Nascido em Belo Horizonte – o pai era de Pará de Minas e a mãe do Serro –, Silvio Viegas se formou em regência pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em seguida, ele se mudou para a Itália, tendo retornado para a capital mineira para cursar seu mestrado, que acabou o concluindo no Rio de Janeiro, onde atualmente é professor de regência na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Vou lá uma vez por semana e eles aproveitam e me arrancam até o espírito (risos). Fico das 8h até as 20h. Mas é uma experiência bem enriquecedora”, afirma.
Todo mundo que gosta de música tem alguma lembrança marcante ou referência do Rock in Rio, mesmo que nunca tenha botado os pés no festival. Com Silvio Viegas, regente da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, não é diferente.
“Na última edição, quase estive lá, mas, por conta de compromissos profissionais, não consegui. É um evento fantástico e é até difícil escolher um só momento. Tantos artistas importantes da história da música brasileira e mundial já passaram por lá. Desde o começo, sempre teve uma força impressionante, tanto que na cinebiografia do Freddie Mercury (Bohemian rhapsody) há uma passagem mostrando o Rock in Rio, precisamente por causa de seu reconhecimento internacional”, diz o maestro.
Na próxima sexta-feira (27), às 16h30, Viegas vai estrear no festival em grande estilo. Em cima do Palco Mundo, o principal entre os 16 espaços de apresentação que compõem o evento, ele regerá 70 músicos da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) no concerto de abertura, na Cidade do Rock, no Parque Olímpico do Rio de Janeiro (Barra da Tijuca).
“Sem dúvida, vai ser uma primeira vez impactante. Há uma grande expectativa por tudo o que o Rock in Rio representa, por sua visibilidade. É uma responsabilidade fazer música para tanta gente. Já me apresentei para 5 mil pessoas, mas a expectativa agora é de cerca de 50 mil. Fora quem assistirá pela televisão. Além disso, essa será a única apresentação com orquestra na programação do festival”, afirma.
Não é uma novidade, no entanto, ter música orquestral abrindo o Rock in Rio. Foi assim em 2001, 2011 e 2013, oportunidades em que a própria OSB se apresentou. “Em aproximadamente 35 minutos, vamos apresentar um medley com cerca de 30 clássicos que marcaram o festival ao longo desses anos, além da música tema. O Rock in Rio tem vários palcos onde ocorrem apresentações simultâneas, mas durante o concerto da Sinfônica Brasileira só ela estará se apresentando. Isso vai ser mágico também”, aponta.
Na opinião do maestro, o convite para reger a OSB no festival é um reconhecimento que vai além de seu trabalho, colocando em destaque também o Palácio das Artes e a música de Minas Gerais. “Querendo ou não, (o convite) leva o nome da instituição para o maior evento da música brasileira e um dos maiores do mundo.”
O maestro ainda destaca a participação da OSB, que enfrentou uma grave crise nos últimos meses e está se reerguendo. “A orquestra passou por problemas administrativos e financeiros muito graves, quase acabou, e está ressurgindo. É um momento muito especial para a Sinfônica Brasileira. O Roberto Medina (criador do festival) sempre optou por ela, porque é uma orquestra que representa o Brasil, é tradicional”, diz Viegas.
Não será a primeira vez que Silvio Viegas rege a OSB. "Já a regi várias vezes e, inclusive, em 2001, ano em que a Orquestra estreou no Rock in Rio, ganhei o primeiro lugar no Concurso Nacional Jovens Regentes, organizado pela OSB”, conta o artista, que terá a presença de vários amigos na plateia e da mulher, a apresentadora Daniela Christoffer, nos bastidores. A abertura também contará com os gaúchos do grupo vocal Voice In.
Ao longo da semana, Silvio Viegas comanda as atividades da Sinfônica de Minas Gerais, que assumiu em 2017. “A cultura vem atravessando uma fase muito delicada, não só no estado, mas em todo o Brasil. Mesmo diante das dificuldades, a Sinfônica de Minas Gerais demonstra profissionalismo e qualidade. Não só o corpo artístico, mas também a administração e a direção”, opina.
Para este ano ainda estão programadas a remontagem da ópera La Traviata, em outubro, uma edição especial do projeto Sinfônica Pop, em novembro, e a repetição do concerto com trilhas de cinema. “Foi um sucesso o que fizemos em setembro. O público gostou tanto que vamos fazer de novo”, avisa. Em dezembro, haverá uma apresentação só com composições francesas, incluindo o Bolero, de Ravel, além do concerto de encerramento com a Happy Feet Jazz Band.
Apesar de o piano ter sido sua primeira escolha musical, Silvio Viegas diz que sempre quis ser maestro. “A questão da sonoridade, de construir um som sempre me encantou. Além desse aspecto, o repertório orquestral também me fascina. Liderar seres humanos é uma experiência única. Você tem que saber a temperatura certa para aplicar em cada momento – qual a hora de puxar a orelha, a hora de incentivar, de elogiar, de cobrar. É um aprendizado diário. Trabalhar como maestro é um reflexo um pouco de como é a vida”, analisa.
Em maio passado, Silvio Viegas completou 50 anos de idade e 25 de carreira. O convite para a abertura do Rock in Rio foi recebido como a cereja do bolo deste ano. “Metade da minha vida foi dedicada à regência profissional. E tudo é muito gratificante. Estou me sentindo muito bem de saúde, correndo minhas meias maratonas e me dedicando ao que mais gosto. A música tem um poder grande na vida das pessoas. Ela tem a capacidade de alterar a vida de um ser humano, mesmo que momentaneamente. É uma ferramenta poderosa na nossa mão e por isso a gente precisa usar com sabedoria para entregar sempre o melhor para o público. Musica é vida, é tudo.”
A atração principal do Palco Mundo na abertura do Rock in Rio na sexta (27) é o rapper canadense Drake, que faz a última apresentação da noite. Na semana passada, uma onda de boatos nas redes sociais apontava o cancelamento da apresentação de Drake. A versão de que Drake não faria show no Brasil começou a ganhar corpo porque a data não estava visível na agenda do músico em sua página na internet.
A assessoria de imprensa do festival, no entanto, informou que o show estava confirmado e disse que a agenda do cantor não era atualizada havia meses e portanto sua participação no Rock in Rio nem chegou a ser inserida na lista de shows previstos para o mês de setembro. Ainda se apresentam no Palco Mundo na sexta as cantoras Ellie Goulding e Bebe Rehxa e o DJ brasileiro Alok.
Muitas bandas escaladas para o Rock in Rio 2019 não vão se restringir ao Rio de Janeiro. Bon Jovi, Scorpions, Whitesnake e várias outras atrações do festival estarão em outras cidades brasileiras nos próximos dias, incluindo Belo Horizonte, onde o Whitesnake faz show nesta quarta (25). Os grupos aproveitaram o convite do festival para esticar suas turnês pela América do Sul. Os giros incluem as cidades de São Paulo, Recife, Curitiba e Porto Alegre. (Estadão Conteúdo)
De sexta (27) a domingo (29) e de 3/10 a 6/10, no Parque Olímpico do Rio de Janeiro. Programação completa disponível no site do festival. A abertura, nesta sexta (27), às 16h30, com a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) regida pelo maestro mineiro Silvio Viegas, terá transmissão pelo Multishow.