Maneirinho do Recife, que não esconde a gratidão aos antes ídolos e agora, também, parceiros de palcos.
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Maneirinho do Recife bombou com as músicas Nego Ney, Dally e Ninguém Fica Parado (Chapuletei). Essa última levou Maneirinho, Shevchenko e Elloco até São Paulo para gravação do clip pelo Kondzilla, o maior canal de funk do mundo.
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OS REIS DO PASSINHO
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“A gente já tinha esse passinho antigamente nas casas de show do Recife. A galera sempre lançava esse passinho, mas não era coreografado, com cinco pessoas fazendo. Era um dançarino só. Fizemos a música Gera Bactéria e começamos a receber coreografias em vídeo e a gente postava. Foi quando pensamos em aprimorar ainda mais”, relembra Elloco.
A dança é uma adaptação do ritmo bastante difundido no Rio de Janeiro e em São Paulo, mas tem suas particularidades. “Os movimentos são diferentes, o ritmo do brega-funk é diferenciado”, diz Sérgio Roberto. “A gente trabalha mais com o ombro, a brecada, na umbigada. Coisas que lá eles não fazem”, completa Artur Borges. Sérgio e Artur fazem parte do grupo Passinho do Maloka S.A, criado em setembro de 2018, em Santo Amaro, área central do Recife e que acabou inspirando novos grupos em outras comunidades.
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