Grupo exibe sintonia total em seu novo álbum. O sucessor de Fronteiras (2010) se inspira no caldeirão de diversidades oferecido pelo mundo contemporâneo
O pianista mineiro Kiko Continentino é um dos músicos mais requisitados do país. Além de projetos solo, ele faz parte da banda de Milton Nascimento (há 22 anos), do Azymuth (grupo instrumental aclamado em vários países) e do Makimatrio, sua empreitada mais recente.
“É difícil um artista, sobretudo instrumentista, insistir numa coisa só. Ele tem de fazer a roda girar, as coisas acontecerem. Sempre tive visão pluralista da música, sempre curti participações distintas. Isso me fez transitar entre galeras diferentes”, explica.
Essa versatilidade não é de hoje. No começo da carreira, ele se viu tocando, num dia, com Fernanda Abreu, que acabara de estourar com sua pegada pop funk, e no outro com Emílio Santiago. “Sempre faço questão de ressaltar: tudo em que me envolvo tem qualidade musical. Isso é fundamental”, frisa.
Essa qualidade é a marca do segundo trabalho do Makimatrio – formado por Kiko com o baixista Marcelo Maia e o baterista Renato Massa. O nome do grupo vem da junção de nomes e sobrenomes dos integrantes. Se no primeiro disco, Fronteiras (2010), eles juntaram Minas (terra natal de Kiko), Goiás (de Marcelo) e Rio de Janeiro (Massa), agora o conceito é ampliado em Combustão global.
Com pegada mais contemporânea, o novo projeto não deixa de ser um trabalho mais experimental. Quase todas as canções são de Kiko Continentino – pontes entre lugares que se tornaram referência ou tiveram alguma importância para os integrantes do trio.
Quinta página, por exemplo, “é dedicada ao portal Três Pontas/Granada e traz pegada de música mineira, sobretudo de Bituca”, diz Kiko. Também estão lá Tokyo evenening, Salzburg/Pé pequeno e Xote Manhattan, dedicada à “ponte aérea Nova York/Caruaru”.
INTERNET Os músicos trocaram ideias e músicas via internet. Com pouco tempo para fazer o disco, os três moram em cidades diferentes e se dedicam a vários projetos.
“Ensaiamos apenas uma tarde, mas nossa sintonia é tão impressionante que o resultado foi essa explosão. Desta vez, a mistura é maior, fizemos um caldeirão da diversidade atual, da situação mundial. Os dois álbuns quebram fronteiras através do som. Makimatrio é projeto sazonal, mas, mesmo assim, apresenta uma afinidade impressionante”, destaca o belo-horizontino Kiko, que mora em Niterói há muitos anos.
Com texto de apresentação de Marcos Valle, padrinho do trio e também do Azymuth, o álbum deve ter show de lançamento em São Paulo. Só falta conciliar as agendas dos três. “Músico tem dois grandes problemas: a falta de trabalho e a agenda, quando os trabalhos surgem. Este ano, por exemplo, estou bem dedicado ao Azymuth. Teremos turnê internacional, tanto que tocarei com a banda do Milton esporadicamente. Mas a gente vai dar um jeitinho”, revela.
Em 28 de março, Kiko participa de outro projeto: Chansong – Homenagem a Tom Jobim et Michel Legrand, reunindo dois artistas que o influenciaram. No palco do Teatro Municipal de Niterói, estarão o pianista e Marcelo Ferreira (violonista mineiro radicado na França), além das cantoras Lucynha Lima e Valerie Lu.
O quarteto vai conectar França e Brasil por meio do repertório que traz clássicos de Tom e Legrand – Verão de 42 e You must believe in spring, do francês; Surfboard, Águas de março e A felicidade, do carioca. O show, que contará com a participação do percussionista Wendel Silva, deve chegar em BH em breve, promete Kiko.
COMBUSTÃO GLOBAL
De Makimatrio
10 faixas
Independente
Preço sugerido: R$ 25